1991, um ano para ser ouvido – Parte 1

Por JÚLIO BLACK

04/11/2016 às 11h03 - Atualizada 04/11/2016 às 11h03

Oi, gente.

Estava em casa com Antônio, O Primeiro de Seu Nome, ouvindo alguns clássicos do rock quando tocou “With or without you”, do U2, e bateu aquela vontade de colocar um DVD dos irlandeses. A escolha recaiu sobre “Zoo TV – Live from Sydney”, e aí lembrei que “Achtung baby” foi lançado em 1991. Uma rápida busca no Google mostrou a data exata (19 de novembro), e eis que resolvi mudar o tema da coluna, que falaria dos novos álbuns dos Pixies e de Leonard Cohen.

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Mas veja só, não vamos falar de “Achtung baby” – pelo menos por enquanto, este ficará para as próximas semanas. Porque foi então que me dei conta que uma Carreta Furacão de excelentes discos foram lançados também em 1991: R.E.M. (“Out of time”), Motörhead (“1916”), Pearl Jam (“Ten”), Nirvana (“Nevermind”), Sepultura (“Arise”), De La Soul (“De La Soul is dead”), Soundgarden (“Badmotorfinger”), Ratos de Porão (“Anarkophobia”), Public Enemy (“Apocalypse 91”), Teenage Fanclub (“Bandwagonesque”), Red Hot Chili Peppers (“Blood Sugar Sex Magik”), Beat Happening (“Dreamy”), Ozzy Osbourne (“No more tears”), Ice-T (“O. G. Original Gangster”), Mudhoney (“Every good boy deserves fudge”), Legião Urbana (“V”), N.W.A. (“Niggazz4Life”), Kraftwerk (“The Mix”), Pixies (“Trompe le monde”) Paralamas (“Os grãos”)…

…E Dinosaur Jr. (“Green mind”), Metallica (“Black album”), Rush (“Roll the bones”), Primal Scream (“Screamadelica”), EMF (“Schubert dip”), Smashing Pumpkins (“Gish”), Blur (“Leisure”), Primus (“Sailing the seas of cheese”), Saint Etienne (“Fox Base Alpha”), Jesus Jones (“Doubt”), Massive Attack (“Blue lines”), The Orb (“The Orb’s adventures beyond the Ultraworld”) e outros infinitos etceteras.

Esse rol de pérolas musicais inclui um álbum lançado há exatos 25 anos, no abençoado 4 de novembro de 1991: “Loveless”, do My Bloody Valentine, clássico supremo e incontestável do shoegaze, uma das ramificações do rock alternativo em que os sons das guitarras são revirados, torcidos e distorcidos à enésima potência para a galera dançar olhando para os próprios sapatos – daí o nome do estilo. Foram dois anos em que o líder da banda, o guitarrista e vocalista Kevin Shields, mergulhou de cabeça no estúdio junto com seus comparsas (Bilinda Butcher nas guitarras e vocais; Colm Ó Cíosíg na bateria e samplers; e Debbie Googe no contrabaixo) e torrou nada menos que 250 mil libras esterlinas da gravadora Creration, que quase foi à falência devido à dinheirama investida no projeto.

Apesar de não ter obtido sucesso comercial, “Loveless” é considerado um dos melhores discos de rock lançados na década de 1990, referência musical para muita gente que veio depois e que até hoje soa atual e essencial para quem gosta de boa música. A catarse guitarrística promovida pelo My Bloody Valentine legou para as futuras gerações clássicos como “Only shallow”, “I only said”, “Come in alone”, “When you sleep”, “What you want”, “Loomer” e a minha preferida, “Soon”: sete minutos de guitarras distorcidas acompanhadas de uma batida eletrônica que faz qualquer cidadão de respeito dançar olhando para seus respectivos calçados pelos próximos 25 anos.

Semana que vem falaremos de outro clássico de 1991: “Bandwagonesque”, do Teenage Fanclub.

Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

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Epílogo
Anote na sua agenda, ah migo leitor e ah miga leitora: a coluna passa a ser publicada na Tribuna às quartas-feiras a partir de 9 de novembro.

Júlio Black

Júlio Black

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