Serviço de vigilância é terceirizado


Por Eduardo Valente

04/12/2016 às 07h00

Em Juiz de Fora há dois tipos de radares em funcionamento, um que identifica apenas a velocidade incompatível com a sinalização e aquele que, além deste recurso, flagra avanços de semáforos e paradas sobre a faixa de pedestres. O dispositivo que mais multou este ano é o de tríplice função instalado na Avenida Deusdedit Salgado, no sentido bairro/Centro, em direção ao Centro. Apenas ele contabilizou 7.308 abusos, o que representa 15% de todas as imprudências flagradas nas ruas. Por outro lado, o menos demandado registrou somente 284 abusos, na Ladeira Alexandre Leonel, também no Cascatinha (ver quadro).

“Importante dizer que o objetivo dos radares não é dar lucro, e sim disciplinar o trânsito. Precisaríamos até ter mais pontos monitorados, pois não conseguimos multar tudo que deveria. É a indústria do desrespeito às regras, e não indústria da multa”, disse o secretário Rodrigo Tortoriello, destacando que todos os custos de manutenção do sistema aumentaram nos últimos anos, enquanto a arrecadação se manteve a mesma. Ele lembrou que, apenas em outubro, foram atualizados os valores das multas pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran), o que não era feito desde o ano 2000. Mas ainda não se sabe o reflexo desta situação nos cofres públicos. “Temos a maior inadimplência dos últimos anos. Quando assumimos a secretaria (2013), este índice ficava entre 25% e 30%, o que nos permitia uma arrecadação maior”.

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Controle social

Para a cientista social Andreia Santos, professora da Pontifícia Universidade Católica (PUC/MG) e especialista em violência no trânsito, o radar não pode ser encarado como instrumento arrecadador. Segundo ela, o custo para manter os dispositivos é mais caro do que se arrecada em qualquer lugar do país, o que não exime sua importância. “É controle social, e o governo acaba ganhando de outras maneiras. Ao prevenir um acidente de trânsito, ele reduz os gastos com hospital e medicamentos, além de minimizar os impactos junto ao INSS e no Judiciário. Quem diz que radar é máquina de dinheiro são os condutores imprudentes.”

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