Hiphopologia vai ocupar o Domingo no Campus


Por Carime Elmor

29/04/2017 às 06h00

Hiphopologia em Domindo no Campus do dia 9 de abril de 2017 (Foto: Andreidys Bellizzi)
Hiphopologia em Domindo no Campus do dia 9 de abril de 2017 (Foto: Andreidys Bellizzi)

Neste domingo (30), a Praça Cívica da UFJF será tomada por atividades culturais e artísticas para todas as idades. A programação começa às 9h e é aberta a todos. Quem passar por lá poderá participar de uma oficina de brinquedos recicláveis, contação de histórias, também de ginástica e alongamento para idosos, oficina de bordado, festival de pipoca, além de jogos de peteca e bola. A multi-instrumentista Tânia Bicalho apresentará seu trabalho de Música Nutritiva, e o Pedro Paiva do Vinil é Arte estará discotecando durante o início da manhã. Outro projeto que está envolvido nessa agenda é o Hiphopologia, criado por uma mestranda da UFJF com a intenção de ocupar os espaços públicos da cidade, levando os cinco elementos principais do hip-hop: MCs, DJs, breaking, grafite e conhecimento.

Chris Assis, 29, faz mestrado em Educação na UFJF, onde começou a se interessar pelos estudos dos movimentos sociais. Há cinco anos, participa ativamente na cultura hip-hop de Juiz de Fora, organizando eventos e grafitando muros. O Hiphopologia é justamente a junção de sua pesquisa acadêmica com sua vivência. Por ser moradora do Bairro Sagrado Coração de Jesus, Chris sempre conviveu com os movimentos de periferia e escuta rap desde criança. “O hip-hop nada mais é do que um movimento social, artístico e de educação popular, já que usa a linguagem da ‘escola da vida’, aproximando as pessoas dos ensinamentos. Também é através dessa cultura que aprendemos sobre figuras negras tão importantes e que às vezes passam despercebidas na escola, como o Malcolm X e o Martin Luther King”, explica a idealizadora do projeto.

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Para o Domingo no Campus, o Hiphopologia planejou uma batalha de breaking, com direito a premiação em dinheiro e um troféu. Serão três jurados avaliando o desempenho dos B-boys e B-girls, que poderão se inscrever assim que o evento começar. Marte MC será o mestre de cerimônias, e Everton BeatMaker é responsável pelos beats e samplers que darão som a todas as atividades. A fim de unir idosos, crianças e jovens, um aulão de dança ministrado pelo Zebu FlowKilla vai oferecer passinho black e hip-hop dancing. A ideia é transformar a Praça Cívica em um grande baile à luz do dia.

Inclusão das minas e da periferia

O projeto Hiphopologia, além de ter sido criado por uma mulher, tem como uma de suas coordenadoras Thaina MC e meninas que dançam e grafitam. A cada evento que organizam, estão envolvidas mulheres em todas as partes e elementos. “A nossa entrada no hip-hop, como na sociedade em geral, é difícil. A gente quase não tem voz, conquista o espaço na marra. As mulheres do hip-hop em Juiz de Fora estão encarando a cena e mostrando que sabem e podem fazer benfeito. Nosso respeito vem sendo conquistado com trabalho. Até hoje enfrentamos algumas situações de machismo, mas no Hiphopologia a participação de garotas é grande”, conta Chris Assis, com a vontade de que mais meninas se interessem por esta cultura de rua.

Outro ponto importante é a entrada de jovens da periferia no Campus da UFJF, encorajando-os a frequentarem aquele espaço público ativamente, levando sua arte, mas também incentivando-os a um dia ocuparem seus lugares nas cadeiras dos cursos. Chris reforça que muitos, mesmo morando em Juiz de Fora, irão pela primeira vez visitar a Universidade. Se o grande objetivo do Domingo no Campus é abrir as portas da UFJF para toda a comunidade, o próximo dia 30 parece contemplar bastante essa proposta.

História por aqui e no mundo

A história do hip-hop é uma das metáforas reais mais bonitas de se conhecer. Nasceu no subúrbio de Nova York – miscelânea de gente, mistura de classes, uns com tanto, outros com nada. Era um contexto de latinos, jamaicanos, principalmente negros, em locais tomados pelas rixas de gangue que sempre tiravam sangue, senão vida uns dos outros. Nem percebiam, talvez, que, no fim das contas, a luta contra opressão, marginalização e resistência, era quase a mesma. Afrika Bambaataa foi o cara que deu uma solução evolutiva para esse cenário de guerra entre pessoas que poderiam se unir e fortalecer. E assim foi feito.

A metáfora dita acima e que melhor define essa cultura é a seguinte: porque não trocar brigas rivais por disputas artísticas? Através da rima, das tintas na parede, da dança, as pessoas competem, mas é uma luta em que os dois lados evoluem juntos. E dessa forma, na próxima batalha, seja de MC, breaking ou grafite, o artista irá se autodesafiar para ser melhor e mais coerente em relação à mensagem que quer reverberar. Essa cultura existe em nossa cidade desde aproximadamente a década de 1980, começou no Bairro Santa Cândida e foi se expandindo, saiu das zonas periféricas e tem alcançado o Centro e a Zona Sul.

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Domingo no Campus
Dia 30, das 9h às 13h, na Praça Cívica da UFJF (campus)

 

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