Yes, nós somos brasileiros!


Por Daniela Arbex

22/08/2016 às 17h43

Confesso que tinha muitas desconfianças em relação às Olimpíadas no Brasil por questões óbvias: como um país endividado, mergulhado em corrupção e completamente desigual poderia sediar um evento internacional que exigiria tantos investimentos? Não tínhamos caixa e nem clima para isso. Mas a impecável abertura da festa, no Rio, em pleno Maracanã, um dos símbolos nacionais, despertou em nós o orgulho de sermos o país sede dos jogos, mesmo diante das sucessivas gafes do prefeito Eduardo Paes e seus desejos ocultos de importar cangurus para a Vila Olímpica.

De lá para cá, viramos o palco do mundo, com o Rio sendo transformado em uma grande tenda da vida. Mesmo sabendo que muito do que exibimos foi fabricado para ser vendido ao estrangeiro, tem sido emocionante ver gente de todo o planeta desfilando pelas ruas da Cidade Maravilhosa, em especial o Boulevard da Zona Portuária.

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Mas nossa brasilidade não agradou a todos, a começar pelo francês Renaud Lavillenie que, ao perder para Thiago Braz o ouro no salto com vara, não conseguiu conter a frustração de cair do Olimpo diante de um oponente que ele considerava inferior. Lavillenie deu ao mundo uma grande lição: quem não sabe perder, não merece ganhar.

Do alto do seu orgulho, ou melhor, da sua queda, o esportista subiu ao pódio e chorou como um menino mimado que não se conformou ao ver o “seu” ouro estampado no peito do paulista Thiago. Enquanto o novo campeão olímpico pedia ao público para aplaudir o francês, Lavillenie declarava à imprensa do seu país que o povo brasileiro era um “povo de merda”. Nunca vi nada tão antidesportivo.

Em compensação, o técnico José Roberto Guimarães, da equipe de vôlei feminino, ensinou ao neto Felipe, de 6 anos, e, por tabela, ao Brasil inteiro, que um bom vencedor é aquele que respeita a derrota. Ao ser abraçado pelo menino que chorava no jogo em que a China venceu a Seleção Brasileira, o técnico explicou que na vida nem todos os momentos são de vitória. Naquela noite tão dura aos olhos de um menino, Zé Roberto marcou o ponto da sua vida: tornou-se exemplo para milhares de pessoas.

E se a eliminação das meninas do futebol doeu nelas e na gente, nada foi mais bola fora do que a farsa montada pelos nadadores da equipe norte-americana sobre o assalto no Rio que jamais aconteceu. Certos de que tudo acabaria em samba, os rapazes da terra do Tio Sam não hesitaram em manchar o nome de um país para se safarem de seus imbróglios. Os bonitões, que urinaram nas paredes do banheiro de um posto de gasolina, trataram o Brasil como República das Bananas, mas acabaram surpreendidos pela capacidade de investigação da polícia. Pelo Twitter, Ryan Lochte se desculpou por seu “mau comportamento”.

Quando o restante da equipe for liberada para voltar aos Estados Unidos, os nadadores americanos terão descoberto que não sabiam nada sobre a gente. Yes, nós somos brasileiros!

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