Gestação acrobática no espetáculo ‘268 dias’

Grupo Amplitud, comandado por Deborah Lisboa, grávida de 9 meses, retrata relação entre mulher e gestação


Por Gláucia Simas, estagiária, sob supervisão do editor Wendell Guiducci

19/10/2017 às 14h00- Atualizada 20/10/2017 às 11h34

Quantas vidas cabem em “268 dias”? Quantas obras nascem em “268 dias”? Às perguntas responde o primeiro espetáculo do Grupo de Pesquisa e Criação Amplitud, cujo título “268 dias” parte do período gestacional compreendido de maneira estendida, da biologia às artes. Apresentada na sede da companhia (Rua São Mateus 534), nesta sexta-feira (20), em duas sessões, às 20h e às 21h20, a montagem discute técnicas tradicionais, do circo e da dança, sugerindo novos lugares para os movimentos.

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Lançando mão de acrobacias de solo, do tecido gota (o tecido que pende com as duas pontas presas ao teto), trapézio e equilíbrio no tambor, “268 dias” investiga o processo particular de uma integrante e, também, do trabalho que iniciou junto dos companheiros de pesquisa. Grávida de nove meses, a professora e artista Deborah Lisboa diz não trabalhar como normalmente fazia. Descobriu novas funções e novos papéis para os materiais e gestos que utilizava.

“O processo do espetáculo começou pouco antes de descobrir a gravidez. Isso influenciou muito minha pesquisa no grupo e virou tema”, conta. “Agora, a gravidez já me limita, mas minha presença em cena vai além da técnica tradicional. O tecido, geralmente usado para escalar, aqui tentamos transformá-los, utilizando de outras formas. Nossa proposta é desvendar e descobrir outras possibilidades naquele aparelho. Para mim, barriguda, foi uma forma de me descobrir num corpo diferente, com outras possibilidades.”

Segundo Deborah, gestação não representa apenas o nascimento de um bebê, mas, sobretudo, de um projeto, como o da própria companhia, cuja estreia se faz com o espetáculo cênico. ”Nós queremos mostrar a gestação de todos, do mundo, do que a gente quer e do que esperamos para a vida”, pontua ela, certa da importância de discutir o corpo em tempos onde o mesmo, quando no palco, torna-se, facilmente, alvo de polêmicas. “A princípio, não estávamos tão envolvidos nos acontecimentos atuais, mas é inerente se alimentar disso, tentando explorar a liberdade do corpo. Não estamos nus em cena, mas tentamos mostrar que a experiência da arte, do movimento, é livre. Podemos descobrir e transformar. Uma técnica, como um corpo, não precisa ser sempre da mesma forma.”

Dirigido por Gabriela Machado e produzido por Aline Henriques, o espetáculo é encenado pelas acrobatas Carol Tagliati, Letícia Machado, Sandra Zanella (repórter da Tribuna de Minas), Deborah Lisboa e sua pequena Sol Lisboa Pereira Araújo, ainda à espera de conhecer o mundo.

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‘268 dias’
Espetáculo do Grupo Amplitud. Nesta sexta-feira (20), às 20h e 21h20, no Espaço Amplitud (Rua São Mateus 534)

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