Arranjos políticos

Lideranças peemedebistas esperam a posição do prefeito Bruno Siqueira, mas o partido deve, antes, pacificar o impasse entre seus principais dirigentes em Belo Horizonte


Por Tribuna

15/10/2017 às 07h00

 

O recente evento do PMDB em Juiz de Fora, com a presença de suas lideranças estaduais, seria apenas uma questão doméstica não fosse pelos detalhes. O partido, como os demais, está com o pé na estrada, articulando candidaturas para as eleições de 2018. Os nomes e os cargos estão no campo das especulações, mas a procura pelo voto já começou. Postulantes a cadeiras na Assembleia Legislativa e no Congresso, mesmo sem o aval das convenções, estão viajando pelo interior, pois os votos de seus domicílios eleitorais, pelo atual modelo, são insuficientes. Como não há o distrital, a jornada é dura e longa.

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Essa rotina se repete de quatro em quatro anos, mas o ponto central, sobretudo em Juiz de Fora, é saber qual será o papel da cidade na definição de candidatos. Desde Itamar Franco, que foi senador por três vezes, presidente da República e governador, Juiz de Fora clama por postos mais expressivos na estrutura de poder, sobretudo para garantir o papel de protagonista que a Zona da Mata não vê há anos. Ao contrário, a região é uma das mais pobres do estado e com repasses cada vez menores em comparação, especialmente, com o Triângulo Mineiro, o Sul de Minas e a Região Metropolitana.

A expressiva representação na Assembleia tem sido insuficiente para virar o jogo, sobretudo pelo modelo de ação adotado pelos parlamentares: cada qual com seu cada qual, sem formulação de projetos conjuntos ou de iniciativas de interesse coletivo. E não é por falta de demandas.
Por isso, entrou na agenda a discussão em torno do Senado com a inserção do nome do prefeito Bruno Siqueira na pauta. Se ele vai topar é outra história, mas fica claro que a própria instância política reconhece que o momento se apresenta oportuno, uma vez que estarão em jogo duas cadeiras no Senado, e é incerta a tentativa de reeleição dos atuais parlamentares – Aécio Neves e Zezé Perrella -, envolvidos em processos oriundos da Lava Jato.

Quando cumpria o seu segundo mandato de prefeito, em 1974, Itamar Franco esperou até o derradeiro minuto para se decidir. Saiu, enfrentou o arenista José Augusto e venceu. Bruno faria o mesmo, repetindo exatamente o político que tem como referência? Só o tempo dirá.

 

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