Falta de cinto de segurança é a infração mais recorrente


Por Eduardo Valente

20/12/2016 às 08h14- Atualizada 20/12/2016 às 09h40

Blitz educativa marcou ontem o início da operação especial de fim de ano, realizada pela 4ª Companhia de Meio Ambiente e Trânsito Rodoviário da Polícia Militar, com participação da Settra, da PRF, do DER e do Serviços de Transporte Nacional de Aprendizagem (Foto: Olavo Prazeres 19-12-2016)
Blitz educativa marcou ontem o início da operação especial de fim de ano, realizada pela 4ª Companhia de Meio Ambiente e Trânsito Rodoviário da Polícia Militar, com participação da Settra, da PRF, do DER e do Serviços de Transporte Nacional de Aprendizagem (Foto: Olavo Prazeres 19-12-2016)

As estradas da região começam a receber fluxo maior de veículos esta semana, por causa das festas de fim de ano. E nesta época, mais que atenção redobrada quanto às condições da malha viária, o condutor precisa estar atento a outro inimigo: ele mesmo. De acordo com levantamento da 4ª Companhia Independente de Meio Ambiente e Trânsito Rodoviário da Polícia Militar (4ª Cia.Ind.Mat.), 1.685 motoristas foram flagrados em 2016 sem cinto de segurança nas 15 rodovias de competência do Estado de Minas Gerais na Zona da Mata. As ocorrências referem-se ao intervalo compreendido entre janeiro e novembro e representa aumento de 9% sobre a mesma infração, em igual período de 2015.

Balanço da 4ª Cia.Ind.Mat. aponta 1.236 acidentes em 2016, que deixaram 1.260 feridas e 70 mortas. No ano anterior, foram 1.194 acidentes, mas com 1.306 machucadas e 81 óbitos. Além da falta de cinto de segurança, outros abusos são veículos sem o devido licenciamento (1.315 casos) e com o farol apagado durante o dia (1.100).

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Na manhã de ontem, uma blitz educativa com este foco aconteceu no posto da MG-353, na saída de Grama. O trabalho também deu início à operação especial de fim de ano, que se estenderá até o dia 31. “Percebemos pelas estatísticas que o não uso do cinto de segurança é a principal infração de trânsito nas estradas da nossa região. Trata-se de uma infração grave, com perda de cinco pontos na carteira e multa de R$ 195”, disse o tenente Jader Augusto Oliveira, comandante do Pelotão de Trânsito Rodoviário.

Ele avalia que a imprudência não é exclusiva aos motoristas, mas também dos passageiros, principalmente os que estão no banco traseiro. “Na blitz de hoje (ontem) identificamos passageiros sem cinto em carros e ônibus. Foi uma abordagem educativa, a fim de orientação. A partir de amanhã (hoje), aplicaremos a multa.” Ainda conforme tenente Jader, muitos dos acidentes registrados na via estão relacionados à falta do uso do cinto. “E quando não faz, motoristas e passageiros têm lesões muito mais graves, sem contar as vítimas fatais.”

Falta hábito
O mestre em sociologia pela Universidade Federal de Brasília (UNB) e especialista em segurança no trânsito, Eduardo Biavalti, disse que a falta de respeito quanto ao uso do cinto de segurança não é uma exclusividade da Zona da Mata. Ele, que é autor do livro “Rota de Colisão”, que aborda a violência nas ruas e nas estradas, e participou efetivamente da origem do atual Código de Trânsito Brasileiro (CTB), disse que faltam campanhas de conscientização. “Uma pesquisa importante feita em 2009, 2012 e 2015 com estudantes de 13 e 14 anos, em todo o Brasil, apontou o mesmo resultado. De cada dez jovens, apenas quatro afirmam usar sempre o cinto. Supostamente, se formarão motoristas que não terão este hábito, o que nos leva a suspeitar se tratar de um hábito validado por toda a família.”

E o pior, segundo Bivalti, é que as campanhas não estão sendo feitas. Segundo ele, o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) não promove um trabalho em todo o país há pelo menos três anos. “Temos exemplos bons de educação, mas são pontuais. Viajo o Brasil todo ministrando palestras para órgãos públicos e é comum não ter representantes da Secretaria de Educação entre os presentes.”

Trecho da MG-353 é o mais perigoso

De todas as estradas monitoradas, há sete trechos em que a incidência de acidentes é maior. A que computa o maior número de registros é, também, a mais próxima de Juiz de Fora. Trata-se da MG-353, entre Coronel Pacheco e Goianá. De pista simples e grande demanda de automóveis e caminhões, a estrada é, ainda, o principal acesso entre a maior cidade da Zona da Mata e o Aeroporto Regional. Foi exatamente neste trecho, km 51, que um homem de 63 anos morreu no dia 9 de novembro. Na ocasião, ele teria perdido o controle da direção do carro que conduzia, caindo em um talude de aproximadamente 20 metros. O óbito foi constatado ainda no local.

Na sequência, como as mais perigosas da Zona da Mata, segundo o número de ocorrências registrado, estão a MG-265, entre Rio Pomba e Ubá, a MG-447, de Ubá a Visconde do Rio Branco, e a BR-120, de Viçosa a Teixeiras.

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Reforço no efetivo
Conforme tenente Jader, os acidentes nas estradas são resultado de um conjunto de fatores, que vão desde a imprudência do condutor, que não respeitam limites de velocidades e as sinalizações até as características das estradas, muitas sinuosas e de pista simples. Ele lembrou, também, que uma das principais imprudências identificadas na região é a de dirigir sem possuir Carteira Nacional de Habilitação (CNH) ou permissão. “São pessoas que realmente não tem noção e domínio do veículo.”

Pelo levantamento, foram flagrados 953 motoristas flagrados sem CNH ou permissão para dirigir e ainda as 654 ocorrências por ultrapassagem em faixa contínua. Por esta razão, segundo o tenente, até o dia 31, com as operações especiais, haverá trabalhos específicos nos trechos de maior incidência. Além disso, as equipes terão reforços de viaturas e policiais que trabalham no setor

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