Tentação no sertão


Por Caroline Delgado

20/05/2017 às 06h00

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A tentação da pulada de cerca a ‘boa preguiça’ são temas da peça baseada na história de dois casais que vivem no sertão nordestino (Foto: Divulgação)

Infidelidade, tentação, religiosidade, tramas por baixo dos panos e o desejo de viver da arte são alguns dos elementos que dão sabor a “Farsa da boa preguiça”, que a Mutum Cia. Teatral apresenta neste sábado (20), às 18h, no Teatro da Praça CEU, em Benfica. Com direção de Cassiano Camisão, a companhia leva ao palco desde 2012 a peça escrita em 1960 por Ariano Suassuna na esteira do sucesso de “O auto da compadecida”, que já rendeu ao grupo formado em Ubá prêmios de melhor cenário, figurino, trilha sonora, ator (Fabiano Martins) e direção em alguns dos festivais que participou, em cidades como São João Nepomuceno, Guaçuí (ES) e Duque de Caxias (RJ).

Dois casais são os protagonistas da história que se passa no sertão nordestino. Joaquim Simão (Fabiano Martins) é um poeta de cordel que não quer nada com o trabalho e sonha viver de sua arte. Ele é casado com Nevinha (Sueli Sanseverino), mulher religiosa cansada do estilo bon vivant do marido. Os dois moram na mesma vila que Aderaldo Catacão (Cassiano Camisão) e Clarabela (Stéfany Dias); o marido é um sujeito rico e avarento, enquanto ela tenta posar de intelectual e mantém um relacionamento aberto. Por isso, Aderaldo, que é apaixonado por Nevinha, tenta conquistar a esposa de Joaquim, que por sua vez é alvo da cobiça de Clarabela. Cientes da situação, os demônios Cão Caolho (Roberta Silva), Cão Coxo (Flávia Costa) e Cã Cachorra (Polly Magoo) mexem os pauzinhos para fazer os casais caírem em tentação, enquanto dois santos tentam impedir que todos caiam em pecado. Lá do alto, Jesus Cristo observa tudo e avalia a situação.

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Além dos personagens principais, os atores se revezam em outros papéis graças à utilização de máscaras e da linguagem do Teatro de Rua, além da Comédia Dell’arte e do Teatro Mambembe. Segundo Cassiano Camisão, foi preciso “enxugar” o texto original para contar a história, mas mantendo o esquema de três atos e preservando o espírito da peça. “Sempre quisemos montar um espetáculo do Ariano Suassuna e escolhemos a ‘Farsa da boa preguiça’ por não ser tão famosa quanto o ‘Auto da compadecida’ e por tratar da questão do ‘ócio’ dos artistas, dos poetas, a chamada ‘preguiça boa'”, explica Cassiano. “Também tocamos toda a trilha sonora ao vivo, com instrumentos de percussão.”

A Mutum (formada por atores de Ubá com experiência em outros grupos e companhias) realizou uma série de pesquisas para a concepção da adaptação. O espetáculo foi contemplado no ano passado com os prêmios BDMG, Cena Minas de Circulação de Espetáculos Teatrais e o Fundo Especial de Cultura para chegar a diversas cidades mineiras. Além da direção de Cassiano Camisão, “Farsa da boa preguiça” tem direção musical e maquiagem de Fabiano Martins, figurino de Sueli Sanseverino, iluminação de Nitai Krishna e cenografia de Camisão e Sanseverino. O projeto gráfico é de Léo Camisão.

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