Deguste

No intervalo do cinema

Conheça diferentes restaurantes para se deliciar com gastronomia e cultura durante a Mostra de Cinema de Tiradentes

Há 20 anos, a Mostra de Cinema de Tiradentes transforma o mês de janeiro da charmosa cidade mineira (e de toda a região) em uma grande imersão na sétima arte nacional. Nesta edição comemorativa, o festival será realizado até o dia 28 de janeiro e reunirá 33 longas-metragens e diversos curtas em nove dias de programação gratuita. O cronograma também inclui oficinas e eventos culturais como shows, exposições e intervenções artísticas.
Além de desfrutar da mostra cinematográfica, quem se animar a visitar Tiradentes no período pode aproveitar para degustar os vários temperos da bela cidadezinha turística entre um filme e outro, a pé, como o clima da mostra sugere.

Ali no Largo das Forras, a praça principal da cidade, a boa pedida é a comidinha mineira ou a dobradinha petisco-e-cervejinha. Na primeira opção, o Bar do Celso, fundado em 1985, traz toda a mineiridade à mesa com preços surpreendentemente baratos. O estabelecimento tem uma carinha supersimples, com mesas de madeira e toalhas xadrez que remetem ao conforto de um almoço familiar. A dica é encarnar o mineiro e pedir um prato típico, como o tutu de feijão da casa, cremosíssimo e servido em uma charmosa cumbuca de ferro. O prato acompanha arroz, couve, linguiça, torresminho, pernil e costelinha e pode servir uma ou duas pessoas (para quem come pouco, o de uma pessoa pode até servir duas). A casa também possui pratos com carnes de porco variadas e outras opções, tudo no esquema “delicioso e barato” do bar, que já foi estrelado pelo Guia Quatro Rodas. Ótimo para almoço e de frente para o largo.

Happy hour e mineirices

Na esquina do Celso, tem o Templário, ideal para um happy hour. A carta de cervejas especiais e vinhos é bem diversificada, e a casa também trabalha com outras bebidas destiladas como uísque e rum. No cardápio, porções são o carro-chefe, mas há opções de pratos com carnes e peixes e acompanhamentos variados. A dica é aproveitar as influências germânicas do menu e apostar nas salsichas alemãs especiais ou em alguma iguaria típica, como o joelho de porco, que é de se comer rezando. Ah, sempre tem música ao vivo de qualidade, bom programa pro fim do dia.

Também na linha mineiríssima, o Restaurante Padre Toledo respira tradição, refletida não apenas na gastronomia, mas no ambiente decorado com belos móveis de jacarandá. Fundado em 1970 e instalado em um prédio de 1722, o restaurante tem como carro-chefe pratos famosos das Minas, como frango ao molho pardo”, “frango com quiabo”, “tutu à mineira”, e “feijão tropeiro”, acompanhados por lombo, costela, linguiça, torresmo e couve. A cachaça da casa, “Padre Toledo”, vai bem com qualquer uma das escolhas, ainda mais se acompanhada das boas histórias do garçom Pelé, há mais de 40 anos no estabelecimento.

Um pouco adiante do Largo das Forras, chega-se à Estalagem do Sabor, estrelada algumas vezes pelo Guia Quatro Rodas. O restaurante, cujo bom gosto salta aos olhos já na decoração externa, tem como carro-chefe os tradicionais mexidões. O destaque vai para sua criação mais conhecida, o “Mané sem Jaleco”, que leva arroz, feijão, couve, bacon, ovos, cebola, lombo levemente defumado e banana-maçã. O tempero é inesquecível e o bacon é bem fritinho, dando, além do sabor característico do corte, uma textura crocante ao prato.

Atrás da matriz, um doce

Nos fundos da igreja matriz, há uma excelente escolha para o jantar, no sugestivo “Atrás da Matriz” (não tem como errar a localização). No cardápio, há pizzas artesanais deliciosas, de massa douradinha e recheio farto, com muitas opções de sabor (inclusive sem carnes). Para quem não abre mão de uma refeição, vale apostar nos peixes da casa, sempre leves e com acompanhamentos que harmonizam com o pescado. A truta com castanhas e batatinhas sautée é investimento garantido.

Para os vegetarianos, durante a mostra a loja de artigos indianos Ganga Mai instalará, em sua charmosíssima cozinha subterrânea, o Ganga Mai, com pratos sem carne e opções veganas e cardápio que varia diariamente. As verduras e legumes são orgânicos e sempre frescos, plantados a 4km de Tiradentes.

Para encerrar o tour gastronômico, quem não resiste a um “docindileite” precisa conhecer o do Doce de Leite do Bolota. A doceria artesanal funciona nos fundos da casa onde o cozinheiro começou o negócio, hoje tocado por sua mulher e filhas. Diabético e aficionado por doces, Bolota inventou, em 1976, uma receita que leva apenas 200 g de açúcar para 15 litros de leite, resultando em um sabor que se assemelha ao doce de leite feito com leite condensado, mas com muito mais consistência e leveza. As irmãs Karine e Tânia Oliveira põem a mão na massa, mas quem dá o ponto é Dona Célia, a mãe, que também finaliza a geleia de pimenta e variados doces de frutas, hoje entregues para o Brasil inteiro via sedex.