Pichações voltam a se alastrar na região Central


Por Nathália Carvalho

07/12/2014 às 07h00- Atualizada 20/01/2015 às 15h52

Pichações começam logo na esquina da Itamar Franco e se prolongam por toda a Santo Antônio

Pichações começam logo na esquina da Itamar Franco e se prolongam por toda a Santo Antônio

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Nem a Catedral  foi poupada

Nem a Catedral foi poupada

O monumento em homenagem ao Coronel Francisco Halfeld, no Parque Halfeld

O monumento em homenagem ao Coronel Francisco Halfeld, no Parque Halfeld

Prédio na esquina da Benjamin Constant

Prédio na esquina da Benjamin Constant

Nem os muros da Catedral Metropolitana foram poupados. Os imóveis de uma das principais vias da cidade, a Rua Santo Antônio, estão tomados por pichações, mais uma vez. Além disso, ruas paralelas, bem como diversos outros pontos da região central, ganharam novos rabiscos e assinaturas recentemente. A Tribuna percorreu o trecho nesta semana e constatou a proliferação da ação dos pichadores. Segundo a Polícia Militar, as câmeras do “Olho Vivo” já chegaram a identificar autores, que foram detidos. Entretanto, as polícias revelam a necessidade da denúncia de moradores e testemunhas, para facilitar a identificação dos suspeitos.

Desta vez, as pichações concentram-se mais na Santo Antônio, entre a Avenida Itamar Franco e o Fórum da Cultura. Este trecho possui cerca de 23 prédios e casas, entre estruturas novas e mais antigas. Deste total, 22 estão pichados e nem orelhões e lixeiras escaparam da ação. O único que se safou foi um imóvel na esquina com a Rua Rei Alberto, cuja pintura foi finalizada nos últimos dias. Dentre eles está a mais tradicional igreja da cidade, que está passando por um processo de reforma. A parede de fundos da unidade, que acabou de receber a primeira mão da tintura, foi pichada. O monsenhor Luiz Carlos de Paula, pároco da Catedral, vê a atitude como reflexo da falta de formação e educação de alguns jovens. “Todos os lugares precisam ser respeitados, mas a preservação de um templo, seja ele de qualquer religião, é algo que aprendemos desde criança.”

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Perto dali, um prédio ainda em construção na esquina com a Rua Carlota Malta e os muros da unidade que abriga o Grupo Central, também foram alvo da ação dos vândalos. Ruas paralelas e próximas, como Rei Alberto, Oscar Vidal, Fernando Lobo, Constantino Paleta, Benjamin Constant, Luiz Perry, Halfeld e Avenida Olegário Maciel, também possuem dezenas de rabiscos. Além disso, o monumento em homenagem ao Coronel Francisco Halfeld, que fica no Parque Halfeld, em frente à Igreja São Sebastião, também está desenhado. Já na Rua Halfeld, os muros do Colégio Academia também estão recheados de pichações.

Ao longo de todo o ano passado, a Tribuna mostrou a sequência de novas pichações que surgiam na cidade. Na época, a Polícia Civil realizou investigações e chegou até alguns suspeitos. No mesmo período, a Câmara Municipal manifestou interesse em elaborar propostas de inserção destes delinquentes, como forma de diminuir os abusos. Entretanto, de lá pra cá, pouco foi feito e as manifestações se intensificaram, provocando indignação e revolta.

TJ condena 3 por formação de quadrilha

De acordo com a titular da 7ª Delegacia, Ione Barbosa, a Polícia Civil tem conhecimento das pichações na cidade, mas não recebeu novas denúncias sobre as manifestações identificadas pela Tribuna. “Não tivemos apurações recentes sobre isto. O ideal nestes casos é acionar a Polícia Militar e dar o flagrante em algum infrator, para assim poder identificar os demais.” Segundo a delegada, as polícias contam com a colaboração da população, que pode denunciar caso presencie a pichação. “Orientamos que as pessoas nos procurem aqui na delegacia, ou chamem a PM. Apesar do receio de alguns moradores, ressaltamos a manutenção do sigilo.”

Em agosto, quatro adolescentes, com idades entre 16 e 17 anos foram apreendidos depois de serem pegos pelas lentes do “Olho Vivo” promovendo pichações em vias da região central. Conforme o assessor organizacional da Polícia Militar, major Edmar Pires, “as imagens têm nos auxiliado pois conseguimos enviar os militares de imediato para atender a ocorrência e assim efetuar o flagrante.” Ele também chama a atenção para a importância da denúncia, que pode ser feita por meio do 190 (em casos quando o crime está acontecendo naquele momento) ou por meio do 181 (para denúncias posteriores).

Na internet

Nesta semana, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) manteve a condenação de três jovens acusados de integrar uma gangue de pichadores que, desde 2008, danificou diversos monumentos e edifícios públicos e particulares em Belo Horizonte. O grupo usava a internet para divulgar suas ações e para decidir novas áreas de ataque. O Ministério Público (MP) ofereceu denúncia contra os rapazes porque eles formavam uma quadrilha que praticava crimes contra o patrimônio. Um agente da Polícia Civil, infiltrado nas redes sociais dos pichadores, apurou que eles “assinavam” com codinomes os prédios que vandalizavam. Um homem de 29 anos foi condenado a cumprir dois anos de reclusão em regime aberto e 20 dias-multa; já outro, de 31 anos, teve como pena dois anos e oito meses em semiaberto e 28 dias-multa; por fim, um envolvido de 30 anos teve a condenação de dois anos e seis meses em semiaberto e 25 dias-multa.

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