Prazos da Justiça

Bem faz a economia ao se descolar da política. Embora esta seja a via natural das transformações, no momento, não tem sido boa companhia


Por Tribuna

15/07/2017 às 04h30

A declaração do desembargador Carlos Eduardo Thompson, presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região – a quem caberá julgar o recurso do ex-presidente Lula -, indicando que não há pressa em apreciar a questão, é prova de que a Justiça, pelo menos nesse caso, não irá se envolver no jogo político, tratando o processo como tantos outros. Mas não é um caso comum, sobretudo por não estar em jogo apenas a sentença exarada pelo juiz Sérgio Moro condenando o ex-presidente a nove anos e seis meses de prisão, com o consequente afastamento da eleição de 2018.

No pronunciamento de quinta-feira, diante de sua militância, o ex-presidente Lula deu tom político à sentença e anunciou ser candidato à Presidência da República. Enquanto o recurso não for julgado, o jogo político estará sendo jogado sem previsão de consequências. O PT, por tê-lo como única referência para a Presidência, irá jogar toda a sua experiência de rua para manter o tema na agenda. O próprio Lula irá percorrer o país com o discurso de politização da questão judicial, na tentativa de mostrar ao país ter sido vítima de denúncias falsas. E sabe fazê-lo, como já demonstrou no seu primeiro discurso após a sentença.

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O TRF tem previsão de analisar o caso entre agosto e setembro de 2018, às vésperas das eleições. Tal postura aponta para um ciclo de um ano de incertezas sobre seu futuro e do próprio processo eleitoral, uma vez que, com Lula, a disputa é uma, e, sem ele, muda tudo.
Enquanto isso, o país tem um presidente denunciado que jogará toda a força do Planalto para se manter no cargo, o que já demonstrou ao anular na Comissão e Justiça o relatório do deputado Sérgio Zveiter, que pedia a continuidade da ação. Mas resta o plenário. Como a Câmara só volta às sessões em agosto, os próximos dias serão de articulação.

 

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