Minas também faz vinho, uai!

Técnica da dupla poda, desenvolvida pela Epamig, permite cultivo de videiras para vinhos finos. Algumas marcas podem ser encontradas em Juiz de Fora e região


Por Bárbara Riolino

20/07/2017 às 06h00

A enóloga da Epamig Isabela Peregrino comandou a degustação comentada de vinhos durante o Minas Láctea (Foto: Fernando Priamo)

Não só de cachaça e de cerveja vivem os mineiros. A cultura do vinho está sendo, aos poucos, incorporada por aqui, principalmente na região Sul do estado, onde as características climáticas e de relevo contribuem para o plantio de videiras indicadas para a produção de vinhos finos, voltada para um consumidor mais exigente e atento aos padrões europeus da bebida. Inclusive, a qualidade dos vinhos produzidos em Minas Gerais já rendeu premiações, tanto nacionais quanto internacionais. Até este sábado, a Tribuna apresenta uma série de matérias que trazem os produtos mineiros como destaque, aproveitando a realização de mais uma edição do Minas Láctea, o maior evento lácteo da América Latina.

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O bom resultado é proporcionado pela aplicação da técnica dupla poda ou de inversão do ciclo, desenvolvida há 17 anos pela Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), que transfere a época de maturação das uvas para o inverno, nos meses de junho, julho e agosto, quando as condições meteorológicas são mais favoráveis: solo seco, dias ensolarados e noites frias. “Existia uma dificuldade muito grande para cultivar uvas para vinhos finos na Região Sudeste, pelo fato de o verão ser muito chuvoso. Tradicionalmente, a uva amadurece no verão. Por aqui, isso causava deficiência na maturação das videiras. Com a nova técnica, foi possível contornar o problema”, explica a enóloga da Epamig Isabela Peregrino, que comandou a degustação comentada de vinhos durante o Minas Láctea, na terça-feira, 18.

Com a dupla poda, é possível cultivar vinhos finos em regiões onde a altitude fique entre 700 e 900 metros. “Acima de 900 metros, corre-se o risco de ficar frio demais, fazendo com que as videiras percam suas folhas e entrem em dormência, prejudicando a colheita. Abaixo de 700 metros, corre-se o risco de ficar quente demais, e as uvas perderem a sua acidez. Sem a acidez, o vinho torna-se o que chamamos de “chato”, pois não traz salivação, sem convite para apreciá-lo.”

Para a elaboração de vinhos finos, os produtores passaram a cultivar uvas da espécie Vitis vinifera, originária da Europa, que eram difíceis de serem cultivadas por não se adaptarem ao clima. “Hoje, os vinhos produzidos na região do Sul de Minas e na divisa com o Estado de São Paulo são de grande teor alcoólico, acima de 13%, têm boa capacidade de envelhecimento, possuem tanino, cor e equilíbrio na acidez, obtida pelas noites frias”, ressalta Isabela.

 

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