JF Terra de empreendedores: Jacqueline Vianna, diretora-presidente do Instituto Vianna Júnior


Por Eduardo Valente

28/05/2017 às 07h00

Foto: Olavo Prazeres
Foto: Olavo Prazeres

O brilho no olhar de quem fala dos negócios paixão só foi possível ver após 30 minutos de conversa, quando Jacqueline Vianna, diretora-presidente do Instituto Vianna Júnior, tirou os óculos de grau. Mas a percepção de que o amor pelo trabalho se confunde com a própria história foi possível notar desde o primeiro minuto de entrevista, em seu bem decorado gabinete, no segundo andar do tradicional prédio da Avenida dos Andradas. “Olha o que ele foi fazer, me deu o microfone!”, foi a primeira frase dada pela elegante herdeira que, desde 2006, responde pela administração de uma das mais respeitadas instituições de ensino da região. A indagação de Jacqueline foi dada após ouvir que o repórter queria falar pouco e ouvir muito. De fato, a entrevistada é boa de conversa e sabe, como poucos, usar as palavras para atribuir respeito aos seus antecessores.

A história

Foi na década de 1940 que o Vianna Júnior deu os primeiros passos, pelas mãos dos irmãos Joaquim, Antônio, Welbert e Romeu, este último, pai de Jacqueline. Na época, os então professores adquiriram a escola primária Alvina de Paula dos antigos patrões, na Av. Rio Branco, e deram início à história do Colégio São José e, posteriormente, da Escola Técnica de Comércio Vianna Júnior. “A cidade tinha, até então, escolas de ensino clássico, mas eles entendiam que havia um mercado a ser explorado, por meio dos cursos técnicos. Os grandes empregadores da época eram os Correios e o Branco do Brasil. A escola técnica tinha como objetivo preparar os estudantes para estes concursos públicos.”

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Nos primeiros anos de vida, Jacqueline Vianna já frequentava os pátios da escola técnica. Ela conta que toda a estrutura existente hoje foi fruto de muito trabalho dos tios e do pai. Nos primeiros anos, eram eles próprios que, ao fim dos turnos, faziam a limpeza dos banheiros e varriam as salas de aula. “Eles não vinham de família abastada e só podiam contar com a própria força de trabalho. Hoje todo mundo vê o que temos e parece que ganhamos na loteria. A ampliação do número de cursos, incluindo os de ensino superior, e da estrutura foram acontecendo ao longo dos anos, gradativamente.”

A funcionária

A hoje diretora-presidente de um centro educacional formado por escola, curso preparatório, cinco graduações de ensino superior e cinco cursos de tecnologia não imaginava ocupar este cargo quando começou a trabalhar na empresa da família, em 1982. Casada e com a formação superior recém-concluída em direito, Jacqueline Vianna entrou profissionalmente na instituição como muitos dos seus atuais colaboradores, atuando em setores administrativos. “Me casei jovem e fui morar em São Paulo. Por isso, não cursei direito na Mackenzie. Voltei a Juiz de Fora pois meu ex-marido havia sido convidado a montar uma equipe de cirurgia cardíaca aqui. Tão logo cheguei, meu pai me colocou para trabalhar no Vianna. Ele foi sábio, e devo a ele todos os meus passos”, disse, afirmando que, na época, não tinha a percepção de que ele a preparava para algo maior. “Sempre fui a secretária da secretária. Aprendi todos os processos e sei que, para mandar, é preciso saber fazer.”

A presidente

Foto - Olavo Prazeres
Foto – Olavo Prazeres

A linha sucessória do Vianna foi se aproximando de Jacqueline com a morte dos tios. O último foi o pai, Romeu. Segundo ela, um dos momentos mais delicados da instituição, por causa de conflitos familiares envolvendo a herança. “Graças a Deus vencemos esta trágica etapa, pois ela poderia ter resultado em uma falência.” Jacqueline não foi apenas promovida a chefe de uma grande organização, mais do que isso, ela teve a competência provada de diversas formas. Agora, a jovem mulher, herdeira dos fundadores, precisava levar o Instituto Vianna Júnior a um novo patamar, ao mesmo tempo em que Juiz de Fora se fortalecia como um grande centro acadêmico, reconhecido assim por além de suas fronteiras. “Era preciso ter pulso firme, e eu não sou forte. A vida me fez forte. Além de ter todo este idealismo sobre educação de qualidade, ensino e promoção da cultura, eu precisava dar sustentabilidade ao negócio, pois toda uma família depende disso. Para isso, sempre tive uma grande colaboração dos meus irmãos e da minha prima Mariângela, que estão sempre ao meu lado. E nós contamos com uma equipe muito coesa.”

Os valores

Todos os modelos gerenciais aplicados no Vianna Júnior não afastam Jacqueline da rotina diária da instituição. Ela conta que está atenta, a todo o momento, sobre tudo o que acontece não só no andar de cima, onde está a diretoria, como também no andar de baixo, formado pelas salas de aula e os setores de atendimento ao público. “O Vianna tem uma característica: ele tem dona. E a dona sou eu. Se acontece alguma coisa errada, eu sou procurada e vou atender. Não podemos acertar sempre, mas fazemos o melhor, pois encaro o meu trabalho com amor.”

E é o amor pela causa da educação, e a construção de um empreendimento familiar de sucesso, que a mantém ativa no cargo de diretora-presidente há 11 anos. Mas assim como foi feito pelo pai e os tios, a linha sucessória já vem sendo preparada. Os filhos Peter e Stephen trabalham ao seu lado e a assessoram nas tomadas de decisões. O mais novo, Frederic, de 17 anos, ainda estuda, mas demonstra vontade de seguir os passos da mãe e dos irmãos.

Mas isso não significa que é hora de passar o bastão. “Não, senhor!”, afirma, em alto e bom som. “Eu vou trabalhar por muito tempo ainda. Eu gosto! Enquanto estiver dando prazer e perceber que estou contribuindo de alguma forma, continuarei aqui. Só quero ter discernimento para perceber quando chegar a hora de me aposentar.

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O amor pela cidade

Provocada a falar sobre a aniversariante Juiz de Fora, Jacqueline diz que é preciso parar de menosprezar a cidade. “É um município próspero e dinâmico, em que corre dinheiro, sim. Têm negócios grandes e pessoas dispostas a trabalhar pelo seu crescimento. Claro que perdeu muito do seu parque industrial ao longo dos anos, e isso é algo que nos deixa apreensivos, pois cada empresa que fecha pode significar um aluno ou um pai de aluno desempregado. Mas como brasileira, mineira e juiz-forana, digo que amo esta cidade. Não a deixo por nada. Precisamos é trabalhar muito, produzir e resolver nossas questões internas.”

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