JF tem quatro escolas ocupadas por secundaristas


Por Michele Meireles

09/11/2016 às 08h02- Atualizada 09/11/2016 às 08h46

Escola Estadual Almirante  Barroso está ocupada desde a última segunda-feira (7) (Foto: Olavo Prazeres 08-11-2016)
Escola Estadual Almirante Barroso está ocupada desde a última segunda-feira (7) (Foto: Olavo Prazeres 08-11-2016)

A mobilização dos estudantes secundaristas contra a PEC do teto, a reforma do ensino médio e o projeto escola sem partido ganhou novo fôlego ontem, com a ocupação de duas novas instituições de ensino em Juiz de Fora, subindo para quatro o número de colégios ocupados na cidade. Alunos das escolas estaduais Almirante Barroso, em Benfica, Zona Norte, e Duque de Caxias, no Centro, deliberaram pela ocupação das duas unidades, após assembleia dos discentes. Ambas se somam à movimentação dos alunos do Colégio de Aplicação João XXIII e do IF Sudeste/Campus Juiz de Fora, ocupados desde a última segunda. Para amanhã, a Escola Estadual Nyrce Villa Verde Coelho de Magalhães, conhecida como escola Tupã, no Bairro São Pedro, também tem previsão de ser ocupada. Um ato convocado pelo movimento Secundas JF será realizado hoje ao meio-dia, com concentração no Parque Halfeld.

Na escola Almirante Barroso, a ocupação teve início na noite da última segunda. Por volta das 9h de ontem, cerca de 300 jovens se reuniram em assembleia para discutir os rumos do movimento. Enquanto isso, professores e funcionários aguardavam do lado de fora. Por uns instantes, o clima ficou tenso entre jovens favoráveis ao movimento e estudantes contrários, a maioria alunos do terceiro ano do ensino médio. Alguns alegavam que a decisão, tomada de forma não unânime, compromete o andamento do calendário letivo. Segundo os alunos, haveria prova nesta terça-feira. As aulas, no entanto, foram suspensas.
Já no colégio Duque de Caxias, uma assembleia no pátio suspendeu as aulas para 750 alunos do turno da manhã. No início da tarde, eles ocuparam as instalações da instituição, espalhando cartazes por toda a escola. Também foram oferecidas oficinas culturais de dança, artes marciais, música e teatro. Segundo os estudantes, a maioria dos alunos presentes na assembleia aprovou o movimento. As aulas foram normalizadas para o ensino fundamental, enquanto o ensino médio será convidado a participar das oficinas e aulões no âmbito do movimento.

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Além dos quatro colégios ocupados, as discussões sobre a PEC do Teto e a reforma do ensino médio também estão acontecendo em outras unidades. Na Escola Normal, dois debates já foram realizados, um inclusive com defensores da medida econômica do governo, além de um ato no Parque Halfeld na semana passada. Eles se somam à movimentação do Secundas JF. Na escola Tupã, no São Pedro, a mobilização contra a PEC está sendo empreendida por um grupo de alunas que inclusive se reunirá hoje em assembleia para a reorganização do grêmio estudantil.

Pais procuram entender o movimento
Na busca por garantir a efetividade das ações, com suspensão das aulas do ensino médio, a ação dos secundaristas tem despertado em alguns pais e alunos a preocupação em relação ao cumprimento dos dias letivos, alguns inclusive se opondo ao movimento. As direções das escolas têm agido de modo a tentar conciliar demandas, a fim de não haver prejuízos a nenhuma das partes.

Diretora da escola Tupã, Alessandra Ornellas explica que alguns pais já demonstraram insatisfação com as ocupações, mas que, nas assembleias, puderam ouvir os estudantes e estão buscando compreendê-los. “Não há ocupação sem pais no meio. Eles estão entendendo que os alunos estão muito bem pautados, colocando de forma clara os impactos de tais medidas. A escola tem que respeitar o movimento, mas tem que ficar neutra nessa situação, orientando sobre a importância de se zelar pelo patrimônio e também para não se colocar pessoas de fora da escola no meio, por exemplo.”

Tendo se reunido na noite de ontem, pais de alunos do Colégio João XXIII também discutiram a situação. Na semana passada, eles já haviam emitido uma moção de apoio à mobilização. “Entendemos que o melhor seria declarar o apoio a essa luta porque estamos preocupados com os impactos dessas medidas. A gravidade é alta, e os meninos souberam se organizar e se mobilizar. Vamos continuar acompanhando e avaliando cada momento”, afirma o presidente da Associação de Pais, Edson Faria.

Por nota, a assessoria de comunicação da Secretaria Estadual de Educação esclareceu que “tem orientado as Superintendências Regionais de Ensino e direções das escolas a atuarem na defesa dos direitos dos estudantes no sentido de manterem as escolas funcionando e de garantirem a segurança das manifestações pacíficas. O IF Sudeste considera a manifestação dos estudantes legítima, uma vez que o movimento é pacífico e tem preservado as atividades acadêmicas e a estrutura física da escola.

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