Seriados em série, parte dois (ou como “Westworld” é legal)

Por JÚLIO BLACK

14/10/2016 às 07h01 - Atualizada 13/10/2016 às 15h56

Oi, gente.

Continuamos nosso encontro às cegas com os novos seriados lançados nos Estados Unidos, desta vez com quatro produções bem diferentes entre si. Uma delas é “Easy”, do Netflix, que parece ser interessante mas vamos deixar para avaliar depois por um motivo simples: são apenas oito episódios, cada um com atores e situações diferentes. Como o primeiro episódio foi divertido, melhor analisar pelo todo. Outra que entrou na lista é “Luke Cage”, também do Netflix, mas o bagulho é tão bom, irado e cabuloso que também preferimos deixar para comentar ao final da temporada.

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Falemos das outras duas, então. “Westworld”, do HBO, é cria de Lisa Joy Nolan e Jonathan Nolan e tem J.J. Abrams como um dos produtores. A série é adaptação do longa-metragem escrito e dirigido por Michael Crichton (escritor de “Jurassic Park”) em 1973. Além da grife na produção, “Westworld” conta com um elenco de dar inveja a muito filme por aí, incluindo os nomes de Anthony Hopkins, Ed Harris, James Marsden, Thandie Newton, Jeffrey Wright, Rodrigo Santoro e o furacão em forma de mulher chamado Evan Rachel Wood.

Assim como boa parte das produções da HBO, “Westworld” tem muita violência, sexo, palavrões e questões existencialistas – no caso da atração, a pergunta é: o que define “ser” humano, afinal? A série se passa em um ponto indeterminado do futuro, em que uma corporação cria um parque temático baseado no Velho Oeste americano e que as pessoas podem visitar e passar alguns dias, desde que tenham grana de sobra. É o Westworld, local habitado por robôs programados para interagir com os recém-chegados e oferecer a eles a maior e melhor imersão possível neste mundo de fantasia. E esta “maior e melhor” é um vale-tudo totalmente despido de qualquer limite moral para os visitantes: lá, você pode conversar, namorar, fazer sexo, estuprar, torturar, espancar e matar os anfitriões, sem ter que prestar contas disso.

Os androides, por sua vez, são programados para não ferir e matar os visitantes, no máximo fazer aquela ameaça básica e emular o máximo possível o comportamento humano. E desconhecem o fato de que são robôs programados para servir de entretenimento. Cada amanhecer é um novo dia para eles, pois suas memórias são apagadas a cada 24 horas. É como se vivessem um eterno Dia da Marmota. No máximo, recebem novas atualizações para parecem ainda mais realistas, reparos quando apresentam defeitos ou transferidos de cenário.

Muito bom para ser verdade, correto? E é isso que conferimos nos dois primeiros capítulos. Já deu para perceber que alguma coisa vai dar muito errado, pois alguns robôs começam a apresentar comportamentos inesperados, travam, passam a ter recordações de “vidas passadas” e coisas do tipo, além da galera que vai para o parque e joga na cara dos coitados que eles não são reais. Vai ser interessante saber como os androides vão reagir ao suplantarem sua programação original e tomarem consciência do que são e a forma como são tratados pelos humanos. Ah, e temos o Ed Harris muito louco das ideias, como um visitante em tempo integral que está a fim de estuprar, torturar e matar os habitantes de Westworld, além de encontrar um misterioso labirinto.

Numa escala de zero a cinco Anthonys Hopkins fazendo o mesmo papel de velho sábio, “Westworld” merece quatro, com todo potencial para chegar a cinco.

E por último temos “Aftermath”, uma enganação daquelas. Nisso que dá gostar de histórias de fim do mundo, civilização em ruínas etc. A sinopse até que era legal, a humanidade precisando lidar com o fato de que o planeta está zoado e o meio ambiente pirou legal, mas a verdade é que assisti a dois episódios desse troço e desanimei. “Aftermath” é uma mistura de “2012” com “Revolution”, “Lost”, “Guerra Mundial Z”, “The walking dead” e aqueles filmes bisonhos do SyFy.

Tudo na série está errado: o elenco é fraco, os efeitos especiais não convencem, todo mundo anda e não chega a lugar algum – e o mundo nem parece que acabou de verdade! Para piorar, uma porção de gente parece infectada por um vírus no estilo “Extermínio”, mas na verdade foram possuídas (?) por demônios (?) que saem flutuando quando os hospedeiros são mortos. E ainda tivemos um dragão (!) no final do segundo capítulo dessa série que é um amontoado de clichês.

Numa escala de zero a cinco Lostzillas, “Aftermath” leva um, e mesmo assim com muita boa vontade.

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Estamos conversados? Espero que sim.

Vida longa e próspera. E obrigado pelos peixes.

Júlio Black

Júlio Black

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