Manifestantes ateiam fogo em galhos e fecham via entre Cidade Alta e Zona Norte

Protesto aconteceu após PJF remover demarcações de invasão no Parque das Águas. Uma pessoa foi detida pela Polícia Militar


Por Sandra Zanella

26/07/2017 às 12h33- Atualizada 26/07/2017 às 16h26

Foto: Leonardo Costa

Cerca de 50 moradores do Parque das Águas, na região do Monte Castelo, fecharam em protesto a Rua Agulhas Negras na manhã desta quarta-feira (26), interditando a via que liga a Cidade Alta à Zona Norte de Juiz de Fora. A manifestação foi contra a retirada de mourões e cercas de uma área de invasão do loteamento, realizada pela Prefeitura com apoio da Polícia Militar. Os manifestantes colocaram fogo em galhos para impedir a passagem no trecho entre o Nova Germânia e o Parque das Águas e também provocaram chamas em áreas de pasto próximas, ocasionando uma grande nuvem de fumaça. A PM informou que foi atacada com pedras durante a tentativa de negociação para desobstrução da via e revidou com tiros de munição não letal. Os moradores também afirmam que foram lançadas bombas de efeito moral.

O Corpo de Bombeiros foi acionado para controlar os focos de incêndio. A ação mobilizou dezenas de policiais militares e guardas municipais em várias viaturas. Uma pessoa foi presa por desacato e por incitar a população a provocar tumulto, sendo algemada e colocada no camburão para ser levada à delegacia. Não houve registro oficial de feridos, mas os envolvidos no protesto disseram que algumas crianças caíram e se machucaram quando corriam dos tiros. No fim da manhã, a pista foi liberada.

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“Tivemos a informação de que tinham invadido parte do Parque das Águas. A Prefeitura veio pela manhã e fez a desocupação, removendo os mourões e a cerca. Logo depois fomos chamados porque tinham obstruído a via. Mas os órgãos de segurança não foram avisados (previamente) sobre a manifestação. Montamos uma célula para negociar a desobstrução da via e saber quais eram as reivindicações, mas começaram a arremessar pedras na nossa direção, e tivemos que fazer uso de força moderada”, informou um dos militares à frente da ação, tenente Gabriel Felipe.

 

Uma pessoa foi detida pelos policiais. (Foto: Leonardo Costa)

Clima tenso
O clima ficou tenso durante o protesto. Moradora do Parque das Águas e representante do grupo, Carolina Rodrigues explicou que a maioria dos manifestantes paga aluguel entre R$ 300 e R$ 400 para morar nas casas do loteamento, já que muitas residências foram invadidas ao longo do tempo e locadas pelos invasores. A situação acontece em muitas unidades do programa do Governo federal Minha Casa Minha Vida, e várias ações de reintegração já foram realizadas, mas alguns casos ainda persistem. “Tenho quatro filhos e estou desempregada, não tenho condições de pagar aluguel. Esse espaço está vazio não é de hoje. Há cinco anos moramos aqui e só dá lixo e mato. Pegamos um pedaço de terra para cercar e montar nossos barracos”, justificou Carolina.

Em nota, a Prefeitura confirmou que fez a retirada das demarcações após receber denúncia sobre a invasão do terreno público na Rua Agulhas Negras. Os trabalhos começaram no dia 21, com monitoramento da área pelo setor de Patrimônio. “Nesta quarta-feira (26) a equipe esteve no local e, com apoio da Guarda Municipal, da Secretaria de Atividades Urbanas, do Demlurb, da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, realizou a limpeza do terreno e a retirada da cerca que havia sido colocada indevidamente.”

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