Futuro desanimador


Por Celso Pereira Lara, funcionário público aposentado

08/12/2017 às 07h00- Atualizada 08/12/2017 às 08h05

A esperança do povo é solucionar a crise que se multiplica assustadoramente. A situação nunca esteve tão abaixo do nível de tolerância na política, mas vale lembrar que nada é tão ruim que não possa piorar. Da mesma forma que os partidos políticos atuam somente para atingir prestígio, os movimentos de rua agem de acordo com os ganhos que podem ser auferidos ao convocar a população. Afinal, o momento eleitoral já se aproxima!
Há bastante gente revoltada com todo esse clima de corrupção no país, entretanto, quando ocorre convocação para ocupar as ruas, muitas dessas pessoas preferem permanecer em casa, no conforto do sofá, e depois ficar dizendo que a manifestação foi um fracasso. Isso é fato. Enquanto a população brasileira não tiver a consciência de que tem em suas mãos uma poderosa ferramenta para exigir afastamento de políticos, nada vai mudar nesse cenário degradante que envolve a política brasileira. Se assistimos a tudo, passivamente, então, no fundo, temos uma parcela de culpa e somos coniventes com as baixarias políticas, uma vez que ficar apenas indignado, colocando a culpa nos outros, não vai trazer resultados.

Os movimentos de rua servem para convocar e conduzir a população nas manifestações de protesto, quando algum fato oferece perigo à democracia ou mesmo ao estado democrático de direito, todavia eles agem conforme suas pretensões, o que dificulta uma organização mais bem elaborada. Faz lembrar os partidos que compõem a base governista, que aprovam projetos de acordo com os seus interesses, e não com os do Governo. Até poderia ser impossível, mas uma proposta de unificação dos movimentos pela salvação do Brasil – deixando, cada um, o orgulho de lado – poderia ser a melhor das opções, para que uma perfeita convocação colocasse o povo em grande massa ocupando as ruas. Não custa sonhar!

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Perder a esperança, jamais! Não devemos morrer enquanto vivos, tampouco nos deixar levar por um pessimismo que nos acovarda. A meta é extirpar todo esse mal que está destruindo o país, muito rapidamente, mesmo cientes de que separadamente somos impotentes. Todavia lutar para conseguir a união dos brasileiros é um processo lento, que de repente pode acontecer, surpreendendo a todos. Verifica-se a cada semana um desagrado ao povo, e isso contribui para engrossar a próxima manifestação. O caso recente da Alerj, ao revogar prisões de deputados, trouxe muita indignação à população brasileira, enquanto José Dirceu, condenado até a alma e monitorado por tornozeleira eletrônica desde maio, foi filmado dançando espetaculosamente com sua esposa em uma festa em Brasília. É uma afronta o que ocorre entre os poderes, numa visível falta de sintonia. São fatos escarnecedores e que levam o povo a se rebelar, mesmo que seja no ambiente confortável do seu lar.

No Brasil, ocorreram as maiores manifestações já realizadas no mundo, contudo os resultados foram medíocres, até porque elas sempre acontecem aos domingos, e nesse contexto tudo se torna desanimador. Por outro lado, muitos pensam que votando nulo ou branco vão provar a indignação contra os políticos. Nulo ou branco, embora sendo voto de revolta, mais revoltados os eleitores vão ficar após os resultados da eleição. Serão eleitos justamente aqueles candidatos mais corruptos, porque eles têm a seu favor os votos comprados, caixa dois e urnas eletrônicas fraudáveis! E, depois, orgulhosos, esses eleitores vão estufar o peito dizendo que não votaram em ninguém… Mas ajudaram a eleger corruptos.

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