Saída de emergência

Adoção do distritão interessa apenas políticos e celebridades dispostas a ir para as urnas sob a regência de uma regra adotada apenas por Afeganistão, Jordânia, Vanuatu e Pitcair


Por Tribuna

27/06/2017 às 07h00

Ao que tudo indica, o Congresso vai aprovar o distritão, pelo qual os mais votados são eleitos independentemente do partido. O modelo é a saída que os parlamentares encontraram para salvar o seu mandato, já que, por conta de todas as mazelas até agora reveladas, a reeleição tornou-se um exercício de grande monta. Com o distritão, acreditam que terão alguma chance, por já serem conhecidos do eleitor.

 

PUBLICIDADE

Trata-se de um passo atrás, uma vez que os próprios políticos demonizam os partidos ao tirarem deles a prerrogativa de articulação. O eleitor, que, de uma certa forma, já vota no candidato, ficará mais à vontade para apoiar seus preferidos. Em tese é assim, mas, em termos políticos, trata-se de um atraso, pois a via partidária, embora careça de aperfeiçoamento, ainda é o meio mais adequado de representação.

 

Os próprios deputados e senadores já admitem que é uma saída de última hora, prometendo que já em 2022 muda tudo, sendo adotado o distrital, que terá o esquema do mais votado, mas dentro de um determinado território, isto é, o distrito, e outra parcela pelo modelo proporcional, mas fica a dúvida se vão cumprir a promessa.

 

A reforma política, em tramitação no Congresso desde 2016, ainda não produziu os efeitos desejados e corre contra o tempo. Junho está na reta final, e julho é mês de recesso, restando apenas agosto e setembro para aprovar regras que possam já valer para as eleições do ano que vem. Só que, no meio desse processo, há uma crise política em curso, que pode acelerar ou reduzir tudo o que foi discutido até agora.

O conteúdo continua após o anúncio

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.