Antes da reforma


Por Guilherme Arêas

01/04/2017 às 07h00

Parece coisa de 1º de abril, mas os partidos, por todas as evidências, estão mais preocupados em salvar a própria pele do que discutir os temas relevantes do país, e que não são poucos. Restando cerca de um ano e meio para o próximo pleito, os bastidores estão permeados por discussões em torno de nomes para disputar a Presidência da República, antes mesmo, até, da esperada e necessária reforma política. Embora não se saiba sob que regras o jogo será jogado, os nomes já estão nas ruas. O Partido dos Trabalhadores terá o ex-presidente Lula como sua opção, o que ele próprio, aliás, já avisou. Os tucanos vivem o dilema da escolha: o senador Aécio Neves, embora citado nas delações da Odebrecht, mantém seu nome; o governador Geraldo Alckmin considera que merece mais uma chance, mas ambos estão pressionados pelo prefeito de São Paulo, João Doria. Este diz que não tem a pretensão, mas também não desmente.

Entre os chamados grandes, resta o PMDB, com seu viés de confederação, tendo a caneta do presidente Michel Temer como principal argumento. Ante a reação da ruas, ele cessou os ensaios de mais um mandato, mas sabe que, por enquanto, não tem nomes, sobretudo por boa parte da cúpula estar nos cadernos da Lava Jato.

PUBLICIDADE

Entre tantas dúvidas, o melhor investimento é discutir a forma de como será o jogo de outubro de 2018, pois as atuais regras caducaram, e há consenso sobre isso. O tema da vez é o voto em lista, que daria aos partidos a representatividade que deveriam ter, mas, como bem lembrou o ministro do STF, Ricardo Lewandowski, em artigo, ontem, na Folha, não é possível travar essa discussão com tantos partidos. A redução do número de legendas é partícula sine qua non nesse processo, pois, com mais de 30 legendas, a representatividade partidária vai por água abaixo e, com ela, o próprio modelo de lista, que, por sua vez, carece de aperfeiçoamento para não se transformar numa confraria de cardeais partidários, sem chances para os demais postulantes.

Os comentários nas postagens e os conteúdos dos colunistas não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é exclusiva dos autores das mensagens. A Tribuna reserva-se o direito de excluir comentários que contenham insultos e ameaças a seus jornalistas, bem como xingamentos, injúrias e agressões a terceiros. Mensagens de conteúdo homofóbico, racista, xenofóbico e que propaguem discursos de ódio e/ou informações falsas também não serão toleradas. A infração reiterada da política de comunicação da Tribuna levará à exclusão permanente do responsável pelos comentários.