Números emblemáticos

Violência contra idosos só será superada com educação e campanhas de conscientização, muitas delas já desenvolvidas com sucesso em Juiz de Fora


Por Tribuna

21/06/2017 às 10h11

A audiência pública convocada pela Comissão Permanente de Defesa dos Direitos dos Idosos, na última segunda-feira, apresentou números emblemáticos. Segundo dados do Disque 100, 77% dos casos de violência contra a pessoa idosa são referentes a negligência; 51%, psicológica; 31%, abuso financeiro; 26%, violência física e maus-tratos, sendo que 80% dos casos de violência acontecem dentro de casa. Os dados não surpreendem, mas, ao mesmo tempo, são reveladores da necessidade de políticas públicas cada vez mais intensas para proteção da terceira idade, sobretudo por conta do último dado: a maioria das ocorrências acontece dentro de casa, praticadas por pessoas próximas, muitas vezes dependentes (ou exploradoras) desse mesmo idoso.

Juiz de Fora, não é de hoje, tem avançado, e muito, na questão do idoso, fruto de ações integradas, a começar pela criação, na Câmara, da Comissão Especial. Idealizada na gestão do então presidente Isauro Calais, hoje ela é permanente, e suas ações são positivas, pois andam juntas com outros segmentos e abnegados que abordam o mesmo tema. O parlamentar levou seu know-how para a Assembleia e é, hoje, presidente de comissão semelhante que atua em todo o estado.

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A questão da terceira idade tem um forte viés cultural. No Brasil, de forma desafortunada, ainda se considera o idoso um estorvo, salvo quando ele é o provedor. Os jovens ainda não se conscientizaram de que a terceira idade é o seu próprio destino e, por ignorar tal faticidade, desconhecem as necessidades daqueles que mais precisam de atenção. Além do trágico dado familiar, nas ruas também é possível ver o descaso, sobretudo nos coletivos, quando o fone de ouvido é um escapismo para não ceder a vaga, ou quando descartam ajuda para atravessar as ruas.

Mas é necessário destacar que as muitas ações ora desenvolvidas no município já produzem resultados. O idoso, ante tantos investimentos, reconquista a sua própria dignidade, sobretudo quando se conscientiza de que o tempo impõe, é fato, limitações, mas não impede que leve a vida adiante.

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