Corda esticada


Por Gláucia Simas

27/05/2017 às 07h00

Apostar na radicalização não é a melhor opção para o país, uma vez que há pendências que precisam ser resolvidas por meio de conversações entre os atores políticos. O clima de confronto em nada contribui para a implementação desse processo que não pode esperar. É o caso das reformas, ora sobrestadas no Congresso em função dos episódios de quarta-feira, quando a Esplanada dos Ministérios se transformou numa praça de guerra. Os vândalos que invadiram ministérios e colocaram fogo nos seus equipamentos tinham um fim único de tumultuar, por não verem no diálogo uma alternativa.

Se esses segmentos não se entendem, o Congresso – que é a representação popular obtida pelo voto do povo – precisar dar o primeiro passo, pois, antes de tudo, vem o Brasil e não os interesses desse ou daquele segmento. Os enfrentamentos em plenário não impedem a busca de uma alternativa comum, sobretudo por ter ficado claro que muitos dos contendores estavam mais jogando para as câmeras de televisão do que pelas suas convicções. Se houver bom senso, haverá espaço para o entendimento. Com um Governo fragilizado pelas próprias circunstâncias, esticar a corda só beneficia os grupos que não querem solução, preferindo ampliar a crise sem medir suas consequências.

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O presidente da República, Michel Temer, voltou à televisão para dizer que o país não parou, referindo-se à aprovação de seis medidas provisórias, após a oposição ter deixado o plenário, mas ele ainda tem uma longa escalada pela frente por conta da frágil base política no Legislativo, embora seu problema mais imediato esteja na outra ponta da estrutura de poder: no início de junho, o Tribunal Superior Eleitoral irá julgar a chapa Dilma/Temer e o resultado será emblemático para o futuro.

Sendo a chapa cassada ou não, o presidente terá dificuldades de prosseguir, uma vez que, por conta própria, se envolveu em questões que poderiam ter sido evitadas, como a conversa pouco republicana com o empresário Joesley Batista, na noite de 7 de março. Mesmo os áudios não indicando qualquer apoio do presidente ao deputado cassado Eduardo Cunha, como se discutiu inicialmente, seu silêncio ante a confissão de tantos crimes o induziu a crimes próprios de agentes do Estado, que não podem se omitir diante da corrupção.

 

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