Ações individuais tecem corrente do bem
No dicionário, a palavra empatia tem como significado “processo de identificação em que o indivíduo se coloca no lugar do outro”. Saindo das letras para traduzir um conceito na vida real, também poderia significar transformação. É isto que mostra a história de duas juiz-foranas, com idades e cotidianos diferentes, que se encontraram por conta da capacidade de se solidarizar com o sofrimento do outro e a vontade de querer amenizá-lo. Por meio de ações individuais de amor ao próximo, elas criaram uma corrente do bem na cidade.
Aos 30 anos, Laura Meurer divide o seu tempo entre dois empregos, a vida de dona de casa, mãe, esposa e as visitas que faz a 17 famílias que apoia por meio de doações, não só materiais, mas também de carinho e afeto. Bastante discreta, ela conta sobre essa iniciativa como algo que foi incorporado ao seu cotidiano, e fala destas pessoas como uma extensão da própria família. “Dou uma força com alimentos, roupas, remédios e outras necessidades. Converso para saber qual é o melhor dia para a visita, de forma que eu não atrapalhe a rotina delas. Na prática não parece ser tanta gente e não é nem um pouco cansativo. São todos muito carinhosos comigo. É um amor recíproco, que só cresce, e essas famílias viraram minhas também.”
A primeira oportunidade de ajudar veio há alguns anos de forma inesperada. “Eu estava no Parque Halfeld esperando uma amiga, quando uma senhora sentou ao meu lado chorando muito. Começamos a conversar, ela segurava minha mão enquanto falava, e eu percebi a urgência. Peguei o endereço e afirmei que apareceria no dia seguinte com a ajuda.”
O auxílio é dado por meio de recursos próprios ou obtidos com outras pessoas. Durante a visita, ela busca conhecer cada integrante da família e trilhar junto com eles um caminho para que consigam se autossustentar, orientando sobre oportunidades de emprego. A primeira família ajudada por Laura, hoje realiza este mesmo tipo de trabalho solidário. “A ajuda pode vir com atitudes pessoais, amor, recursos materiais. Podemos doar sorrisos, um bom dia, conselhos. Não há medição dos atos, e sim, importância neles. O amor é a solução.”
E foi tecendo essa corrente do bem, que a história de Laura cruzou com a da aposentada E., que preferiu não se identificar. Também muito discreta e bastante tímida, a senhora de 83 anos se dedica, há mais de uma década, a fazer o bem ao próximo. “Junto minhas economias e monto 20 cestas básicas para doar todo mês. Laura chegou até mim pedindo ajuda para algumas das famílias que ela auxilia. Nós duas tentamos fazer o possível para não ver tantas pessoas sofrendo.”
Além dos mantimentos, a aposentada faz arrecadação de roupas, cobertas e móveis. “A gente fica sabendo que alguém precisa e vai recorrendo aos conhecidos. Tem dias que minha casa está cheia de doações, e eu fico muito feliz em poder ajudar.”
Motivação
Ambas contam que a motivação nestas ações está em poder amenizar o sofrimento do outro. “Fico triste quando vejo que a necessidade é maior do que eu posso ajudar. Mas é incrível, de alguma forma a ajuda sempre aparece”, conta E. “As pessoas chegam a mim de várias maneiras, nos acasos, nas indicações, pela internet. Acredito que as pessoas que oram, seja qual for as crença, sempre são atendidas. Quando as situações chegam ao meu conhecimento, entro em contato o mais rápido possível, converso com a família para ter certeza de que todos estão de acordo com a ajuda e busco atendê-la, inclusive, de forma que possa caminhar sozinha futuramente”, explica Laura. Quem quiser contribuir para as cestas básicas doadas por ela pode entrar em contato pelo e-mail laura.b.meurer@gmail.com
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