A todo volume


Por Carime Elmor

03/05/2017 às 16h39- Atualizada 04/05/2017 às 10h31

Tempo Plástico em show no bar Double Wide, em Dallas, no Texas. (Foto: Arquivo Pessoal)
Tempo Plástico em show no bar Double Wide, em Dallas, no Texas. (Foto: Arquivo Pessoal)

Tempo Plástico é um nome que de cara parece fazer jus às 44 Cartas do Mundo Líquido Moderno de Bauman. Retratos de um mundo artificial e raso. Porém, além dessa questão, para a banda, a Teoria da Relatividade faz mais sentido para explicar o nome da banda. Falam sobre um tempo de plástico por ser um material moldável, já que o tempo é a gente quem faz. A experiência de cada um com o tempo é muito individual, e a percepção das horas é completamente relativa.

A boa notícia é que estarão no Muzik, nesta quinta-feira (4), em uma tour que passa por cidades mineiras, como Belo Horizonte – origem da banda – Viçosa, Uberaba, Betim, Barbacena, Ouro Preto, Montes Claros, Pará de Minas e Mariana, além das capitais Rio de Janeiro, São Paulo e Goiânia. O setlist, além das músicas do álbum “It”, lançado em 2015, também foi preenchido com três músicas inéditas do novo trabalho: “Legend of creation”, “Don’t mind” e “Got music”.

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A estética sonora e visual da banda é stoner rock, com certeza escutam Kyuss, banda de stoner da Califórnia, e têm como grupo clássico de referência o Black Sabbath. As artes conversam muito com as ideias dos cartazes de bandas deste cenário em todo o mundo, isso porquê é um movimento que de certa forma está conectado por selos, gravadoras e até mesmo blogs que tratam do assunto. São desenhos de imagens fortes, com símbolos místicos e um toque de psicodelia devido à mistura de cores contrastantes e bem definidas.

Desde 2006 Fabio Gruppi (voz e teclado), Cláudio Moreira (guitarra), Luciano Porto (baixo) e Saulo Ferrari (bateria)
estão nessa busca (luta) unânime entre as bandas independentes de rock brasileiras, correndo atrás de oportunidades para tocarem em cada vez mais palcos e cidades. Em 2016, participaram do South by Southwest (SXSW), em Austin, no Texas. Aproveitaram a passagem pelo EUA e fizeram uma turnê no país, e dessa forma se conectaram ainda mais com o que está rolando no stoner rock fora daqui. Shows, festivais e as trocas no backstage com outros músicos constroem a história de uma banda e definem essa trajetória imprevisível, porém cheia de expectativas.

Este ano o Tempo Plástico está com o terceiro full álbum quase pronto, já foi gravado em São Paulo com o produtor Michel Kuaker, e ainda faltam algumas etapas de finalização. Pretendem fazer a turnê de lançamento nos Estados Unidos,em agosto, mas curiosamente o trabalho ainda não ganhou um nome. Talvez seja como um “Unknown pleasures” do Joy Division, prazeres sem nome, sensações que sentimos pela primeira vez e ainda parecem difíceis de definir em palavras. Como afirmou o vocalista e tecladista Fabio Gruppi, “a banda está passando por uma metamorfose, estão digerindo as músicas do último álbum que significou um processo de evolução”.

Além disso, estão em busca de um selo independente de stoner rock que auxiliem principalmente na distribuição do material, que dessa vez parece ter conseguido assumir uma linguagem totalmente natural e espontânea na produção e gravação das músicas. Diferente do que acabou acontecendo com “It”, gravado pelo Ultra Estudio (BH), que acaba tendo uma preocupação maior para que o material seja radiofônico. Quem sabe não os vemos no escopo do Abraxas em breve, um selo musical do Rio de Janeiro de stoner, famoso por organizar festivais com bandas internacionais e brasileiras desse estilo.

Turnês pelo Brasil e EUA

A razão pela qual decidiram fazer, dessa vez, um álbum completamente em inglês é por considerarem um caminho mais fácil para exportarem o som. Conversando ao telefone com Fabio, ele explica que nos Estados Unidos conseguem viajar por estados e cidades sem precisarem do apoio de uma lei de incentivo, já que pegando estrada e fazendo seus shows, conseguem cobrir todos os gastos e sobreviver. “Lá as pessoas compram muito merch também, vendemos bastante discos e camisas nos shows”, explica o vocalista.

Já no Brasil, para terem condições de rodarem por essas cidades, eles se inscreveram e captaram a grana pela Lei Estadual de Incentivo a Cultura de Minas Gerais, sendo que o propósito do projeto é também fortalecer a cena de rock independente, então, a cada cidade que passam, convidam sempre uma banda local para abrir a noite. No show de hoje, a juiz-forana Martiataka, com 15 anos de história recém-completados, foi chamada para trazer mais peso à noite.

Martiataka é a banda convidada para abrir o show da Tempo Plástico, amanhã, (4), no Muzik. (Foto: Fernando Priamo)
Martiataka é a banda convidada para abrir o show da Tempo Plástico, no Café Muzik, nesta quinta. (Foto: Fernando Priamo)

Banda de rock’n’roll visceral, que viaja em timbres de rock anos 1980, mas também em guitarras de hard rock dos anos 1970, passando ainda pelo punk rock e blues. Thiago Salomão sempre carrega junto de seu baixo fender uma pedaleira mais completa, Bruce Ramos e João Paulo Ferreira são também os donos das cordas, só que das guitarras, que podem ser as mais vintages de João, ou uma Fender Telecaster, já o Bruce completa seu estilo com as Gibsons SG e Flying V. O set de pedais é clássico, deixando o som mais original possível. Wendell Guiducci é o vocal, Ruy Alhadas, tecladista, e Victor Fonseca faz a quebradeira na bateria.

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Interessante observar que as duas querem som no talo, então preparem os ouvidos! O DVD do Martiataka, lançado em 1º de abril, tem o título explosivo “Tá alto pra c@#$%&*!!!”, enquanto a primeira frase da biografia dos caras de BH no Bandcamp diz: “Alguns discos foram feitos para serem escutados no volume máximo. É o caso de ‘It’ (…)”.

 

Tempo Plástico
Com Martiataka e DJ Marcelo Castro, nesta quinta-feira, às 21h, no Café Muzik (Rua Espírito Santo, 1081 – Centro)

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