Mentes que brilham


Por Júlio Black

02/02/2017 às 08h12- Atualizada 02/02/2017 às 08h46

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Protagonistas do longa de Theodore Melfi tiveram que lutar contra o preconceito de cor e gênero para conquistarem seu espaço na Nasa (Foto: Divulgação)

Grandes eventos da humanidade geralmente são marcados pela participação fundamental de figuras que costumam permanecer anônimas, mas sem as quais nosso mundo não seria o mesmo. “Estrelas além do tempo”, longa de Theodore Melfi que estreia nesta quinta-feira no Brasil, adapta para a tela grande o livro “Hidden Figures”, de Margot Lee Shetterly, que conta a história de três funcionárias negras da Nasa que foram fundamentais para a agência espacial norte-americana recuperar terreno na corrida espacial e lançar ao espaço o astronauta John Glenn, em 1962. Sem muito alarde, o filme foi conquistando a crítica e o público e ultrapassou os US$ 100 milhões na bilheteria local (valor considerável para uma produção que custou US$ 25 milhões), em pouco menos de 20 dias, e recebeu três indicações para o Oscar: melhor filme, roteiro adaptado e atriz coadjuvante (Octavia Spencer). “Estrelas…” já conquistou, no último domingo, o prêmio de melhor elenco do Sindicato dos Atores da Indústria Audiovisual Americana (SAG).

Figuras até recentemente anônimas para o grande público, Katherine Johnson (Taraji P. Henson), Dorothy Vaughan (Octavia Spencer) e Mary Jackson (a também cantora Janelle Monáe) eram matemáticas que trabalhavam para a Nasa num momento de grande pressão sofrida pela agência espacial, que ficara para trás quando a União Soviética conseguiu colocar no espaço o cosmonauta Yuri Gagarin. Era preciso correr contra o tempo para lançar um americano ao espaço, e “Estrelas além do tempo” mostra como o auxílio do trio foi de grande importância para que John Glenn pudesse ver a Terra lá de cima em 1962 – o astronauta, inclusive, somente aceitou cumprir a missão quando Katherine confirmou os cálculos matemáticos para a viagem.

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O longa deixa claro, porém, o quão difícil foi para as três conseguirem sua afirmação dentro da agência espacial. A Nasa era um ambiente majoritariamente masculino entre o final dos anos 1950 e o início dos anos 1960, quando o sexismo ainda era muito forte não apenas na América, mas também no mundo em geral. Além disso, o fato de serem negras era outro obstáculo difícil de superar num país em que a segregação racial era comum, principalmente no Sul dos EUA, – elas eram obrigadas, entre outras formas de preconceito, a utilizar apenas os banheiros reservadas para “pessoas de cor”.

Apesar de todas as dificuldades, elas venceram as barreiras do sexo e da cor em suas jornadas. A genial calculista Katherine conseguiu integrar o time de matemáticos da Nasa; especialista numa área ainda desconhecida na época (a computação), Dorothy tornou-se a primeira supervisora mulher e negra da Nasa; e Mary Jackson conquistou o direito de cursar engenharia numa universidade anteriormente reservada para pessoas brancas. Do trio, Katherine Johnson é a única ainda viva (Dorothy morreu em 2008 e Mary Jackson em 2005); em 2015, aos 97 anos, ela foi condecorada pelo ex-presidente Barack Obama com a Medalha da Liberdade Presidencial, maior honraria civil dos EUA, em reconhecimento pelo trabalho fundamental e o pioneirismo dela e de suas companheiras na corrida espacial e pela igualdade social e racial no país.

Estrelas além do tempo

UCI 4 (leg): 13:20, 18:40. Cinemais Alameda 3 (dub): 14:00, 19:00. Cinemais Alameda 3 (leg): 16:30, 21;30. Cinemais Jardim Norte 6 (dub): 16:30, 19:00. Cinemais Jardim Norte 6 (leg): 21:30. Palace 1 (leg): 14:00, 16:30, 19:00, 21:30 (exceto seg).
Classificação: livre

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