Pelo telefone


Por Júlia Pessôa

22/01/2017 às 07h00

Em algumas semanas, nada anda na vida da gente. Não estou falando das grandes catástrofes, perdas e tragédias. Refiro-me àqueles dias em que o carro não pega, chove bem na hora que você está saindo do trabalho e quando está no meio do caminho para algum lugar, percebe que esqueceu o celular carregando em casa. Não se morre disso, nem se devia perder o dia, mas como estamos todos quase sempre à flor da pele, no limite, pequenas irritações corriqueiras acabam franzindo nossa testa por um dia inteiro – os #goodvibes que me perdoem.

Minha última semana foi um tanto assim, cheia de pequenos azares cotidianos. O guarda-roupa que comprei, atrasado uma semana na entrega, finalmente chegou. Mas a empresa não montava. Contratei um montador, ele chegou lá em casa, viu que o “godarrôpa” era maior do que pensava, cobrou trinta paus a mais. O telefone tocou, número desconhecido, pra me avisar que não poderei continuar com um trabalho que amo. Fui arrumar o armário novo, minha rinite antológica atacou. Acordei 6h30 pra pegar o pilates das 7h, cheguei na academia toda animadinha, e o horário tinha mudado. Saí sem “brusinha”, ventou, tempo virou, rinite atacou de novo.

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Vejam vocês, nada disso é uma fatalidade ou uma tristeza. Apenas pequenos episódios de falta de sorte, do karma em ação ou qualquer mau agouro em que se acredite. Mas quando acontecem repetidamente, o sangue sobe à cabeça, e a gente primeiro espuma de raiva. Depois se sente desfavorecido na vida. Depois só se resigna e queria ter uma varinha de condão pra fazer as coisas darem certo. Nem precisava ser tão fácil assim. Podia ser um Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) para que a gente ligasse e ou recebesse um dia novo, sem tretas, ou fosse ressarcido pelas horas de desventuras. De preferência, em cash.

Já que a imaginação é minha e faço dela o que eu quiser, meu SAC hipotético funcionaria que seria uma beleza. Neste plano ideal, pra reverter má-sorte, bastava passar a mão no telefone. Mas cabreira que sou, não faria a ligação de jeito algum, podia não dar certo. Cruz credo, sai uruca, misericórdia! Na dúvida, pediria ao Jucá que telefonasse pra mim. Aí sim, tiro certo!

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