Seis oficiais do Exército são denunciados por corrupção
Militares são apontados como integrantes de esquema que beneficiaria empresa na realização de obras antes de conclusão do processo licitatório
O Ministério Público Militar denunciou seis oficiais do Exército, entre eles um ex-comandante do 4º Depósito de Suprimentos (DSup) e um subcomandante, ambos coronéis com mais de três décadas na corporação, por irregularidades no uso de verbas do depósito. Eles estariam envolvidos em um esquema que beneficiaria uma empresa na realização de obras antes de o processo licitatório ter sido concluído, sendo acusados de corrupção ativa e desobediência à lei de licitações. Apesar da tentativa do ex-comandante impetrar habeas corpus contra ato do encarregado do inquérito militar, em 2015, o Superior Tribunal Militar decidiu, por unanimidade, denegar a ordem por falta de amparo legal, o que permitiu a continuidade da investigação, resultando no oferecimento de denúncia este mês contra seis dos sete indiciados em inquérito policial militar.
As irregularidades no uso de verbas do DSup começaram a ser investigadas em março de 2015, após denúncias anônimas serem encaminhadas à corporação, mas o comandante da unidade continuou na função até novembro daquele ano. Hoje, pelo menos três dos seis oficiais denunciados pelo Ministério Público Militar continuam lotados em unidades de Juiz de Fora trabalhando no setor administrativo. Como as investigações ainda estão em curso, os nomes dos envolvidos não serão divulgados. Se forem condenados, os acusados poderão ser excluídos das Forças Armadas.
A Tribuna tentou falar com membros do Ministério Público Militar, mas a informação é que estão em período de recesso e que o órgão está funcionando somente em esquema de plantão para casos urgentes. O Exército também foi procurado na tarde de quarta-feira e na manhã de quinta já que alguns setores estão funcionando em período de meio expediente, mas o jornal não obteve retorno.
Outros desvios
Não é a primeira vez que desvios de conduta ocorrem na unidade. Recentemente, dois militares de carreira que atuaram no 4º Depósito de Suprimentos foram condenados por desvio de toneladas de produtos em 2005, ao lado de cinco soldados e cabos que foram desligados do Exército ainda durante a fase do inquérito. Outros cinco praças envolveram-se no desvio e venda de centenas de armas que deveriam ter sido destruídas em 2014. O armamento foi negociado com terceiros, incluindo traficantes, um dos maiores escândalos ocorridos na cidade e que foi revelado com exclusividade pela Tribuna.