Centro de JF terá dois novos calçadões
As ruas Batista de Oliveira e Marechal Deodoro serão transformadas em dois novos calçadões na área central de Juiz de Fora. O anúncio foi feito ontem pela Comissão Permanente de Licitação (CPL) da Prefeitura. O primeiro contempla o trecho entre a Rua São João e a Avenida Getúlio Vargas, enquanto o segundo irá da Rua Batista de Oliveira até a Avenida Rio Branco, com tráfego permitido até o PAM-Marechal. Além disso, na Batista de Oliveira, todo o passeio será reconstruído e a pavimentação revitalizada até a Avenida Itamar Franco. Barracas de ambulantes e bancas de jornais e revistas permanecerão nas vias, embora possa haver alguma readequação pontual quanto ao posicionamento. Conforme contagem da Tribuna, as duas ruas abrigam 41 camelôs e seis bancas.
Mais que construir dois calçadões, as ruas serão revitalizadas e preparadas para as exigências legais de acessibilidade. As pedras portuguesas serão removidas, dando lugar ao concreto, sendo colocado acabamento lixado em alguns pontos e bloquetes pré-fabricados em outros. Também será colocado piso direcional e rampas de acesso. Onde não existirá o calçadão da Rua Batista de Oliveira, entre a Rua São João e a Avenida Itamar Franco, os passeios serão revitalizados e, em alguns pontos, ampliados. Este é o caso, por exemplo, da interseção da via com a Rua Braz Bernardino, onde há um lote vago.
Quem explicou os detalhes foi o arquiteto da Prefeitura Leonardo de Paula, que assina o projeto. Segundo ele, os postes de iluminação também serão substituídos. “Vamos ainda resolver o conflito que existe entre os postes e algumas marquises de lojas, trocando as hastes por estruturas metálicas e implantando iluminação em LED, que resulta em mais conforto e qualidade”, explicou, acrescentando que também serão erguidos pequenos bancos ladeados por floreiras.
O ponto de Táxi da Rua Batista de Oliveira será mantido, no entanto, segundo a Settra, será deslocado para o trecho entre as ruas Santa Rita e São João.
Propostas no dia 16
A obra será executada pela empresa que apresentar garantias técnicas e financeiras e oferecer o menor valor pelo serviço, estimado em R$ 1.151.497,15. A intervenção será custeada pelo Ministério das Cidades, por meio do programa Pró-Transporte, e as propostas deverão ser abertas no próximo dia 16 na CPL. Após o término do processo licitatório e assinatura do contrato, caberá à empresa vencedora executar toda a obra em até dez meses, sendo que o contrato terá validade de 13 meses. A diferença, de acordo com o próprio edital, estima eventuais atrasos na emissão da ordem de serviço e também para a prestação de contas, assim como da emissão do termo de recebimento, a ser assinado pela Secretaria de Obras.
Os calçadões contemplam a primeira meta de um pacote de obras de mobilidade urbana que a Prefeitura tem aprovado com o Ministério das Cidades. Fazem parte deste grupo, ainda, a reestruturação urbana das avenidas Getúlio Vargas, Andradas e Francisco Bernardino, além da requalificação dos passeios da área central. Mas de acordo com a subsecretária de Coordenação e Projetos da Secretaria de Obras, Roberta Ruhena, estas etapas ainda não tiveram o início autorizados. Ao todo, o investimento é de R$ 31,5 milhões, sendo 1,5 milhão de contrapartida da Prefeitura.A expectativa é iniciar as obras neste primeiro semestre, caso não haja empecilhos durante a fase licitatória. Conforme Ruhena, para evitar grandes transtornos aos comerciantes e aos pedestres, deverá ser feita uma intervenção de cada vez. No entanto, o cronograma de construção será acertado posteriormente, junto à empresa vencedora do certame.
Mais espaço para cidadão usufruir do Centro
A iniciativa de se implantar mais calçadões no Centro, complementares às estruturas já existentes nas ruas Halfeld, São João e Mister Moore, integra as diretrizes estabelecidas para a mobilidade urbana no município. No Plano de Mobilidade Urbana, lançado pela Prefeitura no ano passado, existe a previsão de se executar intervenções físicas de caráter estrutural que assegurem ao pedestre qualidade em seus deslocamentos, em especial na área central. Já o Plano Diretor, que ainda deverá ser apreciado pela Câmara Municipal, aponta, entre os eixos de estruturação urbana, a priorização do transporte coletivo e a possibilidade de inserção de outros modais com a implantação de ciclovias e calçadões.
O arquiteto Marcos Olender destaca que a iniciativa é positiva, principalmente por permitir aos cidadãos caminhar pelas vias, usufruindo do espaço e se apropriando do Centro. “Se esses calçadões forem bem planejados, estimulando as pessoas a caminharem, vejo isso com muito bons olhos. Na prática, os pedestres vão poder se apropriar daquela área, já que hoje muitos caminham no meio da Batista, com os veículos trafegando com velocidade mais reduzida. O fluxo maior é de carros, não há ônibus circulando naquela áreas. Em relação ao ponto de táxi, ele poderá ser deslocado a uma área mais próxima. Vai melhorar muito a qualidade”, opina.
Em contrapartida, o especialista ressalta ser necessária a melhoria do transporte público na cidade, estimulando o uso desse serviço pelas pessoas. Tal medida minimizaria os impactos de engarrafamento na região central. “Complementar à ideia de se criar áreas urbanas com menos tráfego de veículos, que é um movimento internacional para os centros urbanos, a cidade tem que oferecer um transporte público de qualidade, e isso não existe hoje em Juiz de Fora. A questão do tráfego forte hoje não se deve ao fato das pessoas terem mais acesso à compra de carros, aumentando a frota. O problema é a falta de uma política de transporte público que estimule o cidadão a deixar o veículo em casa, uma política que privilegie o cidadão e não o lucro das empresas”, destaca.
Comércio
Na avaliação do presidente do Sindicomércio de Juiz de Fora, Emerson Beloti, os calçadões serão consequência do que já ocorre na prática. “De certa forma, vai ajudar o consumidor na medida em que ele poderá transitar com mais qualidade nesta área central, conhecida como um shopping a céu aberto.” Ele reitera, porém, a necessidade de reduzir os transtornos durante as obras. “Podemos conviver com tudo, até com certas dificuldades, mas não de forma muito agressiva, senão, de fato, vai atrapalhar muito.”