Imóvel pronto ou na planta exige atenção

Diferenças entre edificações novas e antigas, orçamento e perfil do consumidor devem ser considerados no processo de escolha


Por Gracielle Nocelli

27/07/2017 às 06h00

Na hora de comprar a casa própria é comum que várias dúvidas apareçam. Diante de um mercado com ofertas diversificadas, uma das primeiras dificuldades é decidir pela compra de imóveis na planta ou prontos, sendo que a segunda categoria reserva diferenças entre as unidades mais novas e aquelas construídas há mais tempo.

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Via de regra, as residências mais antigas podem ter custo mais baixo e oferecer espaços maiores, enquanto edificações mais recentes apresentam áreas mais enxutas, instalações modernas e preço mais elevado. Para escolher a melhor opção, especialistas orientam o consumidor a avaliar o seu perfil, para que a compra seja compatível com o orçamento e o estilo de vida. Para isso, é importante, também, observar diferentes aspectos sobre cada tipo de imóvel.

Ao tratar dos imóveis prontos, um dos primeiros entendimentos necessários é o conceito de “novo”. O professor do curso de Arquitetura do Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora (CES-JF) PC Lourenço explica que são consideradas edificações recentes aquelas que datam dos últimos 20 anos. “Estas construções apresentam unidades mais enxutas, mesmo quando falamos de apartamentos maiores, que seriam aqueles com quatro dormitórios.”

Entre as características desses imóveis está o conceito de integração dos espaços. “Nos imóveis mais antigos, nós temos áreas compartimentadas como, por exemplo, uma sala de estar e uma sala de jantar fechadas com portas e paredes. A maneira de compensar a redução dos espaços nas edificações mais novas foi integrar esses ambientes, sendo assim, a pessoa tem a sala onde assiste a TV e almoça ao mesmo tempo.”

Especialista em conforto e edificações sustentáveis, a arquiteta Rafaela Felício explica que a diferença entre os projetos de imóveis antigos e recentes se deu conforme a evolução da urbanização e do comportamento da sociedade. “Houve a necessidade das construtoras de criar edifícios com maior número de unidades e áreas menores. A própria evolução social também permitiu isso, pois as famílias reduziram de tamanho, e os filhos saem de casa mais cedo. Antes, as salas e cozinhas eram maiores por serem os locais onde todos se reuniam”, analisa. “A tecnologia também contribuiu para integrar esses espaços. Nós temos hoje aparelhos que dissipam o cheiro da comida mais rápido, por exemplo.”

Além do espaço físico, há diferenças com relação aos aspectos técnicos. “Apartamentos mais novos costumam trazer instalações para ar-condicionado, tomadas adaptadas, conforto acústico maior, medição de água individualizada”, enumera PC Lourenço. “Essas mudanças foram impulsionadas ao longo do tempo pelos arquitetos e, também, por demandas da própria sociedade.” Rafaela destaca, ainda, que os imóveis mais antigos, por sua vez, podem “apresentar acabamentos e revestimentos mais nobres.”

Perfil e orçamento devem ser considerados

Na análise do setor imobiliário, é importante que o consumidor considere o próprio perfil na hora da compra. Para quem vai morar sozinho ou tem uma família menor, imóveis novos podem ser uma boa opção. Os preços costumam ser mais altos, mas a tendência é que eles se valorizem com o tempo. Aqueles que pretendem comprar para se mudar depois podem optar pela unidade ainda na planta, que reserva mais facilidade nas condições de pagamento. Já os imóveis mais antigos atendem o público que busca por espaços maiores e preços mais atrativos.

A orientação do presidente da Associação Juiz-forana de Administradores de Imóveis (Ajadi) e proprietário da Sênior Imobiliária, Antônio Dias, é que o consumidor esteja atento se o imóvel atende ao que ele deseja. “Isso é válido tanto para a locação quanto para compra.” No blog da imobiliária são dadas orientações para a realização de uma aquisição mais segura e tranquila (ver quadro). Questões como espaço, localização, infraestrutura e preço da residência devem ser analisadas.

O vice-presidente da Ajadi e diretor da imobiliária Souza Gomes, Diogo Souza Gomes, explica a realidade do mercado imobiliário. “Imóveis mais novos tendem a uma maior valorização, enquanto os mais antigos possuem preços mais atrativos”, diz. “As principais diferenças estruturais nestes tipos de moradia são a presença de cômodos mais amplos e pé direito mais alto, verificados nas edificações mais antigas, e o maior número de vagas de garagem nas construções mais novas.” Sobre os imóveis na planta, ele ressalta as facilidades para fazer negócio. “Na maioria das vezes, o preço é ainda mais atrativo por não estar pronto, e a forma de pagamento costuma viabilizar o negócio por sem bem flexível.”

