Ocupação de praças abre oportunidades de negócios

Eventos garantem lazer gratuito à população e renda a pequenos produtores e artesãos locais; neste sábado, há feiras no Parque Halfeld


Por Gracielle Nocelli

04/08/2017 às 15h56

Edição de maio do Mercado Aberto no Parque Halfeld (Foto: Marcelo Ribeiro)

A ocupação planejada dos espaços públicos de Juiz de Fora tem trazido oportunidades para a interação social e o desenvolvimento econômico da cidade. Com a realização de feiras e pequenos eventos, alguns locais passaram a oferecer lazer gratuito à população e chances aos pequenos produtores de fazerem negócio. Neste sábado, o Parque Halfeld recebe a 13ª edição do Mercado Aberto, uma feira ao ar livre que irá reunir 55 expositores dos segmentos de moda, artesanato, decoração e gastronomia. A expectativa é que, ao longo do dia, cerca de cinco mil pessoas passem pelo local. De acordo com a organização, o evento deve movimentar R$ 90 mil em negócios.

A edição do Mercado Aberto integra o evento Câmara na Praça, iniciativa que visa a ocupar as escadarias do Palácio Barbosa Lima e seu entorno com atividades culturais. Na programação ainda estão agendadas uma feira de adoção de animais resgatados pelo Canil Municipal, shows com Alessandra Crispim e Sambalelê, além de orientações à população. “Será um evento para família juiz-forana, com gastronomia e boa música, além de ser uma ação de utilidade pública por disponibilizar os serviços que a Câmara oferece”, explica o presidente da Casa, o vereador Rodrigo Mattos (PSDB). O evento começa a partir das 10h e tem participação gratuita.

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Para os pequenos produtores, a iniciativa também é positiva. “Possibilita a inserção em uma nova forma de comércio, com um público bem específico, que valoriza e consome os produtos. Também estimula os produtores a se profissionalizarem mais, visto que eles entram em contato direto com os consumidores e também com outras marcas”, analisa Diego Casanovas, um dos idealizadores do Mercado Aberto.

O evento teve início em 2014 com a proposta de fomentar as vendas do artesanato local a partir de uma ocupação planejada de áreas públicas. “Muitas marcas de produção artesanal não eram absorvidas pelo comércio formal e vendiam apenas pela internet. Havia muitos locais ociosos, que poderiam ser ocupados com algum evento cultural. Juntamos amigos que eram artesãos de áreas variadas, estudamos o lugar que mais se enquadrava no que precisávamos e realizamos a primeira edição, com a participação de 24 marcas apenas.”

Diego conta que a receptividade do público e dos expositores sempre foi positiva. “Isso nos motivou a continuar com o evento e melhorar nossa estrutura física, atrações e atrair um maior número de participantes. O público se tornou cativo.” Ele destaca que outras iniciativas com foco semelhante ao do Mercado Aberto surgiram na cidade abrindo espaço aos pequenos produtores.

 

Detalhe de artesanato vendido da Praça Cultural na Praça da Estação (Foto: Fernando Priamo)

 

Oportunidade de prospecção e fidelização

Ana Cláudia Gomes, doceira e proprietária da marca Cucca, participa desde o primeiro evento. Segundo ela, a cada edição há oportunidade de prospecção e fidelização dos consumidores. “A participação abriu minha carta de clientes, muitos me conheceram pelo Mercado Aberto”, diz. Ana Cláudia diz que a proposta da marca é aliar gastronomia e memória afetiva. “Produzo doces tradicionais que lembram aqueles que a gente comia na infância feitos pela vovó.” Na lista estão o bolo gelado de coco, amor em pedaços, quindim, além dos tradicionais brigadeiro, beijinho e cajuzinho.

O posicionamento no mercado não é tarefa fácil para artesãos e pequenos produtores. “Criei a marca em 2010, quando trabalhava como professora. Fazia os produtos nas horas livres, quase sempre madrugadas. Em 2013, comecei a me dedicar de forma exclusiva. A participação em feiras e eventos ajudou a consolidação. Além do Mercado Aberto, há outras iniciativas das quais também participo. Sinto que as pessoas estão mais envolvidas e abertas ao trabalho dos pequenos produtores, mas ainda assim não é fácil.”

Raquel Salgado, proprietária da marca Madama Salga, concorda que tem ocorrido um movimento de fomento às atividades de artesãos e pequenos produtores. “É uma situação mais recente, mas ainda sinto que falta valorização por parte dos juiz-foranos com a produção local.” Há quase dois anos, ela e a mãe, Telma Bonfante, começaram a confeccionar artigos decorativos com personagens famosos. “É o que traz uma renda extra para nossa família. Participar de feiras é uma oportunidade de incrementar as vendas.” Apesar de manter produtos para pronta entrega, a maior parte da produção é feita por encomenda.

 

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Edição de junho da Praça Cultural no Parque Halfeld (Foto: Marcelo Ribeiro)

 

Praça Cultural movimenta, em média, R$ 20 mil

O projeto Praça Cultural, idealizado pela Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), também tem incentivado o uso dos espaços públicos para eventos abertos à população e que também fomentam a economia local. Já foram realizadas edições nas praças da Estação e Três Poderes, no Largo do Riachuelo, com a participação de artesãos, cervejeiros, food truck e atrações musicais. O evento atrai, em média, três mil pessoas e movimenta cerca de R$ 20 mil.
“O objetivo do projeto é melhorar a ocupação das praças e proporcionar à população lazer e entretenimento gratuito”, afirmou Diego Farnezi, um dos organizadores. Para o secretário de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo da PJF, João de Matos, a iniciativa é uma forma de desenvolver identidade para Juiz de Fora por meio do artesanato.

Outras iniciativas
A Praça Jarbas de Lery Santos, no São Mateus, tornou-se espaço tradicional para a realização da feira de artesanato feita semanalmente pela Associação de Artesãos do bairro. Cerca de 40 artesãs participam da realização. Neste sábado, o local irá sediar uma festa junina com apoio da entidade. Serão montadas barraquinhas de comidas típicas, além de estandes para a customização de roupas caipiras. A participação é gratuita, e a renda arrecadada com as vendas será revertida para Casa São Camilo Guedes, entidade filantrópica.

Também neste sábado, o Parque Halfeld receberá uma roda de mulheres para falar sobre amamentação. O evento “A Hora do Mamaço” é promovido pela Aliança de Mulheres pela Maternidade Ativa (Amma), em pareceria com Banco de Leite Humano. Na ocasião será discutida a importância, os prazeres e e as dificuldades na hora de amamentar.

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