‘Dia de magia’ em JF


Por Gracielle Nocelli

01/06/2016 às 07h00

BEM JFCom rotinas cada vez mais corridas e atribuladas, ter tempo tornou-se raro. É cada vez mais comum as pessoas adiarem planos por causa da falta de horários. O que dizer, então, sobre dedicar esta “raridade” a outra pessoa? Parece quase impossível. Quase, porque foi essa proposta que uniu um grupo de cinco jovens e atraiu mais de 150 voluntários em Juiz de Fora para o projeto Dia de Magia. Criada em março de 2015, a iniciativa já passou por 13 instituições, levando afeto, diversão e atenção para mais de mil pessoas em situação de vulnerabilidade. Idealizadora do projeto, a jornalista Ana Carolina Dangelo, 26 anos, explica que a proposta do trabalho vai além de oferecer assistência básica. “Nossa ideia é dedicar tempo a estas pessoas e transformar aquele dia de visita em um momento realmente mágico. Analisamos o perfil das instituições e dos assistidos para que possamos arrecadar doações de itens que eles precisam, como alimentos, material de higiene, brinquedos e roupas. Mas queremos mais do que isso, queremos que eles se sintam acolhidos.” Para isso, o grupo promove uma série de atividades de acordo com o perfil de cada público. “Nós vamos adaptando o trabalho. Com as crianças, fazemos salão de beleza, pintura de rosto, artesanato, teatro e brincadeiras variadas. Para os adolescentes, acrescentamos os desfiles. Nas visitas aos idosos, temos baile, grupos de conversa, mural temático, bingo”, conta a publicitária Jussara Mendonça, 25 anos, que integra o grupo de coordenadores do Dia de Magia. Dentre os anseios do grupo estava a autorização para expandir o projeto para hospitais da cidade, o que aconteceu com a recente parceria com a Ascomcer. “Faremos visitas aos pacientes acamados e da quimioterapia com apresentações musicais e distribuição de mensagens de incentivo à luta contra o câncer”, adianta Ana Carolina.

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A coordenadora Jussara Mendonça em visita ao Abrigo Santa Helena (Foto: Camila Ruffato)

Ouvir é o melhor remédio

Uma das ações realizadas pelo grupo que mais despertaram a emoção dos voluntários foi direcionada aos moradores de rua. Na ocasião, foram feitos cortes de cabelo e barba, entrega de marmitex, roupas e kits de higiene. Os participantes também se dedicaram a ouvir as histórias destas pessoas. “É uma situação muito comovente, pois eles estão acostumados a não serem vistos pela sociedade. Muitos estão ali por conta do vício em drogas, estão conscientes disso, mas não conseguem largar”, relata Ana Carolina. “Alguns nos disseram que aproveitariam o novo visual para tirar documentos, pois não tinham condição para isso até então.” Segundo ela, é este tipo de retorno que faz cada momento dedicado ao projeto valer a pena. “Sentir que você contribuiu de alguma forma, que melhorou um pouco que seja a vida de outra pessoa é transformador. É essa a experiência que eu sinto e que os outros participantes também contam sentir. ” Para Ana Carolina, um dos momentos mais marcantes durante o projeto foi quando após uma visita, um menino de oito anos abraçou os voluntários sorrindo e a responsável pelo local agradeceu a alegria proporcionada a ele. “Ela, então, nos disse que aquele garotinho estava tendo um dia muito difícil, pois havia acabado de perder o pai assassinado. Se conseguimos levar um pouquinho de conforto para ele, nosso trabalho valeu a pena.” Para Jussara, a visita feita em um abrigo de idosos foi emocionante e motivadora. “São muitos os relatos de abandono e solidão, que mexem com a gente. Muitos ali não recebem visita, por isso oferecer carinho e atenção trouxe um sentimento de gratidão incrível. É essa a sensação que nos motiva a continuar, a encontrar tempo em meio à correria do dia a dia.”

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Parte da equipe, que já conta com mais de 150 voluntários, em ação com moradores de rua no Centro (Foto: Camila Rafato)

Você pode fazer parte

Para a realização das visitas, os coordenadores fazem uma reunião prévia com os responsáveis pelas instituições para conhecer o público assistido, a rotina que vivem e as instalações do local para definir o número de pessoas que irá participar da ação. Eles planejam as atividades que serão feitas e recrutam os voluntários que manifestarem interesse. As instituições interessadas em receber visitas e as pessoas interessadas em participar como voluntários podem entrar em contato pelo Facebook Dia de Magia ou pelo e-mail projetodiademagia@gmail.com. De acordo com a coordenação, a partir de junho, o número de visitas irá aumentar de uma para duas por mês.

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