Bonecos revivem História no Festival de Música Antiga


Por Tribuna

28/07/2017 às 06h00- Atualizada 28/07/2017 às 07h56

Com 12 marionetes em cena, “O organista” brinca com músicas que vão do clássico ao barroco (Foto: Arita/Divulgação)

Aleijadinho, Dona Beja, Xica da Silva e Alphonsus de Guimaraens se encontram no palco do Cine-Theatro Central,

transformado assim em caminhos históricos da Minas barroca – cenário de “O organista”, espetáculo do Teatro Navegante de Marionetes que integra a programação

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do 28º Festival Internacional de Música Colonial Brasileira e Música Antiga. A apresentação acontece nesta sexta-feira, 28, e é um diferencial desta edição na história do festival. Destinado a públicos de todas as idades, “O organista” conta com 12 marionetes em cena.

De acordo com o ator, diretor e marionetista Catin Nardi, que já produziu para a abertura da novela “As filhas da mãe” e para a minissérie “Hoje é dia de Maria”, o espetáculo foi idealizado com o objetivo de ser didático, humorístico, de fácil entendimento e fundamentalmente teatral. O roteiro fala de tradição, através da história de uma família e seu amor pela música, passado de geração em geração, que a leva a uma jornada em busca de uma peça do órgão musical da Igreja da Sé de Mariana, supostamente perdida nos caminhos da Estrada Real. “Desta busca depende a inauguração do instrumento e a manutenção de uma tradição”, revela Nardi, argentino radicado no Brasil desde 1990.

Além dos cenários do passado barroco, a trama focaliza também passagens da vida de personagens históricos de Minas Gerais, como Aleijadinho, em Ouro Preto; Dona Beja, em Araxá; Xica da Silva, em Diamantina; e Alphonsus de Guimaraens, em Mariana. Segundo o diretor do Teatro Navegante de Marionetes, apresentar “O organista” em um festival de música de época como o de Juiz de Fora será uma boa experiência para a própria companhia e para o público especializado do evento: “Vamos brincar com músicas que vão do clássico ao barroco, do contemporâneo ao mais primário. Esperamos compartilhar um momento teatral e musical bem diferente”, diz.

Segundo Nardi, o Navegante está habituado a plateias grandes como a que encontrará no Central. “Já tivemos a oportunidade de apresentar para públicos de mais de 1.500 espectadores. Com uma boa iluminação e um bom trabalho de interpretação, tudo é possível”, acredita Nardi. Normalmente, porém, a plateia de teatros grandes é limitada, e os espectadores são convidados a se aproximarem do palco e ficar de frente para os bonecos.

Essência e contenção

Como explica o diretor, no teatro de marionetes “tudo deve ser reduzido à essência, tanto na interpretação quanto na cenografia e na iluminação”. Essa é regra no trabalho com bonecos, sobretudo com marionetes e seus atores-manipuladores. “É fundamental uma interpretação objetiva, lembrando sempre que estamos falando de personagens que estão sendo interpretadas com uma necessária contenção, pois o ator-manipulador não pode invadir a cena nem demandar do espectador a atenção na cena que a marionete está realizando. O ator interpreta; o ator manipulador de marionetes interpreta, dribla cenários, pega objetos e bonecos e os troca com os outros manipuladores. Ou seja, é uma aventura que só quem está dentro dela sabe como funciona. O espectador só desfruta do resultado.”

O Teatro Navegante De Marionetes realiza, desde 1994, pesquisas, criação e produção de marionetes de fios, oficinas, montagens teatrais, publicidade, intervenções e produções televisivas com bonecos. Seu diretor, o marionetista Catin Nardi, dedica-se integralmente a essa arte desde 1981. Apresenta e ministra oficinas em festivais, teatros, circuitos culturais e TV. Apresenta-se também em seu próprio teatro na cidade histórica de Ouro Preto – Minas Gerais. No local, teatro de marionetes, exposição permanente do acervo próprio e a oficina de criação e construção de bonecos estão abertos à visitação diária.

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• O Organista – Teatro Navegante de Marionetes
Nesta sexta-feira (28), às 20h, no Cine-Theatro Central

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