O caminho do meio
No princípio, era o CR-V. Importado do México desde 2012, o utilitário esportivo médio da Honda nunca foi um “best-seller” no Brasil, apesar de ter seu público fiel. Mas foi em março de 2015, com o lançamento do compacto HR-V por aqui, que a marca japonesa acertou na mosca. Em seu primeiro ano, o modelo tornou-se líder nacional de vendas entre os SUVs, com 50.780 emplacamentos _ foi o 16º automóvel mais vendido do país. No ano seguinte, apesar da retração de 20% no mercado automotivo brasileiro, o HR-V não tomou conhecimento da crise. Manteve a liderança do segmento em 2016 ao fechar o ano com 55.769 emplacamentos _ atingiu a décima posição entre os carros mais vendidos do Brasil. Tal desempenho certamente estimulou a Honda a investir em um novo utilitário esportivo, para tentar ampliar ainda mais o espectro de consumidores ávidos por veículos com espírito aventureiro atingidos pela marca. O resultado é o WR-V, exibido em première mundial no Salão Internacional do Automóvel de São Paulo, em outubro do ano passado. O novo utilitário esportivo compacto só chegará às concessionárias brasileiras em março _ exatos dois anos depois do lançamento nacional do HR-V. Mas a Honda não disfarça suas grandes expectativas em relação a ele.
Projeto liderado pelo time de Pesquisa e Desenvolvimento da Honda Automóveis do Brasil, com suporte da matriz japonesa, o WR-V será fabricado na cidade paulista de Sumaré. O marketing da Honda concluiu que um SUV ideal para complementar as vendas do HR-V deveria ser ligeiramente menor _ para frequentar com mais facilidade as exíguas vagas de estacionamento brasileiras _ e mais barato, se posicionando em termos de tamanho e preços numa faixa intermediária entre o monovolume Fit e o HR-V. Assim, o WR-V utiliza como base a arquitetura do Fit, em uma versão ligeiramente ampliada no comprimento e na largura _ é cerca de 3 cm maior que o Fit nas duas dimensões. Com seus 2,55m de entre-eixos, 4m de comprimento, 1,73m de largura e 1,6m de altura, o porte do WR-V ficou bastante próximo ao do concorrente Ford Ecosport _ se não for considerado o estepe pendurado na mala do modelo da marca norte-americana.
De acordo com a Honda, o conceito adotado na criação do WR-V foi batizado de “Little Giant” (pequeno gigante). Ele se expressa como um SUV com uma carroceria compacta, mas que oferece amplo espaço interno e versatilidade. Todos os componentes da suspensão do novo SUV foram aumentados e reforçados _ até as rodas, que são aro 15 no Fit, no WR-V são aro 16. A suspensão adota amortecedores com batente hidráulico e diâmetro de cilindro reforçado, barra estabilizadora robusta, projetada para minimizar a rolagem da carroceria, garantindo estabilidade mesmo com uma altura do solo mais elevada. As buchas frontais são mais robustas, bem como a travessa de suspensão. O eixo traseiro tem seu desenvolvimento baseado no HR-V e investe na alta rigidez para reforçar o conforto e dirigibilidade. A caixa de direção EPS é eletricamente assistida e foi desenvolvida especificamente para o WR-V.
Em termos estéticos, a aparência do WR-V se baseia no conceito “Wild Armor” (armadura selvagem), criado especificamente para esse modelo e que valoriza a robustez das formas. A frente é elevada, com grade frontal que evoca a linha de utilitários esportivos da Honda e faróis com luzes de uso diurno em leds. Padrões de forma com desenhos trapezoidais aparecem em várias partes do utilitário-esportivo, como na grade inferior frontal, nas rodas, nas molduras dos para-lamas e em outros pontos-chave do modelo. O design traseiro e sua lateral trazem traços mais horizontalizados, e as lanternas se prolongam pela linha de cintura. O friso cromado na tampa traseira e o para-choque com molduras fortes reforçam a percepção de força do conjunto.
Por dentro, o WR-V segue o padrão modular do Fit, com acabamento e materiais diferenciados. O sistema de bancos Ultra Seat, que permite diversas configurações de assentos e a acomodação de objetos de grandes dimensões, também está presente no WR-V. Os bancos são envolventes com padronagens que diferem conforme a cor da carroceria. São duas combinações de cores do revestimento navalhado _ preto e prata ou preto e laranja. No painel, um friso horizontal contribui para ampliar a sensação de espaço do interior, e o quadro de instrumentos inclui computador de bordo multifunções.
O WR-V é equipado com o motor 1.5 i-VTEC FlexOne, com controle eletrônico variável de sincronização e abertura de válvulas, aliado a uma transmissão CVT com conversor de torque, que busca proporcionar uma resposta mais rápida e aceleração linear. Segundo a Honda, o WR-V traz excelente desempenho e economia de combustível, que garantiu nota A na avaliação do Conpet na categoria “esporte utilitário compacto”, com agilidade similar a de veículos com maior cilindrada. Com etanol, esse propulsor gera 116 cv de potência a 6.000 rpm e 15,3 kgfm de torque a 4.800 rpm. Quando abastecido com gasolina, são 115 cv a 6.000 rpm e 15,2 kgfm a 4.800 rpm.
A Honda não revelou os preços nem as versões que estarão disponíveis para o lançamento. Mas certamente ocupará, com alguma superposição, a faixa entre os R$ 78.900 do Fit ELX, a versão “top” do monovolume, e os R$ 86.800 do HR-V mais básico, o LX, quando equipado com câmbio CVT. Depois do lançamento no Brasil, em março, a intenção da Honda é que o WR-V seja exportado, ainda esse ano, para outros países da América do Sul. A fábrica de Sumaré, que fará 20 anos em outubro, produz também os modelos Civic, HR-V, City e Fit e opera atualmente com 100% de sua capacidade produtiva de 120 mil veículos/ano. Enquanto isso, a nova unidade industrial da Honda de Itirapina, também em São Paulo, que tem a mesma capacidade produtiva da fábrica de Sumaré, está pronta, mas aguarda que o mercado brasileiro reaja para ser finalmente colocada em operação.