É o bicho, é o bicho
Hollywood sabe há tempos que uma das melhores formas de ganhar dinheiro é investir em versões (de livros, séries, jogos de computador, de tabuleiro, histórias em quadrinhos…), reboots e remakes. Deste último, a Disney aprendeu que o lance é pegar animações de sucesso e fazer versões em carne e osso (as famosas live actions) de suas produções. A onda, que teve início com “Malévola” (2014), sobre a fada malvada de “A Bela Adormecida”, teve continuidade em 2016 com “Mogli: O menino lobo” e continua com “A Bela e a Fera”, que tem pré-estreia nesta quarta-feira em Juiz de Fora.
A Disney parece ter escolhido a história – baseada em um conto do século XVIII escrito por Gabrielle-Suzanne Barbot – tendo em vista o sucesso da animação, lançada em 1991 e que venceu dois Oscar (trilha sonora e canção) e ainda foi indicada a melhor filme – fato então inédito para um desenho animado. Como o longa ainda faturou quase US$ 500 milhões, nada melhor que investir numa história que ainda estaria “fresca” na memória e coração do público, sem esquecer as novas gerações.
Para encarnar os personagens principais, foram escolhidos Emma Watson (Bela), da franquia “Harry Potter”, e Dan Stevens (Fera), com Kevin Kline, Luke Evans e Josh Gad interpretando outros dos principais personagens “humanos”. Já os outros personagens gerados por computador (como o candelabro, piano, castiçal, relógio, guarda-roupas etc.) terão a voz na versão em inglês de nomes como Ian McKellen, Ewan McGregor, Emma Thompson e Stanley Tucci. Para a direção foi escolhido Bill Condon, que tem no currículo produções nada recomendáveis como dois dos longas da franquia “Crepúsculo” e longas marcantes como “Deuses e monstros”.
A história, que teve o roteiro escrito a quatro mãos por Stephen Chbosky e Evan Spiliotopoulos, tem poucas mudanças em relação ao original, enquanto as músicas do longa de 1991 estão lá, acrescidas de novidades. Bela continua a ser uma jovem marginalizada em seu vilarejo por sua paixão pela literatura, mas desta vez não tão passiva quanto outrora. Assim como seu pai, Maurice (Kline), ela também se aventura no ramo da invenção e cria uma máquina para lavar roupas que deixa mais tempo livre para os seus livros. A maior chateação é Gaston (Evans), um ex-soldado que não larga do seu pé e quer de qualquer forma se casar com a moça.
A tranquilidade vai pelo ralo quando seu pai desaparece, e lá vai Bela procurá-lo pelas estradas da vida. Ela descobre que Maurice foi aprisionado pela Fera, uma criatura sinistra que vive isolada em seu castelo. Para libertar o pai, ela se oferece para ficar em seu lugar e aos poucos vai conhecendo um pouco mais do passado de seu captor, o que ajuda a criar um misto de romance e síndrome de Estocolmo (quando o sequestrado passa a nutrir simpatia pelo seu sequestrador). Bela descobre que a Fera, na verdade, se chama Adam, um príncipe que foi amaldiçoado por uma feiticeira devido a sua arrogância. A única forma de voltar ao normal é se apaixonar por alguém e ter esse amor correspondido antes da queda da última pétala de uma rosa encantada. Se não conseguir, tanto ele quanto seus serviçais – transformados em objetos falantes – ficarão presos na forma atual eternamente. Ao mesmo tempo, Gaston fica furioso pela recusa de Bela e decide caçar e abater a Fera a qualquer custo.
Além do risco da comparação com um filme ainda presente na memória de tanta gente, “A Bela e a Fera” chega ao cinema cercado pela polêmica. A Disney anunciou oficialmente que LeFou (Gad), o ajudante de Gaston, é gay na versão live action, sendo o primeiro personagem em produções da empresa declaradamente homossexual. O resultado foi o boicote de diversos cinemas nos Estados Unidos ao filme, e uma classificação etária mais alta que o previsto na Rússia, país envolvido há anos em polêmicas ligadas à homofobia.
A BELA E A FERA
Pré-estreia UCI 2 (3D/dub): meia-noite (qua). UCI 3 (3D/leg): meia-noite (qua).
Classificação: 10 anos