Manifestantes ateiam fogo em galhos e fecham via entre Cidade Alta e Zona Norte
Protesto aconteceu após PJF remover demarcações de invasão no Parque das Águas. Uma pessoa foi detida pela Polícia Militar
Cerca de 50 moradores do Parque das Águas, na região do Monte Castelo, fecharam em protesto a Rua Agulhas Negras na manhã desta quarta-feira (26), interditando a via que liga a Cidade Alta à Zona Norte de Juiz de Fora. A manifestação foi contra a retirada de mourões e cercas de uma área de invasão do loteamento, realizada pela Prefeitura com apoio da Polícia Militar. Os manifestantes colocaram fogo em galhos para impedir a passagem no trecho entre o Nova Germânia e o Parque das Águas e também provocaram chamas em áreas de pasto próximas, ocasionando uma grande nuvem de fumaça. A PM informou que foi atacada com pedras durante a tentativa de negociação para desobstrução da via e revidou com tiros de munição não letal. Os moradores também afirmam que foram lançadas bombas de efeito moral.
O Corpo de Bombeiros foi acionado para controlar os focos de incêndio. A ação mobilizou dezenas de policiais militares e guardas municipais em várias viaturas. Uma pessoa foi presa por desacato e por incitar a população a provocar tumulto, sendo algemada e colocada no camburão para ser levada à delegacia. Não houve registro oficial de feridos, mas os envolvidos no protesto disseram que algumas crianças caíram e se machucaram quando corriam dos tiros. No fim da manhã, a pista foi liberada.
“Tivemos a informação de que tinham invadido parte do Parque das Águas. A Prefeitura veio pela manhã e fez a desocupação, removendo os mourões e a cerca. Logo depois fomos chamados porque tinham obstruído a via. Mas os órgãos de segurança não foram avisados (previamente) sobre a manifestação. Montamos uma célula para negociar a desobstrução da via e saber quais eram as reivindicações, mas começaram a arremessar pedras na nossa direção, e tivemos que fazer uso de força moderada”, informou um dos militares à frente da ação, tenente Gabriel Felipe.
Clima tenso
O clima ficou tenso durante o protesto. Moradora do Parque das Águas e representante do grupo, Carolina Rodrigues explicou que a maioria dos manifestantes paga aluguel entre R$ 300 e R$ 400 para morar nas casas do loteamento, já que muitas residências foram invadidas ao longo do tempo e locadas pelos invasores. A situação acontece em muitas unidades do programa do Governo federal Minha Casa Minha Vida, e várias ações de reintegração já foram realizadas, mas alguns casos ainda persistem. “Tenho quatro filhos e estou desempregada, não tenho condições de pagar aluguel. Esse espaço está vazio não é de hoje. Há cinco anos moramos aqui e só dá lixo e mato. Pegamos um pedaço de terra para cercar e montar nossos barracos”, justificou Carolina.
Em nota, a Prefeitura confirmou que fez a retirada das demarcações após receber denúncia sobre a invasão do terreno público na Rua Agulhas Negras. Os trabalhos começaram no dia 21, com monitoramento da área pelo setor de Patrimônio. “Nesta quarta-feira (26) a equipe esteve no local e, com apoio da Guarda Municipal, da Secretaria de Atividades Urbanas, do Demlurb, da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros, realizou a limpeza do terreno e a retirada da cerca que havia sido colocada indevidamente.”