Encontro de MCs reúne nomes do hip-hop neste fim de semana

Festival terá música, graffiti, dança e outras atrações no Centro de Juiz de Fora


Por Júlio Black

05/10/2017 às 07h01- Atualizada 05/10/2017 às 08h23

Batalha de MCs é um dos principais eventos promovidos pelo coletivo que organiza o festival. (Foto: divulgação)

Evento que reúne o melhor que Juiz de Fora pode oferecer dentro do universo da rima e poesia, o Encontro de MCs comemora os seis anos de inúmeras atividades neste final de semana. De sexta-feira a domingo, a Praça da Estação, a CasAbsurda e a Praça Antônio Carlos serão o local para a turma do hip-hop, do rap, do graffiti, dança e outras paradas se reunir, fazer aquele intercâmbio entre culturas e lugares diferentes – até porque o festival tem seus ilustres convidados.

O Festival Encontro de MCs volta a ser realizado após um hiato forçado em 2016. Segundo um dos organizadores do evento, o MC e videomaker Pedro Oldi, o motivo foi a falta de apoio financeiro. “Este é um evento totalmente independente, em que precisamos de patrocínio e ajuda de amigos. Por isso guardamos o dinheiro obtido com as festas pagas para fazer este ano. É muito importante o apoio das pessoas, das marcas e empresas que queiram contribuir, e também de quem tenha interesse de participar da organização”, destaca. “É um evento sem fins lucrativos, o dinheiro que sobra guardamos para os eventos futuros.”

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Como o pior já passou, o momento é de arregaçar as mangas para colocar o festival na rua. Ele tem início nesta sexta (6), às 18h, na Praça da Estação, com entrada gratuita. Entre as atrações, está a Batalha de Beats, em que os beatmakers têm um minuto para apresentar sua produção instrumental, e a plateia e os jurados (Erik RK e Everton Beatmaker) votam para definir os melhores. “É uma atração que havia no início do festival, mas que volta agora porque temos muita gente produzindo”, explica Oldi.

Também estão programados o Slam do Encontro: apresentado por Chagas da Silva, um dos organizadores do Slam da Periferia, é uma “batalha de poesia” em que os competidores apresentam seus textos autorais para avaliação (“Teremos João Paiva, um poeta de Belo Horizonte que participou do Grand Slam em Paris, em 2015”); o Cypher de dança é um espaço livre para a galera dançar e mostrar seu talento, com discotecagem do DJ Anditaum (que também é o responsável pela trilha sonora por toda a noite); e uma feirinha com peças de vestuário, acessórios e gastronomia produzidos por artistas e quituteiros locais e independentes.

No sábado (7), a ação se concentra na CasAbsurda, a partir das 15h, com a entrada a R$ 10. Será a 21ª edição da Roda Absurda, com a Batalha de MCs (com inscrições livres) definindo alguns dos finalistas do domingo (8); DJ Everton Beatmaker colocando o som na Casa; e shows dos locais STR Gang, Urban MCs e Enigma Rap, além da apresentação do rapper Well, que vem de Belo Horizonte mostrar seu trabalho.

Domingo na praça

Cearense RAPadura Xique-Chico é um dos principais nomes do rap produzido no Nordeste. (Foto: divulgação)

Já o último dia do festival tem como local a Praça Antônio Carlos, com entrada franca. A principal atração musical do dia é o show do rapper RAPadura Xique-Chico, de Fortaleza. “Ele mistura o rap com sons nordestinos como o baião e xaxado, entre outros. É um dos principais nomes do crescimento do rap no Nordeste, que vem abrindo espaço nesse cenário e representa a quebra do protagonismo dos rappers que vêm do Rio de Janeiro e São Paulo”, elogia. O rapper tem no currículo musical os álbuns “Amor popular”, de 2008, e “Fita embolada do engenho – Rapadura na boca do povo”, de 2010.

Outras atrações musicais são o coletivo juiz-forano formado por RT Mallone, Thainá Kriya, Marte MC e o DJ Everton Beatmaker, que já abriu os shows na cidade de Criolo, Marcelo D2, 3030, Síntese e ConeCrew; o grupo SB7, também de Juiz de Fora; e o carioca Gabriel Xan, que já participou das Batalhas de MCs na cidade e agora apresenta seu show como artista solo. O DJ UMiranda, do SB7, vai ser o responsável pela discotecagem da tarde; já a DJ Amanda Messias – A Cósmica vai ser a responsável pelas batidas que marcam a disputa final da Batalha de MCs, com oito MCs de Juiz de Fora e outros oito de fora da cidade disputando o título.

O graffiti e a dança também marcam presença no último dia do Festival Encontro de MCs. “Vai rolar uma jam especial de Cypher de Dança comandada pelo pessoal do Remiwl Street Crew, com a galera podendo subir para a dança e mostrar sua habilidade”, adianta Oldi. “Vamos ter ainda a Batalha de Tag entre o pessoal do graffiti. Serão três fases eliminatórias, em que cada artista terá que fazer um graffiti em uma tela a partir de uma palavra escolhida pelos organizadores, com os jurados escolhendo a melhor.”

De acordo com Pedro Oldi, a cada fase, o nível de dificuldade aumenta, pois o tempo irá diminuir: na primeira eliminatória serão 30 segundos; depois, 25 segundos; e apenas 20 segundos na etapa final. O graffiti também terá espaço por meio de um dos artistas de maior destaque na cidade, Cadu Gloobmund, que vai mostrar seu trabalho ao vivo, criando suas obras também na tela. “Nossa ideia é juntar todos os elementos do hip-hop e da cultura urbana”, explica Oldi.

Dando voz ao artista

O festival, organizado pelo Coletivo Encontro de MCs, teve início a partir de uma roda de rima, a Roda de Sexta, criada em 2011 e que acontece até hoje. O coletivo também organiza outros eventos, como a Roda Absurda (quinzenalmente na CasAbsurda) e o Festival Absurdo, também na CasAbsurda, além de atividades de disseminação da cultura hip-hop em escolas e outros locais.

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“Considero o festival um dos eventos mais importantes do cenário hip-hop da cidade; é um catalisador em que surgem conexões entre os artistas daqui e de outras cidades. Somos um dentre os vários coletivos locais, muitos na atividade há mais tempo que a gente, a ajudar na cultura hip-hop. Não à toa dois dos nossos lemas são ‘a resistência pela resistência’ e ‘faça parte dessa história’. Surgiram vários MCs locais, poetas, nos últimos tempos. O pessoal da dança chegou, DJs, produtores, o graffiti também; é um cenário com todos os personagens participando, e queremos mostrar quem são as pessoas que fazem a arte na cidade.”

Festival Encontro de MCs
Sexta-feira (6), às 18h, na Praça da Estação
Sábado (7), às 13h, na CasAbsurda (Rua Barão de Santa Helena 703 – Granbery)
Domingo (8), às 13h, na Praça Antônio Carlos

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