Dengue pode causar complicações neurológicas
Além de hemorragia e choque, a dengue também pode causar complicações neurológicas. Foi o que apontou a pesquisa de mestrado e doutorado realizada pelo médico neurologista Adriano Miranda. O trabalho teve início em 2004, quando o médico atuou como consultor do Ministério da Saúde durante um surto de dengue no Estado de Rondônia e atendeu muitos pacientes com paralisia de membros inferiores ou superiores. “Toda vez que eu conversava com algum paciente que apresentava perda de força, ele tinha um histórico de dengue recente. Fizemos uma investigação e descobrimos que o vírus era um gatilho. Ele desencadeava no organismo um gatilho imunológico que criava anticorpos que agrediam o sistema nervoso, funcionando como uma doença imunomediada. Isso causava, na maioria das vezes, a lesão medular de mielite, que é uma inflamação da medula pelo vírus da dengue. Percebemos ainda que não era um acometimento agudo da dengue, era um quadro pós-infeccioso”, explica o neurologista que, este ano, foi eleito vereador em Juiz de Fora pelo PHS.
A pesquisa também apontou que as alterações neurológicas se davam em pacientes que tinham adquirido qualquer um dos quatro tipos de dengue: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4 e em qualquer intensidade, desde a branda até a hemorrágica. O estudo foi publicado com uma amostra de 26 casos. No entanto, Adriano conta que atendeu mais pacientes com complicações neurológicas decorrentes da dengue, mas esses pacientes não puderam entrar no estudo devido a critérios de inclusão. O médico ressalta que, como é um quadro pós-infeccioso, 99% dos pacientes responderam bem ao tratamento e não tiveram sequelas.
O neurologista enfatiza que em Juiz de Fora também deve ter ocorrido caso de mielite pós-dengue. “Acreditamos que esses casos são subnotificados do ponto de vista neurológico. A pessoa chega com quadro de encefalite ou mielite e ninguém relaciona com um gatilho viral da dengue.” Um novo estudo já foi aceito e está sendo desenvolvido pelo médico para definir o que leva a pessoa a ter predisposição para as lesões neurológicas após a infecção viral.
Para Adriano, o estudo é importante para que as pessoas reconheçam que a dengue pode ter complicações graves neurológicas. “É uma informação a mais para a população ficar atenta, se conscientizar, manter a casa sem criadouros. A comunidade médica sabe muito pouco sobre complicação neurológica. Isso tem que ser mais difundido.”
O estudo venceu o Prêmio Helcio Alvarenga realizado pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) e foi publicado em uma revista internacional em 2015.
Novo Liraa será em janeiro
Na tentativa de barrar a proliferação do mosquito Aedes aegypti em 2017, o Município realizou mudanças na metodologia de combate ao vetor. Os 220 agentes de endemias foram regionalizados em unidades de atenção primária à saúde (Uaps) e contam agora com o apoio dos agentes comunitários de saúde. O subsecretário de Vigilância em Saúde, Rodrigo Almeida, afirmou, em debate realizado pela Rádio CBN, na manhã de ontem, que em janeiro será realizado um novo Levantamento de Índice Rápido do Aedes aegypti (Liraa) para que seja averiguado quais locais há maior infestação do mosquito.
“Em 2015, a Zona Norte foi a vilã. Neste ano, a doença atingiu mais a Zona Sul. Assim, tivemos picos de atendimento na rede privada. Tivemos plantões de 12 horas com 500 atendimentos. Temos que aprender com a epidemia que vivemos no início do ano.” Rodrigo ressaltou que com a melhora nas notificações realizadas pelas unidades de saúde será possível realizar um bloqueio mais rápido.
A engenheira ambiental do Demlurb Gisele Teixeira conta que há três ecopontos em Juiz de Fora, que são locais para entrega voluntária de resíduos volumosos, como fogões e móveis velhos e materiais da construção civil. Um fica na usina de triagem no Bairro Nova Benfica, na Zona Norte, onde podem ser levados pneus. Os outros dois ficam próximo ao Estádio Municipal, no Bairro Dom Orione, na Cidade Alta, e no Bairro Bom Jardim, na região Leste.