Toyota Etios para agradar o consumidor
A Toyota ouviu os consumidores e a imprensa especializada e elegeu uma lista de 15 aspectos que deveriam ser mudados na família de compactos Etios. As críticas ao carro iam da pobreza dos materiais de acabamento a conceito do painel. Ano a ano, desde 2014, a montadora japonesa foi modificando os itens um a um, até desembocar na linha 2017 com todas as reclamações respondidas, caso da oferta de transmissão automática e do aumento perto de 10% na potência dos motores. Só que a parte estética ficou fora da tal lista. O Etios se manteve basicamente igual ao modelo lançado em 2012. Para dizer que mudou alguma coisa, as rodas e calotas têm novo desenho e o tipo de antena de rádio foi trocado nos modelos que chegam às concessionárias a partir de 28 de abril.
Há bons motivos para esse descasamento na renovação de forma e conteúdo. O primeiro deles a lógica de que o bem se faz aos poucos. Se a entrada da transmissão automática já deve animar as vendas, como prevê a Toyota, melhor guardar o trunfo de um face-lift para o futuro – provavelmente na linha 2018. A segunda razão é que as mudanças promovidas agora já forçaram um reajuste na tabela para recompor a margem de lucro. A grosso modo, o acréscimo no preço foi de 5%. Os preços iam de R$ 41.890 para o Etios X 1.3 hatch, o básico, até R$ 54.290 do Etios XLS 1.5 sedã, o top. Agora vão de R$ 43.990 a R$ 56.795. O Etios Cross 1.5 passou de R$ 54.790 para R$ 57.395. O câmbio automático de quatro velocidades, disponível para todos os modelos e versões, acrescenta sempre R$ 3.500.
As melhorias, de fato, foram significativas. Caso do câmbio manual, que ganhou a sexta marcha. Os motores deixaram de ser importados e agora são construídos em Porto Feliz, São Paulo. E, na mudança de endereço, foram modernizados. Para começar, ganharam duplo comando de válvulas variável na admissão e no escape. O comando também ganhou balancins roletados no lugar dos antigos tuchos hidráulicos e o cabeçote foi redesenhado, o que elevou a taxa de compressão de 12,1:1 para 13:1. Todas estas mudanças resultaram em mais potência e torque. O motor 1.3 passou de 84/90cv para 88/98cv, enquanto o 1.5 pulou de 92/96,5cv para 102/107cv com gasolina/etanol. O torque cresceu menos, em média 5%. Agora chega a 12,5/13,1kgfm no motor 1.3 e 14,3/14,7kgfm no 1.5.
Ainda na parte mecânica, foram implementadas outras melhorias. Caso do pré-aquecimento diretamente na flauta de injeção, o que dispensa o tanquinho nas partidas. A direção elétrica e molas e amortecedores foram recalibrados e os batentes da suspensão passam a ser hidráulicos. Outra mudança invisível é a melhoria do isolamento acústico com para-brisas e vidros das portas da frente mais grossos e material fonoabsorvente sob os para-lamas dianteiros.
O interior recebeu uma boa atenção da Toyota. Os materiais já haviam melhorado de aspecto em 2014, quando foram mudados os revestimentos, com a aplicação de plástico em preto brilhante no console central. Agora foi a vez do painel, que passa a ser digital em todas as versões, em uma tela de 4,2 polegadas em TFT. Ela é dividida em duas partes. Do lado esquerdo ficam o velocímetro, mostrador de combustível e os hodômetros digitais. Do lado direito, as informações são configuráveis, entre dois tipos de tacômetro – em barra ou simulando um mostrador analógico -, informações sobre consumo e outros dados do computador de bordo.
Mesmo com o mercado interno em queda, os executivos da marca apostam em um crescimento entre 10 e 12% nas vendas do Etios este ano, em relação a 2015, principalmente por conta da chegada da transmissão automática, que equiparia 40% dos modelos. Nas palavras do otimista Presidente da Toyota para a América Latina e Caribe, Steve St. Angelo, “Diziam que era um carro feito para a Índia. Agora é feito para o Brasil”.
O cálculo é de 68 mil unidades no ano, aproximadamente 6.700 por mês, com um possível aumento da versão três volumes na proporção que vinha se mantendo desde o lançamento, de três hatches vendidos para cada dois sedãs. Mesmo com o anúncio do aumento da exportação, este volume talvez ainda não seja suficiente para que entre em funcionamento a expansão da fábrica de Sorocaba. No início do ano, a Toyota concluiu a ampliação da capacidade de produção de 80 mil para 120 mil. Está tudo prontinho e tem até pessoal já treinado, à espera que o mercado melhore de humor.