Cresce o balcão

Principais legendas se recusam a criar uma cláusula que leve à redução dos partidos, por ver neles um fator de manobra para os seus próprios interesses


Por Tribuna

05/09/2017 às 07h57- Atualizada 05/09/2017 às 14h42

Se a cláusula de barreira não for aprovada pela Câmara dos Deputados, o que já era um problema ficará mais grave ainda, pois o país pode inaugurar uma era com 67 partidos. Se com 35 não há espaço ideológico que suporte, como ficará com esse número praticamente dobrado? Tudo isso é fruto de um jogo de interesse que vai além das reais propostas de representação popular. São demandas fechadas que se veem no direito de criar um partido político. Mesmo diante de tão perversa realidade, alguns partidos se recusam a mudar as regras e criar mecanismos para bloquear esse balcão.

A reforma política não sai do papel por conta desse excessivo número de legendas. Para impedir a sua extinção, fazem o jogo da chantagem, ameaçando o Governo e demais aliados, num típico processo de toma lá, dá cá. Se com 35 partidos é esse o jogo, o que esperar de 67? Com prazos cada vez mais curtos, a Câmara dos Deputados não consegue formar um mínimo consenso, aguçado pela inépcia do Governo federal, que não usa o seu poder de agenda para acelerar as mudanças.

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Por conta de demandas próprias, como livrar o presidente das “flechas” do procurador-geral Rodrigo Janot, o Planalto se recusa a entrar nessa bola dividida, pois é exatamente nessas pequenas legendas que está a sua força para barrar as ações da PGR. Mas há preço para isso. Os líderes dos nanicos não medem esforço para cobrar sua cota no poder, o que implica, necessariamente, cargos em todos os escalões.
Se o número de partidos dobrar, o balcão também cresce, tornando o Parlamento uma verdadeira feira, na qual leva quem fizer a melhor proposta.

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