Dias de impasses

A instância política está sendo testada em várias frentes, desde a autoproteção, que os senadores tentam se impor, às questões de raça, gênero e credo que perpassam o debate, sobretudo nas redes sociais


Por Tribuna

18/10/2017 às 06h30

Independentemente do resultado da reunião, que entrou pela noite adentro, a discussão no Senado envolvendo a situação do senador Aécio Neves é apenas uma das pontas do cenário político que se desenvolve em Brasília e se espalha para as demais instâncias. No Congresso, há um claro sinal de corporativismo, pelo qual os políticos procuram se proteger ante denúncias que virão pela frente ou que estão em curso nos tribunais. Por isso, o senador mineiro foi apenas a referência, uma vez que o pano de fundo era a situação de cada senador.

No mesmo Congresso, está em curso uma segunda rodada de denúncias contra o presidente Michel Temer, na qual o relator, Bonifácio Andrada, vê forte viés político do Ministério Público e de outras instituições, que teriam, no seu entendimento, interesse em derrubar o presidente da República, sem aferir as consequências e sem provas cabais de sua culpa. Por isso, seu relatório, a ser votado em breve, pede o arquivamento da denúncia formulada pelo ex-procurador-geral Rodrigo Janot, mas encampada pela sua sucessora, Raquel Dodge.

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Em Juiz de Fora, a questão não chega a esse patamar, mas também há um claro tensionamento, não entre o Executivo e o Legislativo, mas entre os próprios vereadores. Nos últimos dois dias, ante um vídeo produzido pela UFJF, com a participação de uma drag queen, que teria interagido com crianças do Colégio João XXIII, a discussão saiu do tom. Vereadores contra e a favor do vídeo se revezaram na tribuna da Casa ante uma plateia que misturava sentimentos contra as moções de repúdio articuladas por alguns vereadores e a ação de um conselheiro tutelar, que, pelas redes sociais, teria agido sob o viés racista.

O impasse na moção pode se travar pelo enfrentamento de pontos de vista. Racismo, não. É crime e deve ser tratado como tal, uma vez que é inadmissível numa sociedade pós-moderna desconstruir o outro por conta de raça, credo ou cor.

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