Design brasileiro em JF


Por Bárbara Riolino

22/04/2017 às 07h00

mesa-guaimbe-roxinho-foto-lucas-rosin Paulo Alves

Juiz de Fora está a poucos quilômetros do Rio de Janeiro, o que faz com que boa parte da população local frequente os equipamentos urbanos que a Cidade Maravilhosa abriga, como a orla carioca e o VLT. Todos esses cenários são assinados pelo arquiteto e urbanista Indio da Costa, que vem a Juiz de Fora na próxima quinta-feira (27). Ele vai participar do workshop “Grandes nomes do design, decoração e arquitetura”, lançando seu livro “Ar como arquitetura”, que traz 16 de seus projetos icônicos elaborados nos últimos dez anos. O evento leva ao Teatro Solar profissionais reconhecidos no país e no mundo por sua contribuição para a arquitetura e o design brasileiros.
O designer Paulo Alves, vencedor e finalista de diversos prêmios, chega para mostrar a versatilidade das madeiras brasileiras e a redescoberta da marcenaria para projetos residenciais. Expositor nas semanas de design de São Paulo, Nova York e Paris, o designer Bruno Faucz fala sobre sua experiência no ramo moveleiro. O profissional assina uma das peças presentes no livro “Design brasileiro de móveis”, que reúne os principais destaques de peças de assento de 1928 a 2013.

PUBLICIDADE

Também no rol de convidados, a designer Daniela Ferro fala sobre os principais conceitos que utiliza na produção de seus móveis: sustentabilidade, originalidade e beleza. Com mais de 250 modelos de móveis no currículo, parte deles vendida nas Américas do Sul, Central e do Norte, além da África e da Europa, o designer Pedro Mendes divide com o público um pouco da sua criatividade e desenvoltura com os mais diversos tipos de materiais. Representando a cidade e a região, o arquiteto Rogério Mascarenhas fecha a lista de profissionais participantes do encontro.

Marcenaria com personalidade

Paulo Alves

Inspirado no legado deixado pela arquiteta modernista ítalo-brasileira, Lina Bo Bardi, reconhecida internacionalmente pelo projeto arquitetônico do Museu de Arte de São Paulo (MASP), o designer Paulo Alves direciona todo o seu trabalho nos fundamentos da marcenaria para criar móveis inspirados no formato orgânico da própria natureza, enaltecendo as mais diversas espécies de árvores existentes no país. “Temos mais de 12 mil espécies de madeira disponíveis para trabalhar. É o lugar com mais variedade do mundo”, conta o designer, que teve acesso à marcenaria ainda na escola e, com os rumos profissionais que tomou, acabou se apaixonando pela forma como Lina enxergava o Brasil: a partir de suas raízes. “Ela conseguiu juntar referências da cultura popular e conhecimento técnico, fazendo uma conexão entre esses estilos. Sempre achei esse caminho interessante e tive certeza de que iria segui-lo quando tive a oportunidade de trabalhar com o seu acervo”, ressalta Paulo, que gerencia, desde 2004, o Estúdio Paulo Alves, em São Paulo, especializado em peças de madeira autorais.

Para ele, a marcenaria hoje vai além da utilidade, é uma forma de expressão. “A marcenaria hoje imprime personalidade e história às peças. Ainda temos muito o que conhecer sobre essa matéria-prima. A madeira precisa ser tratada com dignidade, com técnicas de encaixe para valorizar a sua essência, sem a necessidade de tingir e mascarar suas características. Digo que a madeira possui três vidas: a árvore, o móvel e o reaproveitamento, que é a demolição”, reflete. Paulo acredita que o design brasileiro, hoje, desperta nas pessoas o desejo de consumir peças que tocam em memórias e sentimentos. “Apesar de hoje termos mais acesso ao que é feito lá fora, temos conseguimos divulgar mais o que fazemos e as pessoas daqui também acabam propagando. A qualidade desse trabalho tornou-se uma referência, e caminhamos para que as pessoas passem a valorizar objetos que têm a ver com a nossa cultura. Isso é muito bacana, pois vai desenvolvendo o trabalho da marcenaria.”

 

Grandes nomes do design, decoração e arquitetura

O conteúdo continua após o anúncio

Workshop na quinta-feira (27), das 9h às 18h, no Teatro Solar (Avenida Presidente Itamar Franco 2.104). 3214-3912

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.