Carne fraca


Por Lina Castro

18/03/2017 às 07h00

Quando se imaginava que os brasileiros já tinham presenciado todo o tipo de falcatrua e corrupção no setor público, a sociedade se viu estarrecida na última sexta-feira com mais uma operação da Polícia Federal. Não qualquer ação, envolvendo grandes figurões de Brasília, mas uma operação que denuncia, entre tantas outras coisas, a venda de carne podre. De acordo com as investigações, algumas das maiores empresas do ramo alimentício são acusadas de participar de um esquema que maquiava carnes vencidas com ácido ascórbico e as reembalava para comercialização.

A operação Carne Fraca prendeu pelo menos 20 funcionários públicos suspeitos de envolvimento na venda ilegal de carnes, além de executivos de grandes grupos frigoríficos. Os policiais apuram ainda o envolvimento de fiscais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento no esquema de liberação de licenças e fiscalização irregular de frigoríficos.
A pergunta que se faz diante destas denúncias: é em que instituições o cidadão pode confiar atualmente? Mais que isso, perguntamos, atônitos, quanto vale a vida humana? É triste pensar que os cidadãos possam estar próximos de uma resposta simples: não vale mais do que um pedaço de calabresa feito com cabeça de porco, a julgar pelos diálogos de grandes empresários do ramo, que estão sendo divulgados pela mídia.

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O que se espera, porém, é que, após a investigação da Polícia Federal e dos holofotes da mídia, uma punição rigorosa e exemplar seja aplicada a todos os responsáveis por este esquema que macula todo um setor de alimentos no país. E que a punição seja rápida, porque, como lembra a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, não é justo que esta ação inescrupulosa afete todos os produtores rurais e, principalmente, a saúde de milhares de brasileiros.

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