Pichações voltam a se alastrar na região Central
Nem os muros da Catedral Metropolitana foram poupados. Os imóveis de uma das principais vias da cidade, a Rua Santo Antônio, estão tomados por pichações, mais uma vez. Além disso, ruas paralelas, bem como diversos outros pontos da região central, ganharam novos rabiscos e assinaturas recentemente. A Tribuna percorreu o trecho nesta semana e constatou a proliferação da ação dos pichadores. Segundo a Polícia Militar, as câmeras do “Olho Vivo” já chegaram a identificar autores, que foram detidos. Entretanto, as polícias revelam a necessidade da denúncia de moradores e testemunhas, para facilitar a identificação dos suspeitos.
Desta vez, as pichações concentram-se mais na Santo Antônio, entre a Avenida Itamar Franco e o Fórum da Cultura. Este trecho possui cerca de 23 prédios e casas, entre estruturas novas e mais antigas. Deste total, 22 estão pichados e nem orelhões e lixeiras escaparam da ação. O único que se safou foi um imóvel na esquina com a Rua Rei Alberto, cuja pintura foi finalizada nos últimos dias. Dentre eles está a mais tradicional igreja da cidade, que está passando por um processo de reforma. A parede de fundos da unidade, que acabou de receber a primeira mão da tintura, foi pichada. O monsenhor Luiz Carlos de Paula, pároco da Catedral, vê a atitude como reflexo da falta de formação e educação de alguns jovens. “Todos os lugares precisam ser respeitados, mas a preservação de um templo, seja ele de qualquer religião, é algo que aprendemos desde criança.”
Perto dali, um prédio ainda em construção na esquina com a Rua Carlota Malta e os muros da unidade que abriga o Grupo Central, também foram alvo da ação dos vândalos. Ruas paralelas e próximas, como Rei Alberto, Oscar Vidal, Fernando Lobo, Constantino Paleta, Benjamin Constant, Luiz Perry, Halfeld e Avenida Olegário Maciel, também possuem dezenas de rabiscos. Além disso, o monumento em homenagem ao Coronel Francisco Halfeld, que fica no Parque Halfeld, em frente à Igreja São Sebastião, também está desenhado. Já na Rua Halfeld, os muros do Colégio Academia também estão recheados de pichações.
Ao longo de todo o ano passado, a Tribuna mostrou a sequência de novas pichações que surgiam na cidade. Na época, a Polícia Civil realizou investigações e chegou até alguns suspeitos. No mesmo período, a Câmara Municipal manifestou interesse em elaborar propostas de inserção destes delinquentes, como forma de diminuir os abusos. Entretanto, de lá pra cá, pouco foi feito e as manifestações se intensificaram, provocando indignação e revolta.
TJ condena 3 por formação de quadrilha
De acordo com a titular da 7ª Delegacia, Ione Barbosa, a Polícia Civil tem conhecimento das pichações na cidade, mas não recebeu novas denúncias sobre as manifestações identificadas pela Tribuna. “Não tivemos apurações recentes sobre isto. O ideal nestes casos é acionar a Polícia Militar e dar o flagrante em algum infrator, para assim poder identificar os demais.” Segundo a delegada, as polícias contam com a colaboração da população, que pode denunciar caso presencie a pichação. “Orientamos que as pessoas nos procurem aqui na delegacia, ou chamem a PM. Apesar do receio de alguns moradores, ressaltamos a manutenção do sigilo.”
Em agosto, quatro adolescentes, com idades entre 16 e 17 anos foram apreendidos depois de serem pegos pelas lentes do “Olho Vivo” promovendo pichações em vias da região central. Conforme o assessor organizacional da Polícia Militar, major Edmar Pires, “as imagens têm nos auxiliado pois conseguimos enviar os militares de imediato para atender a ocorrência e assim efetuar o flagrante.” Ele também chama a atenção para a importância da denúncia, que pode ser feita por meio do 190 (em casos quando o crime está acontecendo naquele momento) ou por meio do 181 (para denúncias posteriores).
Na internet
Nesta semana, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) manteve a condenação de três jovens acusados de integrar uma gangue de pichadores que, desde 2008, danificou diversos monumentos e edifícios públicos e particulares em Belo Horizonte. O grupo usava a internet para divulgar suas ações e para decidir novas áreas de ataque. O Ministério Público (MP) ofereceu denúncia contra os rapazes porque eles formavam uma quadrilha que praticava crimes contra o patrimônio. Um agente da Polícia Civil, infiltrado nas redes sociais dos pichadores, apurou que eles “assinavam” com codinomes os prédios que vandalizavam. Um homem de 29 anos foi condenado a cumprir dois anos de reclusão em regime aberto e 20 dias-multa; já outro, de 31 anos, teve como pena dois anos e oito meses em semiaberto e 28 dias-multa; por fim, um envolvido de 30 anos teve a condenação de dois anos e seis meses em semiaberto e 25 dias-multa.