A diferença dos preços é motivada por alguns fatores, conforme explica o sócio-proprietário da Acessa Imóveis, Cristiano Fonseca. “Os imóveis mais novos têm valor do metro quadrado mais caro, pois estão com preços atualizados dos materiais e mãos de obra. Já os antigos são mais baratos por apresentarem uma depreciação do tempo.” Segundo ele, os juiz-foranos têm considerado os valores na hora de escolher a moradia. “Nas compras de até R$ 180 mil, os imóveis na planta são os mais procurados por se enquadrarem no programa de financiamento Minha Casa, Minha Vida. A partir de R$ 200 mil, a preferência é pelos usados.”

Exceções

Diogo destaca que as regras encontram exceções, por isso, o consumidor deve sempre pesquisar. “Em Juiz de Fora, temos o Raya Evidence, por exemplo, que foi lançado este mês no Bairro Bom Pastor, que, apesar de ser um imóvel pronto, novo, possui espaço amplo e confortável. São apartamentos de dois quartos com 104 metros quadrados, quando este tipo de unidade costuma ter até 70. Apesar do tamanho maior, o imóvel também possui área social integrada.”

O empreendimento, segundo ele, também é exceção quanto ao aspecto financeiro. “Em lançamentos, o consumidor descapitaliza para pagar o sinal e várias parcelas sem ter o imóvel. No caso do Raya, a pessoa teve seu dinheiro rendendo em bancos ou aplicações nos últimos dois anos e agora pode pagar o sinal à vista e financiar parte como imóvel novo ainda.”

Imóvel na planta permite personalização

Comprar um imóvel na planta pode ser um bom negócio para quem não tem pressa para se mudar. Além de preços mais baratos e condições facilitadas de pagamento, este tipo de residência permite ao futuro morador possibilidades de personalização. É possível negociar com a construtora mudanças no acabamento, uma vez que o projeto não está finalizado.

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A estrutura destes imóveis entra na condição das edificações recentes e, por isso, apresentam instalações mais modernas. Os materiais utilizados na construção também são mais novos e atualizados. O espaço varia de acordo com cada projeto, mas, em geral, é menor do que os imóveis mais antigos. Alguns condomínios oferecem áreas coletivas com estrutura de lazer composta por quadras, salões de festa, piscina e até academias de ginástica.

O consumidor deve ficar atento a algumas questões. “Como pontos negativos desse tipo de empreendimento estão o prazo da entrega, pois o consumidor não pode-se mudar imediatamente, e o custo com mobiliário. Normalmente, comprando um imóvel usado, ele já está equipado com o básico”, compara o vice-presidente da Ajadi, Diogo Souza Gomes.

No caso dos locais com área de lazer, é importante verificar o preço dos condomínios, que pode ser impactado por conta desta estrutura. Além disso, o consumidor deve se precaver sobre a possibilidade de atraso da construtora. É importante pesquisar sobre a empresa antes de fechar o negócio. “O interessado deve visitar outras obras para conhecer o acabamento e a qualidade da construção, além de pesquisar se houve problemas com a entrega das chaves de outros empreendimentos.”

Imóveis prontos exigem atenção à conservação

Na avaliação do vice-presidente da Ajadi, Diogo Souza Gomes, a principal vantagem do imóvel pronto é poder mudar logo após a compra. “Além disso, se for uma edificação mais antiga, já terá acessórios em que o consumidor não vai precisar investir, como armários planejados, blindex, cortinas e luminárias. Se comparados com imóveis na planta, o usado, normalmente, tem um valor superior, e a forma de pagamento é mais imediata.” Segundo ele, a desvantagem desse tipo de imóvel é a desatualização de pisos, azulejos de banheiros e outros materiais. “Se o consumidor fizer questão de um acabamento mais moderno, vai precisar investir em uma reforma.”

A arquiteta especialista em conforto e edificações sustentáveis Rafaela Felício alerta sobre outros aspectos que devem ser observados no processo de escolha.”É importante verificar a conservação de pisos, portas, janelas e pintura. A orientação solar também é importante e costuma ser pior nos imóveis mais novos, por serem menores. Já as residências mais antigas podem apresentar problemas nas redes hidráulica e elétrica. Também é importante analisar a qualidade das madeiras de imóveis embutidos para ver se não há presença de cupins.”

 

 

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