Para cada ação, uma reação

Por Conjuntura e Mercados Consultoria Jr.

21/06/2016 às 10h00 - Atualizada 20/06/2016 às 15h59

Já dizia a terceira lei de Newton, para cada ação existe uma reação. Nada mais fácil de ser verificado no mercado financeiro, que opera sistematicamente sob um grande volume de informações e (sobre-)reações. Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset Management, afirmou recentemente que o mercado brasileiro vem operando pela força de boatos, corroborando uma velha máxima dos analistas, segundo a qual o mercado reage ao boato e ‘realiza’ (gera ganhos ou perdas) quando ocorre a divulgação do fato.

O problema disso é que, com a economia em crise e a indefinição política, fatos e fundamentos ficam cada vez mais apagados ou esquecidos, debaixo da avalanche de notícias e suspeitas diárias. Quando o mercado opera quase que exclusivamente via boatos e descolado dos fundamentos (estratégias e números gerados pelas empresas emissoras das ações), estratégias de curto prazo, baseadas em movimentos recentes, com eventuais correções de perdas e ganhos (sobre-reações) ganham força, gerando volatilidade, que também é combustível para mais perdas e ganhos.

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Nesse contexto de alta volatilidade, o mercado vem reagindo às oscilações da previsão da inflação (IPCA), recentemente atualizada de 7,06% para 7,12%, à expectativa de retração do PIB, em 3,86%, ao panorama do mercado internacional, que deriva ao sabor de notícias sobre o mercado de trabalho americano e da alta (ou não) das atualmente irrisórias taxas de juros pelo Federal Reserve (FED) nos Estados Unidos ou à estacionada economia chinesa, que afeta os preços das commodities.

O mercado também ainda reage às notícias sobre a política e escândalos locais, de forma que incertezas relacionadas à idoneidade dos representantes eleitos e a grandes empresários corruptores e corrompidos ganham mais importância para a Bolsa que as estratégias bem sucedidas de CEOs e gestores honestos das grandes companhias brasileiras. Uma situação claramente insustentável no longo prazo.

Em meio a tantas distorções, cabe a nós destacar algumas empresas que, ignorando toda a tormenta, mantêm seus fundamentos e seu valor na Bolsa. Bem como aquelas que, a despeito de suas estratégias operacionais e dos esforços de seus gestores, sofrem com a proximidade com o Governo. Nesse último grupo, as empresas estatais são, desde sempre, as mais afetadas pelos desmandos políticos. Os exemplos mais dolorosos incluem Petrobras (PETR4), Banco do Brasil (BBAS3), Cemig (CMIG4), Copel (CPLE6), Cesp (CESP6), com variações percentuais acumuladas em 12 meses negativas em 31,07%, 18,07%, 55,97%, 21,41% e 41,51% respectivamente.

A gigante Petrobras viu todos os seus fundamentos perderem valor ante escândalos de corrupção na cúpula da empresa, distorção de seus preços e, em menor grau, à desvalorização do preço do barril do petróleo. As empresas de energia sofrem com os desmandos em seus reajustes regulados de preço e, no caso de Cemig e Eletrobras, com problemas na Bolsa americana derivados também da corrupção, que culminaram na não entrega dos balanços de 2015 ao órgão regulador americano (SEC).

No contra fluxo, algumas empresas parecem fazer jus ao ditado “em grandes crises se fazem grandes oportunidades”. Nesse grupo, estão empresas que conseguem se tornar mais competitivas com o aumento do dólar ou com a queda do preço do barril do petróleo e companhias que, em meio à pressão inflacionária, conseguem ajustar suas estratégias a fim de manterem posição no mercado. Como exemplo, destacam-se Raia Drogasil (RADL3), Marfrig (MRFG3), Braskem (BRKM5) e Americanas (LAME4), com variações acumuladas em 12 meses positivas em 68,55%, 55,38%, 54,50% e 10,65% respectivamente. Empresas que, reagindo e adaptando-se aos efeitos adversos da crise, tornam-se mais competitivas tanto no Brasil como no exterior.
As melhores reações pertencem às melhores ações. Newton sabia tudo.

Por Fernanda Perobelli, Bruno Perry, Idala Alves, Vinícius Farnezi. Email para cmcjr.ufjf@gmail.com

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Luciane Faquini

Luciane Faquini

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