Troca essencial


Por EDUARDO ROCHA - AUTO PRESS

22/09/2016 às 07h00

À primeira vista, o que a Fiat fez com o Uno poderia ser confundido com um “lançamento de grade”, classificação jocosa da imprensa automotiva para apresentações de modelos com mudanças quase imperceptíveis em relação ao do ano anterior. Ainda mais porque o Uno 2017, de fato, ganhou uma nova grade, com um desenho que o aproxima visualmente do pequeno Mobi. A grande novidade do Uno está sob o capô, nos motores de três e quatro cilindros da nova família Firefly – vagalume em inglês. Só que o destino do novo propulsor não tem nada de errático: ele certamente vai se espalhar por toda a linha de compactos da Fiat. A capacidade de produção da renovada planta de motores em Betim é de 400 mil unidades/ano – praticamente a atual produção de automóveis da Fiat. O Uno 2017 é, portanto, apenas o começo.

O Firefly era para ter aparecido, na verdade, no lançamento do Mobi, em abril passado. Ele seria responsável por cria uma imagem mais moderna para o subcompato. Só que a Fiat teve de escolher entre atrasar o carro ou lançá-lo com o antigo motor Fire. A opção por finalizar o novo motor sem pressa tem a ver também com o fato de o Firefly trazer conceitos pouco usuais para os dias de hoje, mas que conseguem tornar a produção e a manutenção do motor bem mais baratas. Para começar, ele tem “apenas” duas válvulas por cilindro, ao contrário de motores 1.0 de três cilindros de rivais como Volkswagen, Ford, Hyundai e Nissan, que têm quatro válvulas por cilindro. A lógica é a seguinte: um cabeçote com metade de peças móveis tem menores chances de dar problema.

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Outra “moda” que a Fiat desprezou foi a injeção direta de combustível. Para a engenharia da empresa, este recurso é caro e indicado para motores pensados para receber turbo-compressor – o que não é o caso do Firefly. Mas há outro motivo para a Fiat se manter na injeção multiponto. O novo propulsor utiliza um sistema que faz parte dos gases do escape recircularem na câmara de combustão quando a potência não é solicitada. Dependendo da situação, eixo de comando com variador de tempo de abertura atrasa ou adianta o movimento das válvulas. Segundo a Fiat, este conjunto pode gerar uma economia de até 7% no consumo de combustível.

Essas novidades resultam em números admiráveis na ficha técnica do Fireflex. O motor 1.0 tem entre 72 e 77 cv, com gasolina e com etanol e um torque de 10,4 a 10,9 kgfm _ o maior atuamente no Brasil entre os motores 1.0 aspirados. O motor 1.3 tem potências entre 101 e 109 cv e torque de 13,7 a 14,9 kgfm. Além disso, pelo números do Conpet, o Uno 1.0 ficou 10% mais econômico que o antecessor e a versão 1.3 consome 15% a menos que o antigo Fire 1.4 8V.

Outra evolução que o Uno 2017 apresenta é nos sistemas dinâmicos, controlados pelo módulo do ABS. Quando equipado com o câmbio automatizado Dualogic, o compacto passa a vir de série com controle de estabilidade e tração e assistência de partirda em rampa. O câmbio, no entanto, acrescenta salgados R$ 4.350 ao preço final do modelo. Nas demais versões, os recursos podem vir dentro de um pacote de equipamentos opcionais que custa em torno de R$ 3.700. Some-se a isso o acréscimo de quase R$ 2 mil na mudança da linha 2016 para 2017, o Uno sai por mais de R$ 57 mil. Os recursos e o preço criam um espaço maior para o Mobi e aproxima o Uno do Palio – que deve ser o próximo a receber o Firefly. Apesar de ter um motor moderno e eficiente para oferecer, a Fiat não espera nenhuma reação grandiloquente do mercado. A expectativa é manter a média dos oito primeiros meses do ano, de três mil emplacamentos mensais. Não perder em momentos de queda generalizada já é uma vantagem.

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