Secretaria de Estado da Saúde apura desvio no uso de van

Diretoria do Tupi anunciou fim de parceria entre o clube e o Centro de Ação Social Sr. Joaninho


Por Daniela Arbex

27/09/2017 às 06h30- Atualizada 27/09/2017 às 12h23

A presidente do Tupi, Myrian Fortuna, desculpou-se publicamente pela utilização da van pelos jogadores. Veículo deveria ser destinado estritamente a transporte de pacientes do SUS (Foto: Felipe Couri)

A utilização pelo time do Tupi de uma van destinada a pacientes do SUS será investigada pela Secretaria de Estado da Saúde (SES). O órgão estadual vai apurar o desvio de finalidade do veículo doado para o Centro de Ação Social Sr. Joaninho em 2013. Na terça-feira, a Tribuna revelou, com exclusividade, que a entidade ligada ao ex-vereador João Evangelista de Almeida, o João do Joaninho, estava transportando jogadores do clube durante os treinos no Estádio Municipal Radialista Mário Helênio. Apesar de não ter recebido uma denúncia formal sobre o caso, a assessoria de imprensa da SES em Belo Horizonte informou, ontem, que, diante da reportagem publicada pelo jornal, a situação será apurada para a tomada das devidas providências.

Em entrevista à Tribuna, João do Joaninho informou ter feito uma parceria com o clube local para conseguir manter as atividades sociais da entidade que hoje é presidida pela sobrinha dele. Em troca do uso da van pelo time, o clube arcaria com as despesas de manutenção, combustível e do motorista do veículo. Pelo termo de doação, no entanto, o carro só poderia ser empregado para realização de ações ligadas ao SUS como o transporte de pessoas para realização de hemodiálise, por exemplo, quimioterapia, radioterapia, fisioterapia e outros.

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Nesta terça-feira (26), a presidente do Tupi, Myrian Fortuna, se desculpou publicamente pela utilização da van pelo time. Em coletiva para a imprensa, ela disse que o clube não teve intenção de prejudicar ninguém e garantiu que a “parceria” com o ex-vereador João Evangelista de Almeida foi interrompida.

“Quando nós procuramos todos os setores em Juiz de Fora para nos ajudar no transporte dos jogadores, porque estávamos indo com veículo próprio, ninguém ajudou. Quando foi chegando no meio da Série C, não possuíamos mais as permutas que tínhamos, como uma kombi e até uma empresa que tinha parceria com o Tupi. O João do Joaninho é sócio do Tupi e nosso amigo. Ele falou que tinha uma van e que fazia um tipo de atendimento no qual a van ficava disponível em algumas horas vagas. E foi feita uma parceria que era viável tanto para ele, quanto para nós. Como o estatuto dele prevê atendimento ao esporte, à cultura e à saúde, nós consultamos várias situações do estatuto dele e do nosso também, e vimos que não haveria como prejudicar nem um, nem outro nos horários que não haveria atendimento e que poderiam ser feitos alguns transportes para nós. Então foi feita a parceria”, afirmou.

A presidente acrescentou, ainda, não ter havido desvio de finalidade do veículo. “Não houve desvio em momento nenhum. As horas que ele ajudava nunca prejudicavam os horários disponíveis para ajudar as pessoas (em tratamento de saúde). Por fim, ele mesmo estava tendo dificuldades para manter a van para atender as famílias. A gente colocava o dinheiro na van, e ele conseguia atender alguns. Uma parceria sem prejuízo a ninguém. E o problema do SUS não é ele que vai resolver. É do país. Quem ele podia ajudar, a gente via que estava conseguindo. Quero pedir desculpas se alguém ficou prejudicado em relação ao Tupi. Se ficou, peço mil desculpas. Não vamos prejudicar mais.”

Pelo documento assinado pela entidade com o Governo estadual, a não utilização do bem para os fins previstos ou o descumprimento das obrigações pactuadas importará em reversão do veículo para o Estado de Minas Gerais. Significa que a van, que custou R$ 90.500 aos cofres públicos na época da doação, poderá ser exigida de volta.

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