O Morcego e a Gaviã

Por JÚLIO BLACK

04/01/2017 às 07h01 - Atualizada 03/01/2017 às 15h50

Oi, gente.

Ao contrário de 2015, a Panini foi econômica nos lançamentos no final do ano que se encerrou, mas o que chegou às nossas mãos valeu cada centavo investido. Dessa lista, já passamos os olhos em dois encadernados: o segundo volume de “Batman: Terra Um”, e “Gaviã Arqueira: Vingadora da Costa Oeste”.

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Começando pelo Morcegão: a continuação da visão alternativa da origem do Vigilante de Gotham continuou sob responsabilidade da dupla Geoff Johns (roteiro) e Gary Frank (arte) e mostra o que pode acontecer quando um personagem icônico é trabalhado por quem entende do riscado. Com a liberdade de não ter que se prender à cronologia oficial do personagem, Johns voltou a apostar em um Bruce Wayne mais obcecado em descobrir o responsável pela morte dos seus pais e que acha que pode combater a criminalidade de Gotham City apenas na base da porrada, a milhas de distância do brilhante detetive visto nas HQs – na história, ele é quem pede ajuda ao detetive James Gordon.

É esse justiceiro jovem e imprudente, cheio de si, que está enredado em uma trama que envolve corrupção no governo municipal e uma série de crimes cometidos por um criminoso que chama a si mesmo de Charada. Como bônus, a presença do Crocodilo nos esgotos da cidade, que agora é governada por Jessica Dent (uma antiga paixão de Bruce Wayne) e tem como promotor o incansável Harvey Dent, que nessa realidade tem ódio e desprezo pelo bilionário.

Ainda que não tenha o mesmo impacto do primeiro volume, a sequência de “Terra Um” se destaca por ajudar a desenvolver a relação entre Batman e James Gordon, mostrar um Bruce Wayne dividido entre as opções que tem para ajudar a tirar Gotham City do atoleiro de violência e corrupção e um Alfred Pennyworth ainda mais radical, que acredita que Batman deve instilar o pânico entre a bandidagem, mesmo que isso implique em muitos ossos quebrados e uma morte aqui, outra ali.

Mas o que mais gostei de ler nos últimos dias foi o encadernado com a Gavião Arqueira. O roteirista Matt Fraction deu uma pausa nas desventuras de Clint Barton, o Gavião Arqueiro, para mostrar as aventuras de Kate Bishop lá pelas bandas de Califórnia. Cansada de ver seu parceiro “jogando a vida fora”, a heroína parte com Sortudo, o cachorro, para a Costa Oeste – e tudo dá errado. Seu pai decide cancelar o cartão de crédito sem limites, ela perde praticamente todas as malas, fica sem grana e o melhor que consegue é trabalhar como cuidadora do gato de um casal de senhorinhas e oferecer os serviços de heroína de aluguel.

Mas trabalhar no ramo também não dá muito certo, pois logo na primeira missão ela dá de cara com a Madame Máscara, doidinha por uma vingança desde que Kate e o Gavião Arqueiro melaram uma negociação da vilã em Madripoor. É nesse contexto que ela ajuda um casal de senhores a realizar o casamento perfeito, tenta dar uma mãozinha para um cantor e compositor que é a versão em quadrinhos de Brian Wilson, se envolve com um caboclo que sempre aparece no setor de comida para gatos de um supermercado, apanha feito pobre na chuva dos capangas que usam roupas de assistentes de hotel e trabalha infiltrada como sushi girl, entre outras confusões. Ah, e também descobre que o fato de seu pai ter casado com uma amiga da sua idade é fichinha perto do que ele vinha escondendo.

Com pouco mais de 120 páginas, “Gaviã Arqueira: Vingadora da Costa Oeste” é leve, divertida, cativante, irônica, e entra na lista das coisas mais legais publicadas pela Marvel nos últimos anos. Cortesia de Matt Fraction, que soube pegar um personagem de segundo escalão e seguir uma linha fora do padrão tradicional das HQs de super-heróis, e que fica ainda melhor com a arte de Javier Pulido e Annie Wu. O negócio é tão uh-tererê que ele pode, inclusive, abrir mão do protagonista da série e fazer um arco exclusivamente com a coadjuvante, e mesmo assim todo mundo ficar feliz ao acompanhar as trapalhadas de Kate Bishop por Los Angeles e arredores.

A leitura das aventuras da Gaviã Arqueira é mais que recomendável, ah migos e ah amigas bípedes dotados de polegar opositor: é obrigatória.

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Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

Júlio Black

Júlio Black

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