Propina e deboche

Imagens mostram que investigações não são o suficiente para deter o uso indevido do dinheiro público; a sociedade também tem que participa


Por Tribuna

31/08/2017 às 06h00

As imagens em que atores políticos e de outras instâncias recebem dinheiro de um emissário do ex-governador do Mato Grosso Silval Barbosa, após recurso de delação premiada, são chocantes, embora não sejam inéditas. Mesmo diante de tantas investigações pelo país afora, ainda há personagens que se sentem protegidos pelas sombras e continuam atuando em causa própria. Uns chegam a reclamar do valor, outros, por não estarem no pacote numa demanda suprapartidária. A Ordem dos Advogados do Brasil, por meio de sua seccional mato-grossense, ingressou com pedido de ampla apuração dos fatos, pois eles soam, além disso, como um deboche.

A OAB tem razão. Tais personagens não medem consequências e agem sem complexo de culpa, por considerarem que o dinheiro, em sendo público, é de ninguém. E aí que começa o erro: o dinheiro tem dono, pois é ele que falta para a construção de unidades de saúde, hospitais, escolas e espaços de segurança. O rombo que tais ações provocam é imensurável, sobretudo por não ser localizado numa só região.

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Desde os anões do orçamento, nos distantes anos 1980, passando pelo mensalão e chegando à Lava Jato, está provado que o uso indevido do dinheiro público é uma rotina. Mais do que isso, prova que tais operações serão insuficientes para coibir a prática. O controle pela sociedade é a forma mais adequada, sobretudo quando ela, agora, está provida das redes sociais. Não basta, pois, indignar-se, pois esses personagens estão pouco se lixando para o sentimento popular. É necessário denunciar aos organismos próprios para que façam as investigações.

O caminho adequado, sobretudo quando se trata de urnas, é eleger candidatos claramente engajados na probidade administrativa. A despeito de tantas mazelas, há pessoas sérias na política, e estas devem ser contempladas pelo voto. O eleitor que vai às urnas na busca de algum tipo de vantagem, sem avaliar o perfil dos candidatos, contribuiu para esse cenário. Os que avaliam, discutem e buscam a melhor opção para o país são os que devem fazer essa mudança.

 

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