Janaína chora e pede desculpas a Dilma por sofrimento com impeachment


Por Agência Estado

30/08/2016 às 18h02

Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Brasília – Uma das autoras do pedido de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, a advogada Janaína Paschoal chorou e pediu desculpas à petista durante discurso no Senado Federal na sessão de julgamento final do impeachment desta terça-feira, 30. “Finalizo pedindo desculpas à senhora presidente. Não por ter feito o que fiz, mas por eu ter lhe causado sofrimento. Mas sei que a situação que está vivendo não é fácil. Muito embora não fosse meu objetivo, causei sofrimento”, afirmou a advogada.

Janaína pediu que Dilma entendesse o que ela fez. “Peço que ela um dia entenda que eu fiz isso também pensando nos netos dela”, afirmou a advogada, que, mais cedo, tinha reconhecido é que “muito difícil” apresentar um pedido de impeachment contra uma mulher. A fala de Janaína ocorre um dia após Dilma ir pessoalmente ao plenário do Senado prestar depoimento. Em sua fala, a petista afirmou que não há base legal para pedir sua saída da presidência e se disse vítima de um “golpe” parlamentar.

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A advogada de acusação atribuiu “a Deus” a composição do processo e disse que a defesa alega que é vítima de vários golpes. “Se tem alguém fazendo algum tipo de composição nesse processo, é Deus”, disse. Para ela, foi Deus quem conferiu coragem para que as pessoas envolvidas levantassem e fizessem “alguma coisa a respeito”.

A advogada de acusação rebateu argumentos da presidente afastada, Dilma Rousseff, durante o processo de impeachment, em sessão do julgamento no Senado. Segundo ela, a alegação de que a legislação que estão usando como base para o processo é arcaica, não é verdadeira. “São falaciosos que estamos aplicando à Dilma uma lei velha e arcaica”, disse numa referencia à Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), de 2000. Ainda segundo ela, a diferença entre a criação da lei e hoje é que “os valores, a audácia e fraude são muito maiores” hoje.

Delações premiadas

Janaína falou também em defesa das delações premiadas, inclusive pediu que elas fossem anexadas ao processo de impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff, e que o Senado está julgando. “Sempre foi possível e necessário trazer para este processo todas as delações (Delcício do Amaral, Nestor Ceveró e Mônica Moura)”, defendeu.

Numa crítica à defesa de Dilma, que é feita pelo ex-ministro da Defesa e ex-advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, Janaína afirmou que a “defesa tem esse costume: só querem trazer o que lhes interessa”. “Que venham as gravações, inclusive aquela de que se o Marcelo Odebrecht fizer delação, funcionará como uma flecha no peito da presidente”, pediu.

Eduardo Cunha

Em mais um ataque ao ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e reafirmando que ele não ajudou na elaboração do pedido de impeachment, ela afirmou que “isso tudo (delações) está fora do processo, mas é por uma decisão do deputado Eduardo cunha”. “Senadores não podem votar fora da nossa realidade”, afirmou.

Otávio Ladeira

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A advogada de acusação, Janaína Paschoal, citou o funcionário e ex-secretário do Tesouro Nacional, Otávio Ladeira, em sua fala durante o julgamento do processo de impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff. Segundo ela, Ladeira foi trazido pela defesa e confirmou que, desde 2013, os técnicos do Tesouro estão tentando reverter “essa situação fraudulenta que nos levou ao caos”.

Ela lembrou ainda uma reunião em 2013 organizada por técnicos do órgão com o então secretário do Tesouro, Arno Augustin, próximo à Dilma, em que os funcionários expuseram a ele que, se continuasse daquela forma teriam várias implicações jurídicas. “Eles disseram que seríamos rebaixados por agências internacionais”, argumentou.

Janaína defendeu também a manutenção do formato de acompanhamento do Orçamento através da Junta Orçamentária. “É necessário que o acompanhamento da meta seja frequente”, disse. Em referencia à defesa apresentada na segunda-feira por Dilma, Janaína reconheceu que foi um ato de respeito, mas afirmou que não é honesto “falar ao povo que há dinheiro, sendo que não é verdade”.

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