Pichações em Ibitipoca revoltam visitantes


Por Guilherme Arêas

06/01/2015 às 10h16- Atualizada 08/01/2015 às 08h31

Pichação foi feita nas proximidades do Lago das Miragens, um dos pontos mais visitados do parque
Pichação foi feita nas proximidades do Lago das Miragens, um dos pontos mais visitados do parque

Pichações feitas em uma pedra no Parque Estadual do Ibitipoca, a cerca de 70 quilômetros de Juiz de Fora, revoltaram visitantes, internautas e até a administração do local. Pelo menos dois símbolos foram pichados contendo as iniciais “JF”, sugerindo que os autores possam ser de Juiz de Fora. A professora Danielle Arruda, 29 anos, registrou o vandalismo no último sábado (2), enquanto visitava o parque, e compartilhou em sua página no Facebook. “Quem souber de quem esse grafite é símbolo, denuncie. Os responsáveis serão proibidos de entrar em parques estaduais e punidos pela degradação do meio ambiente. Entrem em contato pelo endereço peibitipoca@meioambiente.mg.gov.br”, sugere.

Inscrição sugere que vandalismo pode ter sido feito por visitantes de Juiz de Fora
Inscrição sugere que vandalismo pode ter sido feito por visitantes de Juiz de Fora

A pichação foi observada pouco antes do Lago das Miragens, próximo à cantina, um dos locais mais visitados do parque e que faz parte do Circuito das Águas. No primeiro dia do ano, um amigo da professora já tinha avistado a pintura, que parece ser recente. “O parque estava muito cheio nesses dias, sempre com lotação esgotada”, explica.

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O gerente do Parque Estadual do Ibitipoca, João Carlos Lima de Oliveira, afirma que este é o primeiro caso de pichação em cerca de dez anos em que está à frente da gerência do local. “Essa é uma área natural. Precisamos que o público se conscientize de que uma coisa dessa não se faz em lugar algum.” Conforme João Carlos, pouca coisa pode ser feita agora. “Se a pessoa fosse pega em flagrante, acionaríamos a polícia florestal, que faria um boletim de ocorrência e encaminharia o caso para a Justiça. E nós exigiríamos a reparação dos danos.”

A visitação no parque estava limitada a 300 pessoas por dia nos dias úteis e a 800 por dia aos sábados e domingos, feriados nacionais e/ou estaduais do Estado de Minas Gerais. Uma portaria mudou a regra e, desde o dia 1° de janeiro, aumentou a capacidade para 1.200 pessoas. “Estamos fazendo o acompanhamento para medir o impacto dessa visitação, para que não haja prejuízo. Ainda é cedo para avaliar, mas, apesar dessa pichação, acredito que o impacto será mínimo, devido ao trabalho de conscientização que fazemos e até pelo tipo de público que recebemos.”

Conforme resolução do Instituto Estadual de Florestas (IEF), o usuário é co-responsável pela preservação do patrimônio natural, cênico, histórico e cultural das Unidades de Conservação Estaduais, bem como de suas instalações e equipamentos. “Cabe ao visitante usar adequadamente as instalações, equipamentos e mobiliários das hospedagens inseridas nas Unidades de Conservação e, em caso de uso irregular que cause dano, arcar com a indenização a que se fizer jus, conforme regulamento interno da UC.”

 

Preservação

[Relaciondas_post]O Parque Estadual de Ibitipoca é o mais visitado em Minas, conforme o IEF. A região é rica em belezas naturais, com cachoeiras, grutas, mirantes. A fauna apresenta espécies ameaçadas de extinção, como a onça-parda e o lobo-guará. O debate sobre a ocupação do entorno da reserva vem ganhando destaque nos últimos meses. Em dezembro, a Justiça concedeu uma liminar determinando que a cidade de Lima Duarte suspendesse todos os alvarás municipais que tenham autorizado qualquer tipo de intervenção no distrito de Conceição de Ibitipoca. A ordem atende a um pedido do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), que exige providências a respeito de irregularidades urbanísticas e ambientais no local.

No mês anterior, também a pedido do MPMG, a Justiça concedeu medida cautelar suspendendo a comercialização de terrenos em loteamento clandestino na localidade de Cachoeirinha, também em Conceição de Ibitipoca. A medida ainda determina a retirada de todos os anúncios de venda de terrenos no loteamento Nova Ibitipoca. Segundo a promotora de Justiça Natália Salomão de Pinho informou na época, o loteamento não contava com infraestrutura e oferecia riscos ao meio ambiente. 

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