Moradores da Zona Rural denunciam precariedade de estradas


Por Vívia Lima

18/03/2017 às 07h00

Acesso a Toledos, que já é estreito, fica ainda mais comprometido com a queda de barrancos.
Acesso a Toledos, que já é estreito, fica ainda mais comprometido com a queda de barrancos.

Moradores de comunidades rurais denunciam descaso das autoridades e pedem mais atenção e cuidado no trato de situações que envolvem as regiões mais afastadas. Falta de energia, precariedades nas estradas e problemas com unidade de saúde são algumas das questões enfrentadas diariamente por aqueles que estão a quilômetros de distância da vida urbana.

Períodos de chuva aliados à má conservação das vias são os dois principais ingredientes para os problemas encarados pelas comunidades nos distritos de Humaitá e Toledos. Já em Rosário de Minas, outra localidade rural, moradores apontam que a falta de energia elétrica tem gerado prejuízos aos produtores de leite. Um convênio firmado em janeiro entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento com a Prefeitura de Juiz de Fora, no valor aproximado de R$ 1 milhão, prevê a recuperação das estradas vicinais a fim de alavancar o agronegócio. À época, o ministro interino Eumar Novacki, em entrevista a Tribuna, afirmou que os recursos seriam liberados ao município logo que ocorresse a abertura do orçamento pelo Governo federal. Até que isso ocorra, porém, os traçados cheios de buracos e sem asfaltamento são a única alternativa dos moradores dessas localidades. Vans escolares e ônibus têm dificuldades de passar pelos trechos.

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Depressões e desníveis no traçado para se chegar a Humaitá. (Foto do leitor Márcio Lopes)
Depressões e desníveis no traçado para se chegar a Humaitá. (Foto do leitor Márcio Lopes)

Em períodos chuvosos, as ruas do granjeamento Humaitá ficam interditadas e, em casos mais graves, os coletivos deixam de circular. A auxiliar de biblioteca Maria Olívia Lopes, dona de uma propriedade no lugar, informou que, vez ou outra, um caminhão patrola, jogando escória na tentativa de amenizar as depressões e o desnível do solo. No entanto, de acordo com ela, isso acontece apenas na rua principal da comunidade, enquanto as outras continuam em situações precárias. “Meu carro quase virou quando eu descia a rua, pois deslizava muito. Lá, há muitos moradores que são idosos e não possuem carro. Se passam mal em dias de chuva, não têm como sair de suas casas.”

Em Toledos, a situação se repete. Uma estudante, 21, que preferiu não se identificar, relatou que problemas assim também são recorrentes. No início do ano, devido às péssimas condições, a Prefeitura teria tapado os buracos que se formaram na estrada por conta das chuvas. Conforme a jovem, as vias são estreitas, situação que fica mais complicada com a queda de barrancos. “O mata-burro da estrada de Toledos está quebrado há meses, demonstrando o descaso do Poder Público. Quando os ônibus tentam passar por determinadas vias, costumam ficar atolados. Já tivemos que andar dois quilômetros a pé”, diz.

A Secretaria de Obras informou, por meio de nota, que possui um setor de estradas vicinais responsável por fazer a manutenção dos 2.700 quilômetros de estradas rurais do município. Conforme a pasta, não procede a informação de que a manutenção é feita apenas na estrada principal de Humaitá e, atualmente, equipes estão atuando em duas estradas da região. Já em Toledos, a secretaria disse que as vias estão em boas condições e um novo patrolamento está programado. “Em período chuvoso, os buracos são comuns de aparecerem, pois são estradas de terra. Mas nossas equipes se empenham para deixá-las nas melhores condições possíveis”, diz o texto da nota. Ainda conforme o documento, quando acontecem deslizamentos de terra que deixam as estradas intransitáveis, imediatamente o atendimento é realizado. Já a Secretaria de Agropecuária e Abastecimento, também por nota, informou que um levantamento nas estradas vicinais está sendo realizado, levando em consideração o convênio assinado com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, para elaboração de atividades de estímulo ao setor agropecuário, possibilitando investimento na melhoria de estradas vicinais. A previsão é que o estudo seja finalizado ainda neste semestre.

 

Unidade de saúde é alvo de reclamações

A Unidade de Atenção Primária a Saúde (Uaps) também é considerada um problema em Toledos. Segundo a moradora, falta estrutura ao prédio, as portas estão quebradas e as paredes têm rachaduras. Ela afirma, ainda, que, há anos, a comunidade foi responsável por erguer parte do posto, que, até hoje, permanece em condições insuficientes para o atendimento à população. A Secretaria de Saúde da Prefeitura informou, por meio de sua assessoria, que a reforma da unidade foi iniciada em 2016, mas foi interrompida temporariamente por questões orçamentárias. A previsão da pasta é que as obras sejam retomadas em abril.

 

Energia elétrica

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Em Rosário de Minas, a falta de luz tem sido um problema frequente. Leitores informaram que chegaram a ficar sem energia elétrica por um período de 24 horas em um final de semana. O fornecimento teria sido interrompido de 16h30 de sexta-feira às 18h de sábado, causando prejuízos aos produtores de leite. A estudante Naiane Borges Titoneli, 23, contou que sempre que chove a situação se repete. “A Cemig nos trata com descaso e sempre diz que a situação será resolvida.” Em nota, a Cemig informou que o problema foi causado por queda de árvores sobre a rede elétrica de média tensão que abastece a região. O rompimento dos cabos ocorreu em dois pontos distintos, em local de difícil acesso, necessitando de equipe especializada para o serviço. A companhia informou, ainda, que faria inspeção na rede elétrica da região e realizaria manutenções para que não houvesse reincidência de interrupções de fornecimento de energia em Rosário de Minas.

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