Veganos de JF se unem em projeto solidário


Por Renan Ribeiro

04/06/2017 às 07h00

voluntários preparam os alimentos no dia da entrega, que acontece de duas em duas semanas (Foto: Larissa Portela)
voluntários preparam os alimentos no dia da entrega, que acontece de duas em duas semanas (Foto: Larissa Portela)

Tudo começou em dois grupos que reúnem juiz-foranos vegetarianos e veganos, um no Facebook, outro no WhatsApp. Já com a intenção de criar um projeto social, alguns integrantes das duas redes se reuniram fisicamente no dia 8 de dezembro de 2016. Desse encontro nasceu a ideia de fazer comida sem nenhum componente de origem animal para entregar a pessoas em situação de rua.

Em seguida, uma ação piloto foi organizada e realizada. Cardápio montado, ingredientes recebidos, alimentos preparados, seguidos da distribuição. Ao final, a primeira ação deu certo. Dessa forma nasceu o projeto Veganos de Rua.

PUBLICIDADE

“Fizemos uma pesquisa e vimos que havia grupos que distribuem comida para essas pessoas durante a semana. Mas aos finais de semana e nos feriados não havia nenhum. Então, decidimos nos dedicar aos domingos”, conta a nutricionista Kely Gama da Silva. O Grupo, segundo Kely recebe doações dos alimentos. Nos perfis do Facebook e Instagram do Veganos de Rua são disponibilizadas as listas de produtos que devem ser usados na composição dos cardápios e os pontos de entrega.

Para a ação de domingo (28), por exemplo, o grupo pediu macarrão parafuso com massa de sêmola – e não a versão com ovos, para não conter nenhum traço de origem animal -, molho de tomate, proteína texturizada com soja, sal, temperos como curry, açafrão, louro e páprica, e quentinhas de alumínio com tampa.

Tarefas

Inicialmente, o grupo se reunia uma vez por mês para atividade. Agora a frequência é maior, de duas em duas semanas, conforme a bióloga Lissa Costa do Amaral Ribeiro. Os cardápios são pensados até duas semanas antes e divulgados nas páginas do projeto. Os alimentos são preparados no dia da entrega, na casa de algum dos membros da equipe solidária.

Além da comida, os voluntários começaram a receber também doações de roupas e artigos de higiene pessoal. Como o projeto é recente, algumas definições, como a rota de entrega das quentinhas, podem vir a passar por adaptações. O ponto de partida é a esquina entre as ruas Coronel Pacheco e São Mateus, no bairro homônimo, às 18h.
Em seguida, eles saem pela Avenida Presidente Itamar Franco, em direção à Praça da Estação, e depois seguem pela Avenida Francisco Bernardino. Nesse trajeto, sujeito a alterações, o grupo chega a alimentar cerca de 50 pessoas.

“É muito bom poder fazer o bem para o próximo. Com isso, além da comida e das roupas, levamos um conforto, uma atenção, para as pessoas que são esquecidas pela população”, afirma Kely. De acordo com ela, os voluntários são selecionados, e as entregas são planejadas de modo que todos tenham a oportunidade de ir. “Somos um grupo aberto, quem quiser pode participar. Será muito bem vindo”, acrescenta. O contato pode ser feito pelas redes sociais do projeto, ou ainda pelos telefones disponibilizados nas páginas.

Proposta de uma nova filosofia de vida

Os voluntários levam nas marmitas não só alimentos, mas também uma filosofia de vida que vai muito além de não consumir nenhum produto de origem animal. Em uma das últimas ações, o cardápio continha estrogonofe feito com jaca. “Um senhor falou que adorava estrogonofe de frango. Explicamos para ele que não era frango, e ele adorou a ideia. ‘Parece muito, é muito gostoso, ele disse. É muito interessante levar uma opção sobre a qual as pessoas nunca ouviram falar. Queremos nos preparar para informar melhor as pessoas. Como as entregas são corridas, nem sempre temos como explicar o cardápio para todos. Agora, alguns meses após o início, já temos alguns moradores que nos esperam aos domingos. É muito gratificante”, conta Lissa.

Conforme o interesse sobre o cardápio vegano é demonstrado, a equipe tira dúvidas a respeito. Os participantes relatam que a comida e as informações são bem recebidas pelos assistidos. Os voluntários também escutam a população de rua e tentam captar quais são as principais necessidades, para atendê-las.

“Queremos mostrar que é legal ser vegano. Que é preciso ter mais respeito pelos animais. Essa filosofia nos uniu nesse projeto. É o que temos em comum: a vontade de ajudar as outras pessoas e ao planeta como um todo”, reforça Kely. As roupas, agasalhos e cobertas doadas pelo grupo também ensinam sobre o uso consciente de recursos e sustentabilidade. A ideia é que a informação seja trocada.

O conteúdo continua após o anúncio

Grupo planeja ampliar atendimento na rua

As demandas apresentadas pelos atendidos pelo Veganos de Rua acabam ajudando no desenvolvimento do projeto. De acordo com Kely, o grupo já conta com uma veterinária que consulta os cães que acompanham os moradores em situação de rua. Mas a vontade é ir além.

“Temos muitos planos daqui para frente. A princípio, queremos fazer uma parceria com algum cabeleireiro, que possa fazer cortes de cabelo e barba, no caso dos homens. Também pensamos em agregar algum serviço que auxilie a retirada de documentos. Futuramente, também está entre as nossas intenções auxiliar aqueles que quiserem buscar um emprego, seja ajudando com currículo, ou de alguma outra forma”, reforça Lissa. Ela destaca que a intenção é sempre aprimorar o contato, melhorando as formas de abordagem e distribuição.

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.