A subsistência da Igreja de Cristo


Por Luís Eugênio Sanábio e Souza Escritor

01/06/2017 às 07h00

A palavra “Igreja” (“ekklesía”, do verbo grego “ek-kalein” = «chamar fora») significa “convocação”. Este termo grego “Igreja” designa a comunidade daqueles que Jesus Cristo convoca para formarem o Povo de Deus. Assim, ao denominar-se “Igreja”, a primeira comunidade cristã se reconhece herdeira dessa comunidade fundada diretamente por Jesus Cristo através de palavras e atos (S.Mateus 16,18; 18,17) (Catecismo da Igreja Católica nº 751 e 777).

A Igreja Católica afirma que “os fiéis são obrigados a professar que existe uma continuidade histórica (radicada na sucessão apostólica) entre a Igreja fundada por Cristo e a Igreja Católica: Esta é a única Igreja de Cristo que o nosso Salvador, depois da sua ressurreição, confiou a Pedro para apascentar (S.Jo 21,17), encarregando-o, a Ele e aos demais Apóstolos, de a difundirem e de a governarem (S. Mateus 28,18ss.); levantando-a para sempre como coluna e sustentáculo da verdade (1 Tim 3,15). Esta Igreja, como sociedade constituída e organizada neste mundo, subsiste (subsistit in) na Igreja Católica, governada pelo Sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele” (Declaração Dominus Iesus nº 16 citando o Concílio Vaticano II, LG nº 8).

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A Igreja explica que, com a expressão “subsistit in”, o Concílio Vaticano II quis harmonizar duas afirmações doutrinais: por um lado, a de que a Igreja de Cristo, não obstante as divisões dos cristãos, continua a existir plenamente só na Igreja Católica e, por outro, a de que existem numerosos elementos de santificação e de verdade fora da sua composição, isto é, nas Igrejas e Comunidades eclesiais que ainda não vivem em plena comunhão com a Igreja Católica. Acerca destas, porém, deve afirmar-se que o seu valor deriva da mesma plenitude da graça e da verdade que foi confiada à Igreja Católica (Declaração Dominus Iesus nº 16 citando o Concílio Vaticano II, UR nº3).

Cabe dizer “que é Cristo que, pelo Espírito Santo, dá a sua Igreja o ser una, santa, católica e apostólica, e é também Ele que a convida a realizar cada uma dessas qualidades” (Catecismo da Igreja Católica nº 811). “Caracteriza-se a Igreja por ser humana e ao mesmo tempo divina, visível, mas ornada de dons invisíveis, operosa na ação e devotada à contemplação, presente no mundo e, no entanto, peregrina. E isso de modo que nela o humano se ordene ao divino e a ele se subordine, o visível ao invisível, a ação à contemplação e o presente à cidade futura, que buscamos” (Concílio vaticano II: SC, 2).

Só a fé pode reconhecer que a Igreja recebe estas propriedades de sua fonte divina. Mas as manifestações históricas delas constituem sinais que falam também com clareza à razão humana. “A Igreja, lembra o Concílio Vaticano I, em razão de sua santidade, de sua unidade católica, de sua constância invicta, é ela mesma um grande e perpétuo motivo de credibilidade e uma prova irrefutável de sua missão divina” (Catecismo da Igreja Católica nº 812, citando o Concílio Vaticano I).

O Concílio Vaticano II afirma que “não podem se salvar aqueles que, sabendo que a Igreja Católica foi fundada por Deus através de Jesus Cristo como instituição necessária, apesar disso, não quiserem nela entrar ou nela perseverar” (Constituição Dogmática Lumen gentium nº 14).

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